sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por que morrer?

Uma senhora, conversando comigo, disse-me algo mais ou menos assim: "houve um tempo em que eu tinha certeza que jamais ficaria velha. Hoje estou com rugas. Minha tia, com 70 anos, anda com medo de morrer. Por que precisamos morrer?"

É claro que meu tempo de tentativa de "evangelizar" ficou num passado distante e eu apenas lhe disse: "houve quem não nascesse. Nós nascemos e, portanto, estamos no lucro. Não está bom?"

Curiosamente muitas pessoas reclamam dessa vida curta e difícil. Mesmo assim querem continuar vivendo muito tempo. Não importa se a vida continuará ruim. Não é curioso o apego humano à vida? Por quê?

A resposta a esta pergunta passa por teístas e ateístas. A realidade: morrer é certeza na vida humana, e o que nos compete é pensar mais ou menos assim: "não adianta sofrer em razão do inevitável. Já que não há como evitar, convém viver, enquanto ainda é possível". O que seria viver? Aí varia de pessoa, para pessoa...

Enéias Teles Borges

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O punhal e as costas

São íntimos, mas não amigos. Eis o relacionamento que existe entre o punhal e as costas. A punhalada pelas costas é um dos grandes símbolos da covardia (isso se não for o maior). No antigo oeste americano covarde era aquele que atirava quando o oponente estava de costas. O clamor, à época, era pelo enforcamento do medroso traiçoeiro.

Hoje, com o advento da “civilização” e a "implementação da Lei", a maneira utilizada para descrever a covardia está contida no relacionamento tenebroso entre o punhal e as costas. A frase “fui apunhalada (ou apunhalado) pelas costas” é o canto que quebranta o espírito ao massacrar a alma. Quem não suportou ainda essa indescritível, penetrante e maldita dor?

A dor lancinante promovida pelo punhal ao adentrar as costas é mais intensa na medida em que mais próximos são o portador do punhal e quem detém as costas. A dor da traição covarde é maior na proporção da suposta amizade que existia entre o dono das costas perfuradas e aquele que se utilizou do punhal. Meus amigos: tal dor faz chegar à boca o sangue com sabor amaro. Quem seria capaz de descrever tamanha injúria? Somente quem sofreu enorme desgraça.

Os centros de “apunhalamento” são surpreendentes. Jamais se poderia esperar que essa grande maldade nascesse e prosperasse, essencialmente, nos lugares que dizem combatê-la, tendo como estandarte uma tão falada “lei moral”.

É aí que reside o efeito demolidor da punhalada nas costas: sua origem e o meio no qual vive e viverá tal origem. É ranço de loucura desmedida que insta em brotar em corpos férteis – sim: aqueles corpos permanentemente robustecidos por adubos sacrílegos! Adubos elaborados e sortidos, industrializados e embalados nos depósitos imensos da falsidade humana...

O sentimento de quem recebe a punhalada nas costas segue numa crescente: primeiro a surpresa, depois a dor e por fim a decepção. Decepção? Sim, quando se é possível identificar de quem veio o golpe mortal...

Aos que conseguirem sobreviver à punhalada, sempre traiçoeira e esquematizada nas tocaias do esgoto, segue um conselho: o punhal tem como objetivo único a promoção da morte. Quem o usa tentará de novo. Busquem e mantenham distância segura ou, pelo menos, usem coletes à prova de covardia...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 10/10/2008-

Seria coerente?

Existe responsabilidade em permitir? Permitir é o mesmo que fazer? Permitir é o mesmo que omitir?

O homem fazia pesquisas nas savanas africanas e viu um filhote de zebra abandonado e, portanto, afastado da manada. O animal estava com a pata quebrada e possivelmente esse tenha sido o motivo do seu isolamento.

Pensou em pegar o filhote e colocar na carroceria do carro e cuidar dele. Depois do tratamento o devolveria ao rebanho.

Pensou também em não interferir na lei da selva e deixá-lo ali mesmo. Por fim não interferiu. Continuou desenvolvendo o seu trabalho.

Não demorou muito tempo e algumas hienas chegaram e devoraram o animal indefeso.

Existe responsabilidade em permitir? Permitir é o mesmo que fazer? Permitir é o mesmo que omitir?

Aquele pesquisador reunia condições para ter interferido na história do filhote? Por que não o fez? Ter respeitado “à lei da selva” foi algo salutar?

Sei que muitos, quando se deparam com casos similares, fazem perguntas: por que a história da humanidade é assim? Poderia ser diferente? A ação do Observador não poderia ter dado rumo diferente evitando o caos? Ter respeitado “à lei moral” foi algo salutar?

Sei que o ateu não presta atenção neste inquietar próprio do criacionista.

Sei, também, que muitos chamam isso de “especulação”. Outros chamam de “coragem” e “exercício da racionalidade humana”. Sei que existem respostas padronizadas que até mesmo os bebês já devem ter ouvido...

Eu pergunto, confiando na sua sinceridade e sabendo que dará (a você mesmo) uma resposta bem ponderada: não acha tudo isso incoerente (ou inconsistente)?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 24/04/2008
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Mais sobre o criador e a criatura...

Eu já teci comentários sobre a frase: “deus existe de uma forma ou de outra, como um ser superior que deu origem às coisas ou como criatura humana, numa tentativa de justificação da vida”.

Eis algo que não cala e daí se poder afirmar sem erro: deus existe! Como criador da humanidade ou criatura humana. Que existe é fato! Como diria um ateu, quando perguntado sobre a existência de deus? “Claro que existe, foi criado pelo homem”. Como diria o religioso? “Claro que existe, ele, inclusive, criou o homem”.

Debate sem fim, esse da fé num ser criador. O criador do homem ou o criador do deus soberano. O criador e a criatura!

Pensam alguns que no passado os homens de grande poder intelectual, conscientes de que a sobrevivência humana só se manteria pela existência de um segredo, criaram essa ficção. A de que deus existe! Aproveitando o senso “espiritual dos que pensam e temem a morte” foi instituída a fé. Essa fé se baseia em algo que não se vê, mas que se mostra “evidente” de outras formas. Essas formas são implementadas de tal maneira que até mesmo os mais letrados, por força da repetição desde a infância, também haveriam de crer. Quem poderia se insurgir contra essa idéia? Quem poderia achar isso banal? Como provar o contrário? Pela fé é possível crer, mas não é possível provar...

