sábado, 30 de abril de 2011

O sonho do agnóstico

O agnóstico, aquele que sabe ser impossível, pelos atuais meios investigativos humanos, provar ou negar a existência de divindades, tem um grande sonho: o de poder deixar de ser agnóstico. Para isso acontecer basta que as duas correntes existentes provem, por meios cientificamente comprováveis, que divindades existem ou não existem.

Como ele tem consciência de que hoje é impossível provar (teístas) ou negar (ateístas), ele segue agnóstico. Segue agnóstico, não por ser teimoso, mas porque optou por essa forma honesta de "ver"...

Quem sabe no amanhã, que parece nunca chegar, ele vislumbre a prova de um ou do outro? Aí sim, ele, o agnóstico de hoje, abrirá os braços para a verdade plenamente mensurável...

Enéias Teles Borges

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Disse o néscio...

“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus...” Salmo 53:1

O verso vai um pouco além, não parando nas reticências, mas eu me sirvo do texto conforme exposto acima para tecer alguns comentários:

1. O verso bíblico, exarado de forma incompleta, é a principal arma dos xiitas da fé para condenar o ateu.

2. Durante séculos esse verso foi usado por criacionistas para demonstrar o “estágio de loucura” daquele que crê na inexistência de Deus.

3. Quem crê na existência de Deus (principalmente o xiita cristão) considera o ateu como desvairado. Nem sente que está sendo ofensivo...

Assisti a um negócio entre dois colecionadores de relógios antigos. No meio da conversa surgiu algo que conduziu ao tema “Deus”. Um dos negociadores fez uma pergunta: “Deus existe?” O outro retrucou: “Você não acredita?” Resposta: “Não estou dizendo que creio ou não, apenas pergunto se Ele existe...”

O curioso é que alguns xiitas de plantão entraram na conversa e um deles disse: “Eu tinha você em alta conta, mas agora não o considero tanto...” Notem que a pessoa não afirmou a inexistência de Deus, apenas fez uma pergunta.

Depois que as pessoas saíram alguém me perguntou o que eu tinha achado da conversa. Eu respondi com outra pergunta: “Você sabia que para acreditar em Deus, primeiro você tem que acreditar no homem?” Assustados alguns me perguntaram: “Como assim?” Respondi: “Toda pessoa que eu conheço (incluindo a mim) nunca viu Deus em pessoa, mas passou a acreditar em decorrência da confiança que teve em alguém”. Continuei: “No meu caso meus pais me fizeram crer e como eu confio neles passei aceitar sem questionar...”

Notaram? Não importa se foi o pai, a mãe, o pastor, o padre, o amigo, Davi, Salomão, Isaías, João... Todos são humanos. Só podemos acreditar com base naquilo que homens disseram e escreveram. Alguns desses homens são conhecidos como profetas. Outros conviveram com Cristo, mas convenhamos: tudo o que chegou até nós veio por homens que disseram que ouviram, viram e receberam por ordem divina (...). Temos que confiar no que disseram ou escreveram, para depois acreditar que Deus existe...

A Bíblia é um bom exemplo. Foi escrita por homens. Homens disseram que ela é inspirada. Homens a interpretaram e interpretam. Homens que falam de homens inspirados ou iluminados. Do começo ao fim são atos e escritos humanos. Os homens atribuíram e atribuem à Bíblia a idéia de que é a palavra de Deus. Notemos que tudo isso foi escrito e dito por homens. Mesmo sendo homens de extrema confiança continuam sendo homens. Os homens disseram que viram, que estiveram no Sinai, que tiveram visões... Verdade? Não entro no mérito. Mas para acreditar que tudo isso seja verdadeiro é necessário confiar nos homens... “Crede em seus profetas e prosperareis..." II Crônicas 20:20.

Para quem queira questionar o arrazoado eu pergunto: como você ficou sabendo da existência de Deus? Não adianta dizer “vejo a Deus nas suas obras...”, porque a pergunta não se dirige ao presente. Pergunto quanto ao passado: como você tomou consciência disso? Responda com coragem: não foi por que alguém (humano) agiu na sua vida? Se você hoje acredita na existência de Deus é porque algum (ou alguns) homem mereceu a sua confiança: pai ou mãe ou amigo...

Não estou tomando posição favorável ou contrária a qualquer dos lados, mas apenas perguntando: notou que para crer na existência de Deus é necessário primeiro acreditar no que o homem diz? ("... Maldito o homem que confia no homem..." Jeremias 17:5).

Atualmente os xiitas estão debatendo com os ateus que resolveram “dar o troco”. Foram (os ateus) durante tantos anos chamados de néscios que resolveram reagir e o fizeram de uma forma que irrita criacionistas. Exemplo? “Deus, um delírio...”

Durante muito tempo foram os ateus chamados de loucos. Eles não teriam o direito de chamar os contrários (teístas) de delirantes?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 27/08/2008

Sonhos: virando pó ou realidade...

"Esteja preparado para quando os seus sonhos virarem pó; mas esteja ainda mais preparado para o caso de um deles se tornar real.”.