Quem não tem medo vai em busca da prova. Quem se sente inseguro pára, pensa e volta a parar... Quem quiser ficar no conforto atual que não use a mente. O pensamento levará à racionalidade - num equilíbrio com a fé. Esse equilíbrio jamais deixará o pensante no mesmo lugar no qual se encontrava antes de parar, pensar e continuar pensando...

O deus criador sempre existirá para os que buscam conforto e apenas o conforto. Ele se tornará turvo para os que buscam a verdade e apenas a verdade. No mínimo o explorador da verdade notará que esse deus não é da forma como foi apresentado às muitas pessoas... Quem teria coragem para viver com isso? Sem dúvida não seria aquele que busca o conforto e apenas o conforto.

Minha admoestação: caso você queira continuar no conforto que lhe foi transmitido e quiser continuar transmitindo esse conforto às próximas gerações pare onde está. Não pense, não estude, não ouça o que alguns têm a dizer...

Caso seja do seu interesse a verdade a qualquer preço eu sugiro que pense, estude e ouça o que alguns têm a dizer...

Você só precisa de algo: coragem! Coragem para continuar com medo ou coragem para enfrentar o medo...

É assim mesmo, bem simples...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 14/09/2008
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O aquecimento global e a religiosidade


Existem três vertentes para o tema "aquecimento global". Antes de nos dirigirmos a elas é importante destacar que a expressão que talvez se mostre mais correta, em substituição a "aquecimento global", seja "mudança climática global". Certo é que não se pode, de forma decisiva, dizer que é um aquecimento generalizado ou uma mudança comum no planeta terra - mas que não tenha ocorrido em tempos modernos.

Vertentes:

1. Afirma que o aquecimento global de fato está ocorrendo. A camada de ozônio está deteriorada em razão de atos deletérios dos homens. O mundo precisa agir! Detalhe: muitos que acreditam em tal aquecimento global têm afirmado que os contrários, a essa teoria, são grupos econômicos que só teriam a perder com a redução de emissões de gases nocivos. Alinham, entre tantas, a indústria automobilística e os que lidam com o carvão.

2. Afirma que o aquecimento global não existe. O que estaria ocorrendo é algo cíclico na terra o que seria algo novo (para a geração atual). Já teria ocorrido outras vezes no passado médio e distante. Detalhe: para os partidários dessa vertente existem grupos econômicos interessados em convencer o mundo de que há um aquecimento global em andamento. Entre os interessados na teoria do aquecimento global estariam grandes grupos financeiros, interessados no enorme lucro que viria da venda dos créditos de carbono.

3. A terceira vertente é religiosa. Notadamente centrada na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD). Ela, através de seus representantes, acredita que as notícias que dão conta do aquecimento global vão mais além do jogo econômico e político. Essencialmente é algo político-religioso e previsto profeticamente. Detalhe: para conhecer mais dessa vertente basta ler os textos sob o título ECOmenismo do blogue Criacionismo.

São três vertentes. Vertentes exludentes, claro. Estando uma correta as outras duas estariam equivocadas.

O que você pensa disso tudo?

Enéias Teles Borges
Postagem: 12/2009
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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Qual a essência do casamento?

Estaríamos errados ao afirmar que na essência do casamento estão contidos: a promessa de amar o outro para sempre? Continuar junto do cônjuge até que a morte promova a separação? Viver para fazer o outro feliz?

Neste mês de maio eu tive o privilégio de fazer a apresentação de um casal. Em outras palavras: fazer a cerimônia de casamento de duas pessoas cristãs, mas que não são da mesma agremiação religiosa. Não é a primeira vez que exerço esse maravilhoso ofício e certamente não será a última. Acontece que as organizações cristãs têm a característica de só oficiar casamento quando os pretendentes são da mesma “fé”, isto é: do mesmo ente proselitista.

No caso em voga não importa o amor entre os noivos, o caráter de cada um, do histórico irrepreensível dos futuros esposos ao longo da vida. Mais importante para as igrejas e seitas é que se esteja sob a mesma praxe doutrinária. E a essência do casamento é menos importante?

Tenho ouvido de algumas pessoas, ao longo dos meus 45 anos de vida, frases mais ou menos assim: “prefiro que meu (minha) filho (filha) fique solteiro (solteira) a casar com alguém que não seja da minha igreja...” Notem que a preferência principal não é pela felicidade, pela consolidação do amor, mas pela junção de pessoas que pertençam ao mesmo ente dogmático.

Não condeno tal atitude, mas faço ressalvas. Até ouso perguntar: o que você prefere para um querido seu, um casamento com alguém da sua igreja, num primeiro plano, ou que esse seu amado se case com alguém de boa índole? É lógico que a resposta não pode ser: “prefiro as duas coisas”! E quem não prefere?

Ocorre, meus amigos, que a estatística está aí para comprovar que nas igrejas cristãs o número de mulheres está superando ao de homens. De sorte que será impossível que todas as excelentes donzelas se casem com pessoas da mesma profissão de fé.

É hora de preparar instrutores para curso de “descasados” (solteirões, viúvos e similares). Curso para casados (nesse contexto) é moleza!

Outro curso fundamental: “como ser solteirona no século XXI”?

Adianta essa conversa de que Deus proverá? Proverá forças para que a donzela consiga viver só? Convém esperar que o mesmo Deus que multiplicou os pães e peixes multiplique homens bons para todas as mulheres solteiras?

Outro detalhe que tem sido deixado ao largo: como uma mãe que está casada, teve lua-de-mel e uma boa vida conjugal, terá experiência (e coerência) para dizer para a filha: “é melhor ficar solteira do que casar com alguém de outra igreja?”

E se a filha perguntar: “mãe, como é ser solteirona?”. É fácil preferir algo para uma filha sem se colocar no lugar dela...

Faço um convite à reflexão: qual a essência do casamento para você? O casamento com pessoas da mesma instituição é garantia de sucesso? Casamento entre pessoas cristãs, mas de grupos diferentes, é certeza de infelicidade?

Tenho a convicção de que o casal que apresentei, numa linda cerimônia de casamento, tem todos os ingredientes para ser feliz. Especialmente porque o amor foi colocado acima do “instituto proselitista da fé ortodoxa”.

Quando o amor mútuo se põe em evidência, coisas de menor importância saem de cena. Pessoas que se amam com certeza caminharão juntas rumo à convergência, inclusive a da fé. Essa convergência não significa que um passará a adotar a fé do outro. Poderá ser que essa convergência seja a aceitação e respeito às concepções religiosas que cada um tenha...