Fonte: DeusILUSÃO.

Enéias Teles Borges

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Acredite

As pessoas precisam acreditar em Deus justamente porque Deus não existe. Eu não preciso acreditar que a minha mãe existe: porque ela existe.”

Fonte: DeusILUSÃO.

Nota: Antes que me seja perguntado: sigo firme no "agnosticismo teísta".

Enéias Teles Borges

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Criança no lixo

Virou moda. A mãe que não quer uma criança lança-a no lixo. Nada de nostalgia, nada de deixar o bebê dentro de um recipiente, na porta de uma casa (com um bilhetinho...). O lixo virou o local da "desova". Chance de sobrevivência é zero. São encontradas por puro acaso. Milagre? Milagre seria não permitir que mães deixassem  bebês no lixo.

"Um bebê recém-nascido foi encontrado terça-feira (26) no lixo do banheiro de um hospital particular em Jundiaí (58 km de São Paulo). Segundo a polícia, uma mulher que chegou à unidade reclamando de dores abdominais, e durante o atendimento pediu para ir ao banheiro, é a suspeita de ter abandonado o bebê. O recém-nascido foi encontrado por funcionários do hospital e levado para a UTI neonatal. Na ocasião, a mulher ainda estava na unidade. Ela também foi internada. De acordo com a Polícia Militar, o recém-nascido é prematuro e pesa aproximadamente 1,5 kg. A polícia deve investigar o caso, e o Conselho Tutelar foi acionado para definir o destino do bebê."


 Enéias Teles Borges

terça-feira, 26 de abril de 2011

Os anos ocultos de Jesus

Eu estava com minha família e amigos, no mês de julho do corrente ano, na cidade de Caldas Novas, Goiás. É um passeio que teve a sua oitava repetição. Mesmo local, mesmo hotel e os amigos de sempre.

Quanto ao livro de cabeceira que levei para lá, para as minhas leituras que antecedem ao sono, tinha sido lido por inteiro. No dia seguinte saí com minhas filhas e fomos ao shopping “redondo” que existe lá em Caldas. No segundo piso há uma simpática livraria e nela ficamos vendo os vários títulos disponíveis. Cada uma escolheu algo e eu vi um livro em destaque: “Os anos ocultos de Jesus” de Elizabeth Clare Prophef. Comprei e na mesma noite iniciei a leitura.

É um livro esotérico e como ando me insurgindo contra preconceitos dantes arraigados, entreguei-me à leitura, cuja sinopse é esta: “Onde esteve Jesus durante os 18 anos que se passaram entre a sua volta a Nazaré e o batismo no Rio Jordão? As mais detalhadas pesquisas oficiais não conseguiram decifrar esse mistério. No entanto, pergaminhos antigos encontrados num mosteiro do Tibete levaram quatro autores em diferentes épocas a testemunharem sobre as passagens de Jesus pela Índia, pelo Nepal, por Ladakh e pelo Tibete”. O livro não se detém em comentar se as narrativas são verazes ou não. Apenas reúne os relatos dos quatro autores, incluindo a descoberta de manuscritos em 1887, pelo jornalista russo Nicolas Notovitch.

Em resumo o que dizer sobre o livro e sobre a leitura que fiz? Tenho aprendido que é praticamente impossível perder tempo fazendo qualquer tipo leitura – até mesmo receita de bolo ou bula de remédio. O que pode acontecer é se dispensar mais tempo para uma leitura mais ou menos “encorpada”, isto é: dedicar maior tempo para uma leitura, digamos, menos útil e/ou agradável. Sempre é possível reter algo bom e com o exercício de um juízo de valor independente excluir aquilo que é “palha”, separando o joio do trigo. Recomendo ou não o livro? Caso sua leitura “encorpada” esteja em dia eu recomendo, claro. Gosta de dar atenção a outras formas de pensar e escrever? Por que não lê-lo? Fiz uma leitura “quase dinâmica” do livro e aprendi um pouco de geografia, história e detalhes dos costumes locais. Notei também que o principal objetivo (ou um dos principais) foi comprovar se o principal dos quatro autores (Notovitch) de fato esteve naquele contexto e se teve contato com o material que foi objeto de suas afirmações.

Afinal existe algum fundo de verdade nisso tudo? Seria Jesus o mesmo “Santo Issa” de que trata o livro? Convém adicionar essas supostas informações aos outros escritos não-cristãos como aqueles de Plínio, o Moço, Tácito e Suetônio? Para saber se compensa incluí-lo ou se vale considerá-lo como um compêndio esotérico só existe uma forma: lendo-o sem preconceito.

Vale, portanto, a dica.

Fonte: [Cultura e Religiosidade].

Enéias Teles Borges
Postagem original: 26/08/2009

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Desrespeito à Astronomia ou Fé Cega e Faca Amolada?