Por hora eu continuarei exercendo esse privilégio, caso seja convidado, de fazer outros cerimoniais. É fundamental que os noivos tenham em mente a essência do casamento e estejam dispostos a amar um ao outro, a despeito das diferentes formas de exercer o livre arbítrio religioso.

Nota: importante que não pairem dúvidas! Notem que o texto está preso a casamento de cristão com cristão. Exemplificando: batista com metodista, adventista com presbiteriano, etc. As igrejas, em geral, só fazem o casamento se os dois forem rigorosamente da mesma denominação.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 26/05/2008
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Omissão: comportamento asqueroso

A mulher voltou mais cedo, entrou no quarto e viu, para a sua decepção, seu marido aos beijos e abraços com outra. Era uma conhecida sua e de longa data. Desesperou-se e pensou em agir de forma violenta. Ponderou um pouco e saiu de perto. Em outro ambiente da casa se pôs a pensar. O quanto ganharia e o quanto perderia no episódio denunciando-o ou ignorando-o? Afinal seu companheiro era muito respeitado no meio e ela, como esposa dele, também era tida como referência social.

Depois de longa reflexão concluiu que o melhor seria ignorar. Romper com o relacionamento significaria perder a forma de vida que levava. E os filhos, como fazer? Como tirá-los daquele modo de viver que tanto gostavam? Precisava fazer uma opção. Pesou na balança e resolveu se omitir.

Retirou-se sem fazer barulho. Esperou a amante do esposo sair e voltou para casa. Ele estava tomando banho. Aguardou e quando ele saiu do banheiro beijou-o como se nada tivesse acontecido e perguntou: “o que quer para o jantar”? Ele respondeu: “qualquer coisa, gosto do que você faz”.

Conveniência, a palavra do momento. Engolir sapo, a expressão da hora. Sorrir para não chorar. Fingir que não vê, para não ter que agir...

Essa falta de ação, inércia ou passividade está campeando a sociedade. Invadiu a família, insurgiu-se contra a moral. Omissão, quem gosta dela e quem a detesta? Quem a repudia e quem a pratica?

Costumo dizer que o omisso é mais deletério do que o ativo. Aquele que age, que pratica, que atua, pelo menos se torna visível. O omisso é invisível e enganador. É sutil. O omisso esconde-se atrás de atos bons e deixa de agir, quando se sente em perigo. É comum a frase do omisso: “eu nunca fiz isso ou aquilo, vejam minha vida...”. A questão não é essa! O problema não está naquilo que o omisso fez, mas naquilo que deixou de fazer, levando outros ao descaminho ou ao prejuízo.

O omisso age com inteligência, quando convém é claro. Diz que não gosta de se meter na vida dos outros. Não é a isso que me refiro. Reporto-me aos atos, que se evitados, corroborariam para o bem da coletividade. O omisso desconsidera essa possibilidade e pensa em si. A pergunta que faz é: “o que ganho ou o que perco?” Em caso de certeza de ganho ele age. Em caso de dúvida ele recua, sem medir as conseqüências promovidas por sua inércia.

Considero o omisso um câncer social.

A omissão, por fim, chegou ao suposto reduto da moralidade: a religião. As igrejas conseguem ter o maior número de omissos por metro quadrado! São imbatíveis! É interessante observar as pessoas com aquelas “caras de santo de pau oco” nas igrejas, elevando preces e cantando louvores. Ao mesmo tempo, qual aquela mulher traída, fingem não ver a podridão reinante no contexto no qual estão.

A pessoa, numa reflexão maldita põe-se a perguntar: “o que ganho ou perco agindo ou ignorando?” “E minha condição social e minha família?” “O que pode acontecer?” “Colocar em risco isso aqui? Nem pensar!”

Por fim conclui: “vou ficar no meu canto, afinal tenho sido um bom exemplo e não faço essas coisas”. “Comporto-me bem...”

As leis humanas dizem, em palavras coloquiais, o seguinte: “aquele que por ação ou omissão... será julgado conforme legislação...” Notem que a ação e omissão têm o mesmo peso!

E perante Deus? Será que aquele que deixa de tomar atitudes que poderiam inibir o mal não é tão culpado quanto aquele que pratica o delito?

São situações como essa que fazem a pessoa migrar da decepção para a revolta. É decepcionante ver alguém errar uma vez. É revoltante ver a repetição sistemática do erro. Principalmente esse erro maldito! A omissão asquerosa!

O que podemos fazer? Simples: basta apenas não fazer parte do grupo dos omissos. Primeiro buscar fazer o que é certo – simplesmente porque é certo. Não ser omisso faz parte dessa virtuosidade.

Enéias Teles Borges
Publicação original: 09/06/2008
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Um poema para o omisso

A vida fica menos tensa quando embalada por poesia. Fiz um poema e o dediquei ao omisso. Não me preocupei com a métrica, não me atentei para a rima. Pensei apenas no sentido.

SEI QUE NÃO VI...

Eu não quero ver, virarei o rosto.
Virei o rosto, não vi, mas sei que há.
Sei que há, mas ninguém me culpará!
Direi que não sei, direi que não vi.

Como não vi, não sou obrigado a saber.
Não sei, como alguém me intimará?
Sendo intimado eu direi que não sei.
Não sei! Sei que não sei! Nem olhei...

Não olhei e fico tranqüilo.
Ninguém poderá dizer que eu vi.
Ninguém poderá me culpar.
Ninguém dirá que me omiti.

Como posso ter me omitido? Eu não vi!
Se não vi, como posso saber?
Se não sei quem me culpará?
Eu não sei, pois sei que não vi.

Eu não quis ver, virei o rosto.
Virei o rosto, não vi, mas aconteceu...
Sei que houve, mas ninguém me culpará!
Pois eu não vi, virei o rosto, não vi.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 10/06/2008
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Pergunte ao ateu

O criacionista chegou perto do ateu e perguntou: "por que não acredita em deus?" O ateu prontamente respondeu: "como posso acreditar, sabendo que ele não existe?"

Notaram como perguntas e afirmações podem vir formuladas de forma equivocada? Muitos insistem em dizer que o ateu não acredita em deus. Mas como ele poderia acreditar em deus se não acredita em sua existência? É possível acreditar em algo quando se tem convicção de que "esse algo" não existe? Como o ateu poderia acreditar em deus tendo convicção da sua inexistência?

A pergunta correta seria: "por que você não acredita na existência de deus"? Se ele não crê na existência de um ser, como ele poderia crer nele?

Pergunte ao ateu, quem sabe ele responderá, mas faça a pergunta corretamente. Afirme algo ao ateu, quem sabe ele ouvirá, mas afirme de forma correta.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 22/08/2009
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Faxina na própria casa...