Numa discussão entre pessoas de fé, tendo a maioria nível acadêmico superior, surgiu uma questão ligada à Astronomia. Um dos pontos discutidos foi a explosão de estrelas e o eventual surgimento de novos mundos e a destruição de outros. Tudo isto dentro do contexto bíblico, entendido pela maioria ali presente. Mesmo porque muitos enxergam isso de forma bem peculiar: entendem que desde a entrada do pecado no nosso planeta, Deus teria cessado, momentaneamente, a criação de novos mundos. Até a solução final do problema do pecado, nada de criação!

Para justificar a explosão de estrelas a justificativa teve certa lógica. Tais explosões só chegaram à Terra milhares de anos depois de efetivamente terem ocorrido. Daí dizer que estas explosões estelares coadunam com a interpretação dominante ali, naquele grupo de estudos.

Eis que alguém (friso que de nível superior) alegou o seguinte: "a despeito das interpretações humanas eu entendo que estas explosões são provocadas por anjos que se deslocam numa velocidade absurda, os homens, infinitos que são, veem nisso uma explosão de estrela..."

Levando em consideração o alto nível acadêmico dos envolvidos eu pergunto: trata-se de desrespeito à Astronomia ou é Fé Cega e Faca Amolada (FCFA)?

Enéias Teles Borges

O que é bacalhau?

O bacalhau tem sua origem em um peixe nobre que vive nos mares limpos e frios do Atlântico Norte cuja carne, seca e salgada, é muito apreciada na culinária internacional, há centenas de anos. O peixe se transforma em bacalhau após passar por um processo de salga e cura, onde é retirada em média 50% da sua umidade. O nome científico do peixe é Gadus Morhua. Também é conhecido internacionalmente como Cod. Com o passar do tempo, outros peixes salgados e secos também passaram a ser comercializados como o Saithe, o Ling, o Zarbo e, mais recentemente, o Cod Gadus Macrocephalus, mas atenção! apenas o Cod - Gadus Morhua é o Legítimo.

Nota: Para quem nunca viu cabeça de bacalhau vale mais esta dica. Não existe um peixe chamado bacalhau e sim a utilização de peixe (ou peixes) que é transformado em bacalhau. Seria, então, certo dizer que não existe cabeça de bacalhau?

Enéias Teles Borges

domingo, 24 de abril de 2011

Sexta, Sábado ou Domingo?

Semana Santa. Muito se falou a respeito do Cristo que morreu, descansou e ressurgiu no terceiro dia. Surge uma pergunta: qual o dia mais importante para o cristão?

Alguns entendem que é a sexta-feira. Afinal foi no sexto dia que Cristo morreu e com sua morte resgatou o ser humano que se encontrava nas teias da aranha do pecado.

Outros entendem que é o sábado. Cristo não morreu nele, nem nele ressuscitou. No sábado o Salvador da humanidade descansou...

A maioria cristã entende que o domingo é dia mais importante. Sem a ressurreição de Cristo até mesmo sua morte e descanso não teriam finalidade prática. Cristo ressurgiu no domingo, não foi na sexta e não foi no sábado.

Podemos concluir, portanto, que existe um dia especial conforme o gosto do crente. Alguns entendem que na sexta e no domingo Cristo cumpriu a promessa e a profecia de morrer e ressurgir. Para outros Cristo descansou no sábado, conforme o mandamento...

Escolha, meu amigo, o que lhe parece mais importante: a promessa cumprida conforme profecia ou o descanso, conforme o mandamento. A promessa/profecia ou a Lei...

Enéias Teles Borges

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Hubble: 21 anos de bons serviços...

Esta fotografia foi divulgada nesta quarta-feira (20/04/2011) para comemorar os 21 anos do Hubble. O telescópio espacial foi lançado pela agência norte-americana em 24 de abril de 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery. A imagem mostra a interação entre um par de galáxias conhecido como Arp 273. Ela foi obtida em dezembro do ano passado e divulgada agora por ser especialmente bonita. Os astrônomos se referem à imagem como uma 'rosa' de galáxias, em alusão ao formato da espiral, que lembra a flor.


Nota: Já podemos imaginar os muitos comentários que surgirão, entre eles que tal configuração é obra de um mestre soberano. Apreciar o belo simplesmente por que é belo é tão eficaz quanto fazer certo simplesmente porque é certo...

Enéias Teles Borges

terça-feira, 19 de abril de 2011

Comunhão Gay

A noite era de festa na Igreja Cristã Contemporânea. Kathyla chega esbaforida, sem tempo hábil para afinar o violão que daria o tom ao primeiro culto da nova sede, inaugurada no bairro de Madureira, subúrbio do Rio. “Kathyla tem uma história de vida muito interessante para contar, converse com ela”, entregou Cristiane Carvalho, a “intercessora” do movimento fundado por Marcos Gladstone, pastor, gay, dissidente da Igreja Evangélica Congregacional que desde 2006 arrebanhou mais de mil fiéis à sua instituição – onde prega os mesmos ensinamentos das pentecostais-padrão, com uma única exceção: não faz restrições a opções sexuais de seus seguidores.

Cristiane, a intercessora, isto é, responsável por toda a organização dos cultos, do sistema de som à acomodação do público, é casada há quatro anos com a “levitas” Silvia Guimarães, uma das vozes principais do coro. A cerimônia oficial––– aconteceu na igreja, com a bênção do pastor Marcos, que também batiza e prepara “diáconos”, sua versão para seminaristas, para assumir a função de pastores. Elas são mães de Vitória, 8 anos, adotada há três, que dançava e cantava na companhia de outras crianças, filhas biológicas ou não, ao lado dos pais, homossexuais ou não. Era, afinal, uma cerimônia normal, tal e qual se vê na TV, nos programas evangélicos que prometem recuperar alcoólatras, redirecionar prostitutas, ressuscitar criaturas apegadas ao vício do jogo e purificar traficantes. Por ali só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou “tratamento” nas outras igrejas – sem sucesso.

EX-EX-GAY

Marco Aurélio é um “ex-ex-gay”, desgarrado da Assembleia de Deus depois de ter sido desenganado pelo pastor, que, diante do quadro irreversível do “paciente”, recomendou que ficasse “na moita e casado com mulher”. Marco se trancou no armário por sete anos, casado. Mas não engoliu a chave. Abriu, saiu, se assumiu e há dois anos vive ao lado do homem de sua vida. “Meu pastor na época dizia que não existia gay na igreja”, lembra ele, que hoje é um dos diáconos que sonham em assumir o posto de pastor da Contemporânea. “Para ser pastor é preciso estar casado, é importante ver um casal no altar. Queremos ser referência de família”, explica Roberto Soares, pastor da filial de Belo Horizonte, casado há nove anos com Anderson Pereira. “Passamos aos fiéis nossos valores, orientamos sobre sexo, falamos de promiscuidade e traição”, conta Roberto. Ele é o cara da oratória. “É muito comum no meio gay o sexo sem compromisso e outros comportamentos que nos afastam do poder de Deus. Aceitamos o sexo antes do casamento, desde que feito com amor”, emenda Anderson, que também responde pelo louvor dos cultos na capital mineira. “Dividimos as funções no altar, é como funciona nossa igreja.” Mais ou menos assim: enquanto um canta e dança, o outro representa. “Costumamos ir à porta de boates e bares para evangelizar, vamos também às paradas gays. Mas não levantamos bandeira alguma, apenas discursamos em nome da boa conduta. E não praticamos leis condenatórias, como as outras igrejas”, diz Anderson.

Só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou "tratamento" em outras igrejas. Sem sucesso.

Entende-se por boa conduta tudo aquilo que se vê nos preparativos inaugurais da nova igreja, localizada numa esquina residencial e tranquila, agora animada por vozes e acordes de uma turma que se arrumou com o maior esmero (todos de terno e gravatas felizes, com impecável nó Windsor) para orar e comemorar, com cantoria a mil decibéis, a inauguração de mais um templo livre de preconceitos e com os mesmos conceitos cristãos rezados por Edir Macedo e companhia. “Foram eles que nos expulsaram da igreja, dizendo que somos a encarnação do demo, abomináveis, que vamos para o inferno”, lamenta Fábio Inácio, casado com o fundador, Marcos Gladstone e um dos líderes da igreja no Rio de Janeiro.

É ele quem dá início ao culto inaugural, com meia hora de atraso. Tempo suficiente para Kathyla se aquecer e ler a partitura do dia. Ela chama a atenção no palco, morena de mais de metro e 80, idade não revelada – assim como seu nome registrado em cartório. Musicista, toca, além de violão, baixo e cavaquinho. Professora de canto, transexual, uma filha de 18 anos no currículo e um casamento hétero nas costas. “Sou divorciada e solteira”, avisa. Convertida há dez anos, “era católica relaxante”, Kathyla Valverde conta, já sentada na plateia, que tem “uma trajetória na MPB”, tendo trabalhado com Roberto Menescal, Carlos Lyra e Wanda Sá. Não como música, mas como assistente de produção. Já como Kathyla? “Não, ainda não me chamava Kathyla.” A propósito, fala-se Quêitila.

TRANS EM CRISTO

Vai começar o ritual. Nossa personagem abre a bolsa e saca um livro cor-de-rosa, shocking. É a Bíblia, adaptada para mulheres. A Bíblia da mulher que ora, de Stormie Omartian, é um best-seller no meio gospel que ajuda as fiéis do sexo feminino a aprofundar seu relacionamento com Deus ao intensificar a vida de oração. “Sou uma mulher presa no corpo de homem, por isso sou transgênero e não travesti”, explica, baixinho, para não atrapalhar o andamento do culto. “Deus é perfeito, mas muitas pessoas nascem imperfeitas. Vou fazer a cirurgia de redesignação sexual no fim do ano, pelo SUS”, vibra. “Sou uma privilegiada.”