Mais uma vez eu me sirvo de uma postagem do blog “leite com manga faz mal”, do erudito Carlos H. Barth. Ao ler o texto (link a seguir) eu notei, mais uma vez, que não estamos sozinhos nessa (nossa) vida de investigação, julgamento e condenação, tudo promovido pelos muitos moradores das caixinhas de porcelana. Quero alinhavar pouco e deixar o texto para deleite dos amigos leitores. Recomendo a leitura de forma reflexiva. Convido à análise do caminho percorrido até chegar à conclusão de que existe uma necessidade de fazer a faxina na própria casa. Notem que estamos num campo ideológico interessante...

Basta seguir: “Pequena mensagem aos cristãos do Brasil (alguns)”.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 03/04/2009
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Refletindo na madrugada...




Há momentos na vida da pessoa que o convívio com a verdade é real. Quando se está só, quando não há necessidade de usar máscara, quando existe a realidade que se mostra clara e exigente, não deixando outra alternativa a não ser a de abrir os olhos e ver...

Ver o que de fato existe e insta em se mostrar. Não é possível fugir! Encarar o inevitável é caminho único e nele o ideal desaparece, o sonho se esvai e a realidade se mostra por inteiro...

É quando finalmente o óbvio se torna presente. A conclusão é bem simples: é possível mentir para alguns, é possível mentir para muitos, mas não é possível mentir para si mesmo...

Exatamente no momento em que não é possível fugir dos tentáculos da realidade o homem se vê nu, pobre e solitário. Neste momento ele sente que é miserável. Tem uma contrapartida: saber que sua única riqueza é a verdade...

Riqueza? Mas quem disse que a verdade é como no mundo dos sonhos? Quem disse que a verdade é  aquela que se mostra suave dentro da caixinha de porcelana?

A verdade é o tesouro do solitário. É um tesouro, mas não é riqueza... Pode?

Parece não ter sentido, mas refletindo na madrugada é possível enxergar o mundo real, gostando ou não gostando...

Para quem não quiser ver a realidade que espreita na madrugada resta um caminho: dormir...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 11/06/2009

O importante é ser amigo

“Há dois gêneros de inimigos: os que perseguem e os que adulam. Mais para temer é, porém, a língua do lisonjeiro que as mãos do perseguidor.” (Santo Agostinho).

O que parece pior: um inimigo declarado ou um falso amigo? Sem dúvida que conhecendo a origem do perigo iminente será possível buscar a cautela. Mas como se prevenir contra aquele que apenas parece ser amigo?

O grande dilema é identificar o falso amigo e fugir dele ou, pelo menos, ficar em estado de alerta permanente.

Que tal dilema existe, não há dúvida.

Uma das formas existentes para detectar o falso amigo é via revés pessoal. Existem aqueles que ficam e compartilham dores e recuperações. Há os que se afastam. Existem os que estão dispostos a velar até o fim. Há os que passam a enxergar no sofredor a imagem de um cão sarnento.

É da vida, não é?

Independentemente das desventuras que possam vir à pessoa “do bem” é importante que ela tenha em mente que se é ruim descobrir a existência, e próxima, de um falso amigo, bem pior é ser, para os que a cercam, um inimigo disfarçado de amigo.

Sempre há a possibilidade para ser um bom amigo, ainda que não se tenha uma reciprocidade de quem está nas cercanias.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 28/05/2008
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Adágio consistente?

Há um curioso adágio popular (do mundo dos crentes) que reza assim: "o diabo só tenta quem está perto de deus". Não é que faz sentido? Por que a perda de tempo tentando quem já está do lado do mal? Por que queimar vela em funeral de defunto ruim? Chutar cachorro morto? Nem pensar!

Seria, então, correto dizer que a pessoa, por estar sendo tentada, é "do bem" e por esse motivo ocorre o seu aliciadamento pelo grupo "do mal"?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 29/11/2009
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A onipresença e a reverência

Por onipresença entende-se que seja estar de forma concomitante em todos os lugares. Tem como sinônima a palavra ubiqüidade que sugere ser uma faculdade divina e, logo, fora do exercício do ser humano.

A reverência é um substantivo feminino que designa veneração pelo que se considera sagrado, respeito profundo por alguém ou algo em função das virtudes e mais: consideração e/ou deferência.

Essas duas palavras fazem parte do vocabulário zeloso das organizações religiosas. Deus é onipresente e a reverência deve ser virtuosamente praticada em ambientes destinados à adoração ao Deus poderoso.

Exortações existem quando as palavras são consideradas em ambientes freqüentados ou não pelos devotos. É comum ouvir as pessoas perguntando a si mesmas ou aos outros: “Deus está aqui? Aqui é um lugar para um devoto permanecer?” Pois é: quando o lugar não é de bom conceito moral ou em desconformidade com os “princípios” religiosos deve ser evitado.

A questão: Deus estaria naquele lugar? Ao que nos parece estaria sim, pois é atributo da Divindade estar em todos os lugares ao mesmo tempo. O que deveria ser perguntado: “Deus se alegra ao ver as pessoas naqueles locais?” Notem: o que está em pauta não é presença divina (inquestionável), mas a presença humana num contexto inapropriado.

Os religiosos quando condenam ou não recomendam shows ou ida às casas de espetáculos o fazem por convicção. Entendem que em praças de eventos barulhentos e desrespeitosos o fiel não deve ir e que Deus a despeito do exercício da onipresença não fica satisfeito com a atitude da sua criatura.

Eis porque muitos religiosos se insurgem contra a ida das pessoas a certos lugares como estádios de futebol, cinemas, teatros, espetáculos de músicas populares e afins. O argumento: Deus não fica satisfeito com a presença dos seus filhos em locais no qual não existe respeito ou que seja freqüentado por pessoas “do mundo”. O ambiente não é bom e ponto final!

Analisando pelo ponto de vista da reverência e da onipresença emerge a realidade que fica transparente, tendo como pressuposto o raciocínio do religioso. Deus está presente, não porque o lugar é bom, mas simplesmente porque ele é onipresente. Logo a presença de Deus nem sempre é a justificativa principal para se estar ou não num determinado ambiente.

Vejamos:

Deus estaria em estádios de futebol, casas de shows, cinemas, bordéis e afins? Ao que nos parece sim, pois ele é onipresente. Ele ficaria satisfeito com a presença dos fiéis em lugares assim? Pelo raciocínio do religioso certamente que não.