A conversa é interrompida por um número de dança, executado por uma fiel, heterossexual, loira e devidamente escondida sob mantos brancos que esvoaçavam no altar, tendo um adesivo de nuvens como pano de fundo. “Ela é do Ministério da Dança”, explica Kathyla. Fim da performance, é a hora de mais um, quer dizer, oito números musicais comandados por Fábio. Cantoria, palmas, coreografias, pulinhos e um grito de ordem “tira o pé do chão” embalam os fiéis, que levantam as mãos para o céu e, cada um à sua necessidade, fazem seus pedidos para o plano superior.

Jesus revelou que a orientação sexual é algo que jamais pode mudar. Foi construída por Deus

Descontração geral, louva-se a Deus em axé, samba e outros ritmos de rádio. O clima esquenta, literalmente. E o ar-condicionado já não dá vazão a tanta exaltação. Fábio, suado, encerra a apresentação e se dirige para os fundos do salão, onde uma mesa de som e vídeo registrava tudo para uso interno. “Muitas pessoas que estão aqui não podem aparecer, nem todo mundo é assumido”, diz Fábio, que nasceu e cresceu na Igreja Universal. Perdeu a fé aos 24 anos, “acreditava que Deus não me amava, passei a usar drogas, tomava ecstasy em boates”, e a reencontrou em 2006, quando conheceu Marcos. Juntos, fundaram a primeira sede, no terceiro andar de um sobrado no bairro da Lapa, no Rio, tradicional território de travestis e prostitutas da cidade.

“A igreja nasceu e cresceu em torno do nosso amor”, diz Marcos, formado e pós-graduado em teologia pela Universidade Metodista Bennett do Rio de Janeiro. Como tantos outros líderes religiosos Brasil afora, também recebeu uma revelação divina. Em seu caso, na cidade de San Francisco, nos Estados Unidos, berço da militância gay. Lá, diz sua biografia, “o Senhor Jesus revelou que sua orientação sexual era algo que jamais poderia mudar ou fugir daquilo que foi constituído por Deus para ser”. Em 2002, de volta ao Brasil, onde havia deixado uma noiva a um pé do altar, se assume gay, rompe com sua igreja e conhece Fábio.

Casados desde 2009, estão às voltas com o processo de adoção de seu primeiro filho e com a inauguração de mais uma igreja, agora em Niterói, Estado do Rio. “Estamos crescendo e incomodando muita gente. Em nosso site, metade dos e-mails que recebemos é de pessoas xingando a gente de viado pra baixo”, reclama Fábio. Já são seis os templos liderados pela dupla. O céu é o limite. Passa das dez da noite, mais de três horas de culto. Kathyla entrega seu cartão de visitas, “para caso haver alguma dúvida”, guarda a viola na sacola, retoca o batom, “afinal, estou sendo fotografada”, e toma seu ônibus de volta para casa. “Tive um dia cheio, estou exausta. Não vejo a hora de descansar, afinal, sou filha de Deus.”

Todos nós somos, Kathyla.

Reportagem completa com imagens: Revista Trip.

Nota: É a cultura religosa em suas múltiplas faces. É momento, também, para que os que se julgam sem pecado lancem a primeira pedra. Momento oportuno para se perguntar, também, qual o deus que está sendo adorado em tantos centros de difusão de Fé Cega, Faca Amolada (FCFA).

Enéias Teles Borges

segunda-feira, 18 de abril de 2011

As mulheres, a bebida e o cigarro

Homens têm fumado menos e mulheres têm bebido mais, indica Ministério da Saúde

O tabagismo caiu no país nos últimos 5 anos, especialmente entre os homens. Já o consumo abusivo de bebidas alcoólicas aumentou entre as mulheres. Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel Brasil 2010). A pesquisa indica que cerca de 15,1% dos brasileiros são fumantes, enquanto 22% já deixaram o vício. Os homens são os que mais fumam, mas também são os que têm mais deixado o vício e têm diminuído a quantidade de cigarros consumidos. Os mais velhos, que já fumaram mais de 20 anos, são os que mais têm parado de fumar.

“A diminuição é mais lenta entre os menos instruídos. A carga das doenças não transmissíveis diminui mais lentamente ou aumenta naqueles que têm menos estudo. Um em cada cinco fuma nas classes mais baixas”, explica o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. Segundo ele, os mais velhos estão largando o tabagismo, enquanto os jovens começam a fumar, devido a sabores e cores que chamam a atenção dos adolescentes. "Assim o benefício é anulado".

Por outro lado, as mulheres têm abusado mais do consumo do álcool. 18% dos entrevistados disse ter consumido 5 doses para os homens ou 4 para as mulheres em única vez no último mês.  Dentre elas, houve um crescimento chegando a 10,6% em 2010, apesar de os homens ainda abusarem com mais frequência do álcool. Os maiores índices foram encontrados em Recife, Salvador e Aracaju. A pesquisa visa medir a prevalência de fatores de risco para infarto, diabetes, doenças respiratórias, responsáveis por mais de 64% das mortes no país.

O levantamento, realizado anualmente desde 2006, apresenta dados sobre a saúde do brasileiro, a partir de indicadores como tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, sobrepeso e obesidade, alimentação e sedentarismo. É ouvida a população adulta com mais de 18 anos, nas 26 capitais e no Distrito Federal.


Nota: As mulheres mudaram a forma de viver, por "n" motivos, as consequências vão aparecendo aos poucos e também vão se acumulando. Uma pena: sempre vi as mulheres como o principal ponto de equilíbrio na família. Os tempos são outros e mudam, para pior...

Enéias Teles Borges

sábado, 16 de abril de 2011

Indiscutível: Deus existe!

Criacionistas

Para os criacionistas ele existe e é o criador, mantenedor e sustentador do Universo. Não há o que discutir. Ele existe e ponto final!

Ateus

Para os ateus ele existe sim. É uma criatura da mente humana. Como negar, se bilhões o têm na mente? Ele seria fruto das necessidades e medos humanos? Não há o que discutir. Ele existe e ponto final!

Conclusão

Deus existe e isso é indiscutível. Ou existe como criador ou existe como criatura...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 26/08/2010

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os insuportáveis

Depois de muito analisar, o mundo chegou a uma conclusão: os três tipos de pessoas mais chatas que existem são:

1. Político fanático;
2. Torcedor fanático;
3. Crente fanático.

Depois de uma enquete mais técnica, concluiu-se que o crente fanático é chato, chatíssimo e que, portanto, supera os demais. O político tem em quem votar, alguém palpável. O torcedor tem como mostrar por quem torce, indicando o time.

O crente fanático quer que as pessoas acreditem, a todo custo, num ser superior que só é possível enxergar pela fé. E mais: a maneira como ele enxerga é a mais correta. Os demais são uns tolos que não conseguem ver da maneira certa, claro que da maneira dele...

Entre os insuportáveis existe um rei: o crente fanático.

Enéias Teles Borges

Inspiração macabra

O massacre de Realengo, no Rio de Janeiro, tem sido noticiado e exposto pela imprensa. Existem muitos (a maioria) chocados e assustadíssimos com tudo aquilo. Lamentavelmente existem pessoas que compactuam com tal brutalidade e até elogiam a atitude do assassino suicida.

Trata-se de inspiração macabra que toma o corpo de pessoas desequilibradas e voltadas para a violência. Em muitos casos é resquício de intolerância e do fanatismo religioso. O nosso País, que luta para entrar para o primeiro mundo da civilização, parece querer conviver com fatos assustadores e inéditos por aqui.

Quem imaginaria algo assim no nosso País? Mais assustador é saber que existem admiradores mil e que tais fãs podem repetir evento tão vil...

Enéias Teles Borges

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Pregos da cruz de Cristo

Documentarista 'encontra' pregos da cruz de Cristo e gera polêmica

Um documentarista afirma que dois pregos encontrados em um tumba em Jerusalém podem ter sido usados na crucificação de Cristo, hipótese que foi criticada e causou polêmica entre especialistas em arqueologia. Os objetos foram encontrados em 1990, durante uma escavação na região montanhosa de Armon Hanatziv, 6 quilômetros ao sul da cidade antiga de Jerusalém. A área agora possui um parque e prédios residenciais.

No local, estavam dois ossuários - caixas contendo restos mortais antigos -, ambos com a inscrição "Caifás", nome do sumo sacerdote de Jerusalém durante o período de Cristo. Segundo a Bíblia, foi ele quem entregou Jesus ao governador romano Pôncio Pilates, para ser depois condenado à morte por crucificação. Os pregos estavam dentro de um dos ossuários. Outros objetos foram encontrados dentro das caixas, como moedas, uma garrafa de perfume e um lampião. Os artigos foram levados a um laboratório na Universidade de Tel Aviv, onde passaram por estudos e ficaram guardados por cerca de 15 anos.

Para o documentarista Simcha Jacobovici, as autoridades israelenses não deram a importância devida aos pregos, que, segundo ele, teriam sido usados na crucificação e, anos depois, enterrados junto de Caifás por sua família. O motivo disto, de acordo com o diretor, seria o fato do sacerdote ter mudado de ideia sobre Cristo após a crucificação. Enterrar Caifás com os pregos seria uma maneira de dar-lhe proteção divina na vida após a morte.

Jacobovici considera as evidências "muito fortes", mas admite não ter 100% de certeza de que os pregos foram de fato utilizados para crucificar Cristo. O assunto é tema de seu documentário Nails of the Cross ("Pregos da Cruz", em inglês), primeira parte de uma série chamada Jewish Secrets of Christianity ("Segredos Judeus do Cristianismo"), a ser transmitida por uma rede de TV israelense. Nascido em Israel e criado no Canadá, Jacobovici é autor de diversos filmes e programas de TV em que explora assuntos relacionados à arqueologia e à história, como a série The Naked Archaeologist, transmitida pelo canal History Channel

Polêmicas

Alguns documentários de Jacobovici sofreram críticas por sua suposta falta de apuro científico. Um deles foi The Lost Tomb of Jesus ("A Tumba Perdida de Jesus"), que afirma que a família de Jesus estaria enterrada em uma tumba próxima à cidade antiga de Jerusalém. A Autoridade de Antiguidades de Israel, órgão que supervisionou as escavações em 1990, afirma que pregos são frequentemente encontrados em tumbas na região. A entidade diz, segundo a agência Reuters, que o filme de Jacobovici é "interessante", mas a sua interpretação sobre os pregos é "fantasiosa". O órgão afirma ainda que "Caifás" era um nome comum à época, e que não há provas de que os ossuários contêm os restos do sacerdote.