Deus estaria presente num local que mesmo tendo sido elaborado com fito religioso a irreverência campeia? Claro, afinal Deus é onipresente. Estaria satisfeito com a presença dos fiéis ali?

Breve relato:

Desde 1979 eu freqüento, no final de semana, um templo religioso. De muita tradição e respeito, mas que de alguns anos para cá passou por um processo de degeneração no que tange à reverência. Esse templo está (palavras não apenas minhas) entre os mais irreverentes, quando comparado com muitos outros.

O apogeu da irreverência se manifesta no final do culto, depois do sermão e durante o hino de conclusão e a bênção final. As pessoas começam a sair do templo, promovendo uma algaravia sem fim e perturbadora. É como se o local estivesse prestes a pegar fogo e todos quisessem sair logo. Correm para outra atividade (fora do templo). A pressa justificaria o desrespeito?

Pergunta-se: Deus estaria naquele lugar? Sim, claro. Ele é onipresente. Mais: diante da irreverência clara e indiscutível ele fica satisfeito com a presença dos seus filhos naquele lugar? Perguntem aos fiéis. Aos mesmos que mensuram outros ambientes “do mundo”...

Alguém, quem sabe, poderia dizer que a comparação do templo com locais mundanos é injusta. Será? Qual lugar entristeceria mais o Criador: (1) o lugar criado pelo homem para diversão, loucuras e afins ou (2) um templo construído para a adoração, mas que convive com a irreverência visível?

Injusto para qual dos lados?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 30/11/2010
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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pastores e bispos gays

Igrejas evangélicas da Alemanha permitem que pastores e bispos gays morem com parceiros

Depois de uma reunião realizada na semana passada, a maioria do sínodo da Igreja Evangélica local passou a permitir que os sacerdotes homossexuais do Estado alemão da Baviera poderão conviver nas casas paroquiais com os parceiros.

A reunião aprovou a medida com 98 votos a favor, cinco contra e cinco abstenções, seguindo assim a recomendação prévia emitida pelo Conselho Evangélico do Estado da Baviera.

Assim, a partir de agora, os pastores homossexuais e as pastoras lésbicas poderão solicitar permissão à Igreja evangélica para compartilhar as dependências paroquiais com seus respectivos companheiros ou companheiras.

A hierarquia eclesiástica vai decidir cada caso individualmente, analisando se a convivência comum não afetará o trabalho pastoral do sacerdote.

A Igreja Evangélica Alemã deixa nas mãos das Igrejas regionais a decisão sobre a convivência dos casais homossexuais, por isso a regra varia entre os estados da Alemanha.

O caso da Baviera é especialmente chamativo, porque é considerado a região mais tradicionalista da Alemanha. Atualmente, o país conta com mais de 24 milhões fiéis evangélicos.


Nota: É apenas o começo, queiram ou não queiram. O mundo caminha para a plena liberdade no exercício da fé, especialmente a fé cristã. Não é o contexto do ateísmo, não é do islã, não é do judaísmo. Trata-se de procedimento no seio do cristianismo. Aguardemos as reações em cadeia...

Enéias Teles Borges
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Reavaliando conceitos

O homem estava acostumado a viajar pelo Brasil e já tinha percorrido quase todo território nacional. Resolveu visitar lugares que tinha conhecido há muitos anos. Dirigiu-se ao baú e pegou alguns mapas antigos, usados em viagens anteriores e programou o seu roteiro.

Ao longo da viagem observou que o caminho era diferente daquele que percorrera e olhando o mapa antigo não se sentiu seguro. Parou na beira da estrada e comprou um mapa atual. Logo notou que quase tudo tinha mudado e para chegar ao local pretendido deveria mudar de roteiro.

Fez uma análise para ver o quanto se desviara do objetivo e concluiu que deveria pegar a primeira estrada à direita. Assim, pensava, chegaria à rodovia correta.

Fez dessa forma e ainda assim não se sentiu tranqüilo. Será que agora estava no caminho certo? Deveria ter entrado naquela pista? Deveria ter retornado para entrar na anterior? Quem sabe avançado mais um pouco e entrado na posterior?

Em meio às dúvidas ele tinha uma certeza: o caminho anterior, baseado no mapa velho, estava errado. A cidade, objeto do seu destino continuava no mesmo lugar, mas as pistas que conduziam a ela tinham sido transformadas no correr dos muitos anos.

Não seria assim, muitas vezes, na vida?

Quantas vezes no nosso viver temos tentado alcançar um alvo utilizando um roteiro que se tornou inadequado na atualidade? Como temos nos postado em relação à família, sociedade e religião? Como temos educado nossos filhos, convivido com as pessoas?

Não sugiro uma mudança de objetivo, mas uma adequação à realidade. Quem sabe não é o momento de reavaliar conceitos?

Dúvidas: existirão sempre. Certeza: a de que o caminho adotado anteriormente não é mais o ideal para conseguir chegar ao grande objetivo. Funcionou para nós e nossos pais, não quer dizer que sirva para nossos filhos.

O princípio deve ser sempre mantido. O mesmo não se aplica à forma como conduzir (ou chegar) a ele. Você pensa assim ou de forma diferente?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 21/04/2008.
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Ensinando a usar a razão?

Num ponto os criacionistas e ateus concordam: o ser humano é racional e essa característica o diferencia dos demais seres vivos terrestres. Para o ateu o uso da razão é uma constante (o que mais lhe restaria, a não ser raciocinar?). E para os criacionistas?

Entre os criacionistas existem aqueles que notadamente confundem “ensinar a usar a razão” com “condicionar comportamentos”. Já tratamos desses tópicos muitas vezes. A grande questão é que a herança contida no bojo dos pais e professores criacionistas tende a ser transmitida da mesma forma que foi recebida.

Já historiei um fato, ocorrido comigo, durante a faculdade de teologia em que um professor, não tendo argumentos para responder a uma pergunta simplesmente disse: “Assim aprendi, assim ensino...”.

Muitos pais e professores se julgam aptos para ensinar e não se dão conta de que simplesmente estão repassando adiante o que receberam e não questionaram. Estão com a “cabeça feita” e treinada para “fazer outras cabeças”.

O expediente, via frases padronizadas, é absurdo: “a especulação é o terreno encantado do diabo”, “quem pensa muito sofre demais”, “quem estuda demais começa a ter idéias bobas na cabeça”, “filosofia deixa as pessoas malucas”, “o aluno não tem competência para questionar professor” e por aí vai...