O documentarista, citado pela agência Xinhua, contesta a Autoridade e diz que o nome era incomum, o que faz com que as caixas de ossos sejam de fato do religioso que entregou Cristo a Pilates. Já Zvi Greenhut, da Autoridade de Antiguidades de Israel, que foi responsável pela escavação em Armon Hanatziv, negou, em entrevista à rede CNN, que os pregos que estão na Universidade de Tel Aviv sejam os mesmo que ele desenterrou.

Greenhut disse ainda que considera as teses de Jacobovici “imaginativas”.


Nota: Quem ganha com isso? Eles, é claro, os partidários da FCFA (Fé Cega e Faca Amolada). Fora essa turma, mais ningúem ganha com tamanha bizarrice.

Enéias Teles Borges

terça-feira, 12 de abril de 2011

Forças desproporcionais

Imagine uma luta de gigantes. Um é boxeador e o outro um judoca. Seria um choque de gigantes, mas que se servem de forças desproporcionais. Judoca deve medir forças com judoca e boxeador com boxeador. Você já imaginou um professor de matemática discutindo, no campo das ideias, com um professor de português? São dois monstros do saber, mas que são fortes em suas respectivas áreas de atuação. As forças são inegáveis e são, também, desproporcionais.

Imagine, agora, um choque de gigantes. Um é religioso, uma titã da fé. O outro um cientista, titã do saber mensurável. São fortes, mas detêm forças desproporcionais. Um cientista, debatendo com um cientista, cada um dentro da sua área de saber, é algo possível. De igual maneira é possível o embate entre religiosos. Cientista com cientista, homem de fé com homem de fé.

São forças desproporcionais, que possuem magnitude imensa de poder, cada um dentro do seu meio. Colocar na mesma mesa de discussão um cientista e um religioso seria o mesmo que por no ringue um boxeador para lutar com um judoca. Haveria, sem dúvida, um embate. A mensuração de qualidade, contudo, seria impossível de efetivar.

Tal uso de força desproporcional é indesejável, mas existem aqueles que ainda tentam promover tal tipo de confronto. Daí certamente sairá aquilo que não se aproveita...

Enéias Teles Borges

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O agradável e o verdadeiro

A ideia de um paraíso que aguarda a humanidade no futuro é agradável. Por essa razão muitas religiões (culturas religiosas) foram formadas e existem até hoje. É agradabilíssimo pensar que depois das agruras dessa vida existe a possibilidade de se viver eternamente num reino de harmonia e paz.

A questão que emerge: o agradável é sempre verdadeiro?

Somente um néscio deixaria de buscar o agradável e verdadeiro. Quem não quer viver eternamente em paz, amor, harmonia e alegria? Todos querem. A questão não fica apenas nesse ponto. A resposta à pergunta não é clara: afinal o agradável é verdadeiro?

Muitas pessoas, com base exclusivamente na fé, acreditam que essa perspectiva agradável é, ao mesmo tempo, verdadeira. Nada contra esse ato magnífico de fé. O problema ocorre quando querem que todos aceitem por verdadeiro aquilo que é agradável, mas não pode ser assim provado. É possível ser aceito, pelos longos braços da fé, mas não pode ser comprovado.

Portanto: que cada um, que queira, viva sob a esperança do agradável, torcendo para que seja, no final, verdadeiro - respeitando as opiniões divergentes, claro...

Enéias Teles Borges

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sobre os textos "fé cega e faca amolada"...

Eu pretendia, pelo menos por enquanto, parar com esses textos. Acontece que recebi algumas mensagens, via correio eletrônico, que motivam algumas notas explicativas.

São elas:

1. Entendo que antes de questionar a arrumação da casa dos outros é mister arrumar a própria casa. Refiro-me aos criacionistas de uma forma geral. São vários segmentos criacionistas entre eles o judaísmo, o cristianismo e o islamismo - não podemos nos esquecer das religiões orientais, indígenas e incluir outras variantes do criacionismo. Até mesmo o darwinismo pode ser encaixado por aqui. Sabemos que Darwin se ateve à origem das espécies e não à origem da vida. Digito tudo isso para perguntar: qual a vertente do criacionismo é a correta? Existe alguma que seja? Como discutir o ateísmo sem primeiro arrumar a casa do criacionismo?