É fenomenal como as pessoas se julgam grandes educadoras, sem saber, pelo menos, a essência do que julgam estar ensinando. Algo como cego que se julga com visão telescópica...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 13/01/2009
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Ensinando ou fazendo a cabeça?

Transmitir as convicções e temores é ensinamento? Seria uma forma perseverante de fazer a cabeça? Desde cedo (tenra idade) mostrar aos educandos que são “felizardos” (nasceram no lugar certo e no contexto certo) é um ensino efetivo ou uma transmissão sistematizada de conceitos próprios? Poderíamos usar a expressão “conceitos próprios” para os ensinos oriundos da tradição ou da não contestação?

Como diferenciar ensinamento de indução (fazer a cabeça)? É possível sugerir que pais e educadores, em nome do ensinamento, estão contribuindo para alienação em massa, tanto no campo efetivamente social quanto no religioso?

Ensinando ou fazendo a cabeça? Eis uma pergunta que não quer calar...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 12/01/2009
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Não! Deus que me livre!

Ele andava despreocupadamente pela rua, quando uma mulher feia e suja lhe pediu um beijo. Ele respondeu: “Não! Deus que me livre”!

Mais adiante um repórter lhe perguntou se aceitaria participar de uma “pegadinha” que seria apresentada na TV no domingo seguinte. Ele respondeu: “Não! Deus que me livre!”

Muitas situações surgiram naquela rua, e para todas ele deu sempre a mesma resposta até que finalmente um religioso, cumprindo seu trabalho “missionário” lhe perguntou: amigo, você crê na existência de Deus? Ele respondeu: “Não! Deus que me livre!”.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 18/01/2009
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Viva com esperança

Retornando ao tema... Nesse momento o faço em virtude de uma campanha evangelística implementada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD). A circunscrição contempla toda a América do Sul. Projeto interessante que se propõe levar esperança aos corações humanos.

O que é viver com esperança? No exemplo em tela a esperança é a do retorno de Jesus, que segundo crêem os cristãos em geral, ocorrerá brevemente. Entenda-se o breve como sendo perspectiva que se vem tendo desde os tempos apostólicos.

A despeito do que muitos pensam e anelam a esperança está baseada em algo que se deseja e espera. Algo bom. Naturalmente os esperançosos consideram o objeto da esperança como algo real. O real ainda não atingido.

Dentro da sinceridade que a vida requer, há que se pensar, também, de uma forma racional. Viver com esperança não é a mesma coisa que viver com a verdade. Mesmo porque a esperança, qualquer que seja, poderá redundar em frustração. A esperança escuda-se em expectativa e desejo e a verdade sempre será verdade. Havendo coincidência entre o que se espera e o que no futuro ocorrerá tem-se a bendita esperança. Pode acontecer que a esperança seja a última a morrer o que implicaria em afirmar que ela fatalmente desvanecerá. É a esperança que não coadunará com a verdade por vir. Como existem esperanças diferentes baseadas no mesmo ideal muitos se frustrarão e poucos (ou nenhum) terão a maravilhosa esperança. Imaginemos as esperanças dos cristãos, muçulmanos, orientais e muitos outros que têm esperanças que se divergem. É natural que viver com esperança não trará o mesmo resultado para todos...

Desta forma há que se reiterar aqui no blogue: viva com esperança, mas adicione a realidade a tudo isso. A verdade foi, é e será imutável. Ela não se adaptará à esperança. A esperança é que deve “torcer”, para que coincida com a verdade anelada...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 08/09/2008

Sobre as minhas crenças...

Não dá para falar sobre minhas crenças sem recuar no tempo e regressar a minha infância. Então, vamos lá! Lembro-me muito bem do dia em que meu irmão me surpreendeu com a seguinte pergunta: "Quem é seu maior inimigo?". Hesitei um pouco antes de lhe responder que era o Diabo. "Não!", retrucou, ele, com firmeza e aparente convicção: "seu maior inimigo é o Ego". E eu, que até então desconhecia a existência dessa palavra, não tive outra alternativa senão lhe perguntar quem era esse tal de Ego. A resposta me pareceu sem nexo: "O Ego é você mesmo!". Fiquei pensativo, confuso e resolvi "consultar os universitários", isto é, o meu pai, que confirmou a história: Eu era, de fato, meu maior inimigo!

Para ler todo o artigo basta teclar em [de texto em texto].

Enéias Teles Borges
Postagem original: 08/08/2009
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O pequeno e o grande

“Julgar que um inimigo fraco não possa nos prejudicar é julgar que uma faísca não possa causar um incêndio” (SADI)

Existe a possibilidade de que o grande problema resida no pequeno detalhe? Notem quantas circunstâncias ruins existem em decorrência de detalhes mínimos desconsiderados. Em qualquer meio e em qualquer hora é possível perceber quem dá importância aos pequenos incidentes. É natural que a atenção deverá ser concedida na proporção da importância do fato em questão.

Estamos acostumados à frase que chama a atenção para quem peneira um mosquito, mas deixa passar um elefante. Interessante observar que a negligência em não considerar o elefante não obstrui a obrigação de peneirar o mosquito. Certamente aquele que se cuida quanto ao elefante, mas deixa de lado o mosquito, também está sendo negligente e na justa medida.

É importante atentar para a somatória dos pequenos problemas. Algo como “de grão em grão o galo enche o papo”. De pequena negligência em pequena negligência chegar-se-á a um enorme resultado na proporção da semeadura.

Na vida é assim. As pequenas coisas nos treinam e capacitam para as maiores. Vale para qualquer ocasião e momento. Em casa e no trabalho, ao deitar e ao levantar. Sempre!

Conclamo à reflexão: é mister olhar em volta e observar até que ponto estamos considerando ou deixando de considerar o pequeno detalhe, que se observado, nos capacita para o grande triunfo e que, se não cuidado, poderá nos trazer dissabores mil.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 29/05/2008
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O sujo e o mal lavado


É fato: as pessoas realçam o que é conveniente e jogam sob o tapete o lixo da vergonha e do constrangimento. Quero ressaltar uma notícia que colocou em histérica alegria alguns criacionistas. Sim, aqueles porta-vozes de deus na terra. Os famosos paladinos da fé ou, quem sabe, profetas de plantão.

Serviram-se de um escorregão dos evolucionistas (que de fato se precipitaram) para alardear vitória. É que o "elo perdido" está sob forte suspeita, conforme reportagem da Folha Online (link aqui).

Concordo que os evolucionistas têm dado muitos tiros no próprio pé, mas tal "viruosidade" não é apenas deles. O que se dizer, por exemplo, do escorregão secular dos criacionistas cristãos que afirmavam que o Universo girava em torno da terra? Pelo menos os ateus e evolucionistas expõem suas mazelas mais rápido, sem uso da força. Nada de ameaçar os contrários. Nada de mandar para a fogueira...

Hum... Pelo jeito a briga está nivelada por baixo. Não existe busca por acertos e correção de rumo. Os lados digladiam expondo erros bizarros de ambos.

Eu suma podemos dizer, sem medo, que o sujo está criticando o mal lavado. O que precisam é de um bom banho e renovação permanente da humildade. Vale para evolucionistas, ateus e criacionistas.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 23/10/2009
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O trigo e o joio

Quantas vezes ouvimos a alegoria do joio e do trigo, que crescem juntos mas que devem ser separados no momento oportuno? Quantas vezes ouvimos dizer que tentar arrancar o joio fora de hora poderá trazer prejuízo ao trigo, que seria arrancado junto?

Com o passar dos anos e observando diariamente que os cabelos estão ficando brancos, vamos notando certos detalhes que passam desapercebidos dos mais jovens e também das pessoas menos observadoras.

Afinal, o que é mais importante, a sobrevivência do trigo ou a destruição do joio? A teoria diz que o trigo é mais importante que o joio. Acredito que nesse ponto não há tanta controvérsia.

Quais as aplicações possíveis originárias dessa comparação joio x trigo?

Várias, mas destaco apenas uma.

Já notaram que a despeito das pessoas dizerem que priorizam o bem, dão muita ênfase ao mal? Notaram que os religiosos, em especial os carismáticos, para destacarem a obra de Deus enfatizam (muito) o poder do maligno? Notaram que apesar do amor ser considerado o mais sublime dom divino as pessoas destacam (demais) o julgamento (punição) de Deus?

Parece que todos consideram importante separar o joio do trigo e ao final colocam o joio em destaque, desconsiderando a importância do trigo.

Dizem isso da imprensa: “separam o joio do trigo e colocam o joio na primeira página...”

As pessoas que se dizem do bem não fazem igual? Não separam as virtudes das pessoas e salientam, veementemente, os defeitos?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 28/04/2008
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É possível confiar?

Creio que voltarei algumas vezes ao tema vinculado à confiança.

Eu assistia ao filme Os Infiltrados e ouvi com atenção a frase do mafioso mais importante perguntando, ao seu principal subalterno, se seria possível confiar em determinado agente do crime, recém incluído no grupo.

O ponto chave era o seguinte: o novo componente do bando não possuía parente ou amigos próximos. Era um solitário! Curiosamente este se tornou o “x” da questão. A pergunta a seguir, dirigida ao subordinado: “é possível confiar numa pessoa que nada tem a perder?”

Como se pode inferir, a vinculação de confiança de um indivíduo noutro pede e ao mesmo tempo parece necessitar de uma amarra. Isto é, só se pode confiar em quem oferece um penhor que deve ser algo precioso e aí poderemos incluir bens, valores morais e intelectuais.

A confiança advém do convívio com a outra parte. Não se confia num estranho. O relacionamento entre pessoas se dá do desconhecido para o conhecido. Da desconfiança para a confiança.

Não é de se estranhar que as pessoas confiam noutras dos contextos sociais nos quais elas próprias estão situadas. A vivência diária as leva a confiar nas pessoas da confiança de outras – que são de sua confiança. Como um círculo, que pode ser virtuoso ou vicioso. Qual o diferencial?

1. A confiança séria e sem preconceitos tem no seu cerne a observação e até mais: a investigação. Se todos forem assim instala-se o círculo virtuoso.

2. A confiança pode ser cega. Não há questionamento. Não há uso da razão. Se todos forem assim instala-se o círculo vicioso.

A pergunta que não quer se calar: é possível confiar numa pessoa que nada tem a perder?

Nesse contexto eu diria que não. As pessoas que não se aprofundam no convívio e na análise permanente não merecem confiança. Afinal elas nada têm a perder. Nada possuem. Seus conceitos são de segunda mão. Não conviveram e não questionaram.

Conclui-se que são merecedores de confiança os escrutinadores, pois têm algo de valor e não quererão perder: a capacidade de pensar e de decidir. Não permitem que pensem nem decidam por eles.

É possível confiar, sem dúvida. Mas é necessário fazer uso da razão, para conviver com iguais: aqueles que também utilizam o intelecto para enxergar os que lhes são similares.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 20/12/2007
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Do famigerado sonho para a realidade podre

Ele estava numa festa e não acreditava. Ele ali? Pois é, era ele mesmo naquela festança tão almejada e antes tão inacessível. Estava entre nobres. Fazia parte da roda dos favorecidos. Finalmente!

A festa acabou e quando se deu conta disso ele acordou. Olhou de lado, manhã fria, vida a enfrentar. E que vida miserável!

A festa acabou o sonho acabou. Era uma festa dentro de um sonho. Mesmo dentro do sonho a festa acabou. Era o resumo em essência da desgraça. Festa no sonho. Final de festa no sonho. Do famigerado sonho para a realidade podre.

Lembram-se do poema “José” de Carlos Drummond de Andrade? Há situação pior do que aquela? Existe sim! É acabar a festa no sonho, ir para a amargura no sonho e do sonho sair para a realidade amara desse cotidiano louco. Basta ler o poema abaixo para se ter uma idéia de certos aspectos da vida, para concluir, ao final, que pode ainda ser pior...

José
(Carlos Drummond de Andrade)

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 19/06/2008
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A felicidade e a realização

A felicidade e a realização pessoal são a mesma coisa? Uma pessoa realizada pode dizer que é feliz?

(1) Imagino que uma pessoa realizada é aquela que, dentro de suas possibilidades, tenha conseguido concretizar tudo o que pretendeu fazer.

(2) Uma pessoa feliz parece-me estar em outro universo.

Vejamos:

(1) É possível ser feliz vendo as mazelas do mundo, tudo de triste que há para ser visto e vivido?

(2) Não seria a realização pessoal um dos poucos momentos de felicidade experimentado pela pessoa?

Acredito piamente que é possível um ser humano se considerar realizado, mas descreio que alguém possa dizer, nesse mundo miserável, que é feliz.

É claro que existem momentos felizes e a realização é um deles.

Você concorda?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 29/01/2009
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A volta dos que não foram...

“Ficamos felizes com o seu retorno!” Já ouviram frase assim? Ela geralmente é dita às pessoas que depois de algum tempo aparecem lá na comunidade dos fiéis. É como se uma ovelha desgarrada voltasse ao redil. O redil é um meio impregnado de tradição e julgamento baseado em comportamentos padronizados.

Normalmente a resposta que deve ser dada, por aquele ser que se ausentou conscientemente, deveria ser: “Não retornei porque nunca fui. Nunca fui porque jamais estive...” É claro que estou me referindo ao engajado racional. O engajamento racional é aquele vivido por indivíduo que admite ter nascido num contexto, gostar dele, mas que não atribui a este modo de viver o título de ser o único. Único no sentido de que os demais carecem de legitimidade. É lógico concluir, portanto, que se os demais carecem de legitimidade resta apenas o único. O único é justamente o tal redil.

É preciso exercitar a coragem antes de afirmar: “Não retornei porque nunca fui. Nunca fui porque jamais estive...” Reagir assim é assumir racionalmente que existe a possibilidade de simplesmente (e ideologicamente) ter nascido no lugar errado, se é que existe tal lugar. Reagir desta forma é ter disposição para conceder aos outros a possibilidade da legitimidade. O engajado racional, observando que o contexto no qual cresceu é bom (socialmente), que nele cresceu e que a ele se acostumou, faz da frequência a tal contexto um ato de prazer. Não havendo prazer ele se afasta e um dia reaparecerá com uma esperança: a de que aquele meio tenha voltado a ser agradável.

O que torna um contexto agradável? O lugar, as pessoas, os objetivos comuns, o respeito e quetais... Viver num contexto bom não significa, necessariamente, abraçar sua ideologia religiosa. É admitir que em geral os ambientes vividos por famílias religiosas são bons, assim como são bons os ambientes habitados por pessoas não religiosas e respeitadoras das regras do bom viver social. É algo cultural! A religião sem engajamento racional é apenas uma cultura de cunho religioso sistematizado. Nada mais que isso! É óbvio que para concordar com a esta assertiva é preciso enxergar além dos muros do castelinho dourado...

Isto posto concluo: aquele que reaparece num contexto político-social-religioso não retornou ideologicamente pelo simples fato de que nunca dele se foi. Quem não foi jamais poderia retornar. E porque não foi? Porque ideologicamente jamais esteve.

É algo como “estar de corpo presente, mas com a alma distante...”

Enéias Teles Borges
Postagem original: 26/03/2009
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Confiança no Poder Judiciário

Não é uma boa notícia. O povo brasileiro não confia no Poder Judiciário. Pelo menos é o que aponta uma pesquisa recente.

De 0 a 10, brasileiro dá nota 4,55 para Justiça, diz Ipea

A honestidade dos integrantes no Judiciário e a punição aos que se envolvem em casos de corrupção é o quesito pior avaliado pelos brasileiros neste Poder, segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), criado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para mostrar como a população enxerga os serviços de utilidade pública e seu grau de importância para a sociedade. Os números divulgados nesta quarta-feira (17) são sobre justiça e cultura.

“De zero a dez, que nota você daria para a justiça brasileira?”, questionou o Ipea aos entrevistados. A avaliação geral foi de 4,55. Foram levados em conta fatores como honestidade, imparcialidade, rapidez, custo, facilidade no acesso e capacidade de produzir “decisões boas” que “ajudem a resolver os casos de forma justa”.

De acordo com a pesquisa, a dimensão da honestidade dos integrantes da justiça e punição para casos de corrupção é a que apresenta a pior avaliação, juntamente com a imparcialidade no tratamento dos cidadãos e da rapidez na decisão dos casos. Melhores avaliados, mas não com a nota máxima, estão a capacidade de produzir decisões boas, que ajudem a resolver os casos de forma justa, e a facilidade de acesso à Justiça.

A pior avaliação está no Sudeste, que possui a maior carga do processos do país, seguido das regiões Sul, Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Ainda conforme o estudo, autores de ação na justiça fazem uma avaliação pior do serviço do que aqueles que nunca tiveram a experiência de um processo.

Segundo o Ipea, o objetivo do novo sistema é permitir ao setor público estruturar as suas ações para uma atuação mais eficaz, de acordo com as demandas da população brasileira. Além dos indicadores de justiça e cultura, haverá, nas próximas edições, percepções sobre segurança pública; serviços para mulheres e de cuidados das crianças; bancos; mobilidade urbana; saúde; educação; e qualificação para o trabalho.

A pesquisa foi feita presencialmente, com visitas aos domicílios. Foram ouvidos 2.770 brasileiros em todos os Estados do país.


Nota: É notícia que entristece, especialmente para quem opera o Direito no Brasil - no meu caso como advogado. Acredito que uma reforma no Judiciário e a adição de mecanismos mais avançados em informática trarão a confiança de volta. O povo precisa acreditar nos poderes instituídos e em especial no Poder Judiciário.

Enéias Teles Borges
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A auto-estima e a pedofilia

“Aquele que não deseja a estima de seus contemporâneos é indigno dela”. (O Grande Frederico).

O que, efetivamente, nos leva a valorizar o que outras pessoas pensam, positivamente, a nosso respeito? Ser estimado ainda é anelo do cidadão do século XXI? O que, de fato, é estima? Seria a admiração e respeito que se sente por alguém, advindos do reconhecimento do seu valor moral, profissional etc.?

E quando a pessoa perde a auto-estima? Isso é possível? Acredito que sim. Quando o ser humano deixa de se respeitar ele é capaz de fazer “coisas que até mesmo Deus duvida”.

Seria a falta de estima a grande responsável pela onda de pedofilia que, pútrida, invade o seio da sociedade? O que tem levado pessoas de alto conceito moral (na sociedade) a externar tamanha bizarrice? Perda da auto-estima?

Confesso, amigo leitor, que ando abismado com as notícias que circulam, dando conta da forma como a lei (moral e legal) tem sido infringida, nessa escalada de maldade contra indefesas crianças. São barbaridades indescritíveis! Impossível aceitar! Impossível não vomitar! Não há que se cogitar da decepção, há que se falar da revolta que invade o peito!

A sociedade precisa reagir. Precisa vigiar! Precisa perseguir até prender pessoas que fazem da sensualidade extremada, podre e má o seu ápice do prazer.

Fica aqui o registro inicial sobre o tema. Voltaremos a ele, sempre que necessário.

Insurgir contra esse tipo de abuso é dar vazão ao pensamento do Grande Frederico. A nossa reação a isso tudo evidencia, de forma magistral, a estima e também a auto-estima.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 06/06/2008
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