2. Como o meu foco foi o “criacionismo cristão” eu nem vou para os outros segmentos. Afinal qual o criacionismo cristão é tido como válido? O católico romano? O ortodoxo? O anglicano? O luterano? Aquele dos protestantes conservadores? Seria aquele dos cristãos carismáticos? Notem que as fórmulas apresentadas pelas correntes cristãs são diferentes em maior ou menor grau. A defesa do criacionismo por diversas agremiações cristãs tem sido feita de forma ponderada ou é na forma de um “proselitismo” disfarçado? Os criacionistas cristãos podem se insurgir contra o darwinismo e ateísmo sem primeiro arrumar a própria casa?

3. Recebi algumas perguntas por e-mail e uma me chamou particular atenção: “Seriam os criacionistas cristãos bitolados e sem capacidade de discernimento?” Notem que em nenhum momento do texto eu sugeri que o criacionismo seja algo “sem pé nem cabeça”, mas que a maneira como tem sido defendido é contraditória, superficial e irritante. Asseverei, inclusive, que determinadas pessoas “se investiram” de autoridade e falam como se fossem representantes do criacionismo cristão! Essas pessoas têm contribuído negativamente! A elas eu me dirigi em determinadas ocasiões solicitando que parassem com essas defesas obtusas, que só servem para pessoas muito simples e despidas de senso crítico...

4. Por fim eu deixo bem claro: as teses ateias não têm atraído adeptos. Criacionistas estão se tornando agnósticos e ateus por outro motivo: a fragilidade dos arrazoados dos criacionistas que defendem seus postulados de forma dúbia! Postulados que são repletos de contrafações e eivados de superficialidade asquerosa!

Meu compromisso é com a verdade e enquanto não a vislumbro, de forma segura, não me sirvo da “fé cega e da faca amolada” para me guarnecer.

Enquanto isso a guerra segue de forma desigual. As armas usadas são desproporcionais. Esse embate não trará qualquer resultado proveitoso...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 26/02/2009

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fé cega e faca amolada - V

Por que destinei os textos da semana para esse tema “fé cega e faca amolada”? Possivelmente para ratificar o que venho dizendo sempre: essa peleja entre criacionistas e ateus é muito chata! Num primeiro momento parece ser algo captador de conhecimento e difusão de idéias. Logo adiante fica claro que é um embate inócuo em que armas de calibres diferentes são usadas. Não é possível mensurar resultados! Não se mede o alcance de cada um! O criacionista não apenas defende essa teoria e sim vê nela, sobretudo, a possibilidade de eternização da vida humana. Busca não apenas um criador. Busca, depois disso e principalmente, um ser pessoal, carinhoso, preocupado... O ateu não nutre esperança similar. Quer apenas o que chama de verdade, não se preocupando com vida eterna, simplesmente porque não crê nisso. É como se batalhasse contra uma alienação humana implementada pelos “preenchedores de lacunas”, via “fé cega e faca amolada”.

Não tenho a pretensão de sugerir o fim do debate. Mesmo porque essa voz, tão ínfima que é, jamais seria ouvida e, se fosse ouvida, seria desconsiderada. Ressalto que a defesa criacionista que abomino é essa dos “criacionistas cristãos”. Parecem “xiitas da fé”. Querem de todo modo que o mundo inteiro se curve diante dessa mistura que chamam de ciência criacionista.

Por hora paro, não sem antes sugerir a você que separou esse tempo para essa leitura: façamos parte de um grupo mais respeitador! Criacionistas, ateus ou agnósticos - não importa! Precisamos aceitar pontos de vista divergentes e analisá-los sempre! A verdade está lá, no lugar de costume. Tal verdade não mudará em função das análises humanas!

Pensemos nisso...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 20/02/2009

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fé cega e faca amolada - IV

Vencida a etapa do convencimento de que existe um criador vem, indubitavelmente, aquela que traz alento ao criacionista cristão: um deus pessoal e, portanto, cuidadoso e atento ao extremo. O criacionista cristão não defende o criacionismo simplesmente porque ele é o espelho da verdade. Defende porque quer vida em abundância. As teses criacionistas cristãs seriam ardorosamente defendidas sem essa bendita esperança? É possível enxergar um criacionista cristão que defenda suas teses apenas pelo compromisso com a verdade?

É bom considerar que a defesa do criacionismo sem objetivar qualquer recompensa seria ato de extraordinário altruísmo. Por outro lado a defesa de uma tese e em seguida o almejar constante pela “vida eterna” não seria expressão máxima de egocentrismo conjugado com egoísmo?

Sempre fico com uma dúvida imensa: a defesa do criacionismo é feita pelos comprometidos com a verdade ou por aqueles que não admitem a possibilidade do fim dessa miserável vida? Chamo a atenção para os criacionistas cristãos que se irmanam em torno dessa “verdade” e que fazem de sua vida uma rotina de supostas boas ações. Há algo de errado em tentar ser bom? Evidentemente que não! Mas qual é o objetivo primordial na busca incessante pelas boas maneiras? A recompensa que vem do cristianismo - uma das vias do criacionismo.

O problema que surge: no afã de desejar defender a própria pele muitos criacionistas cristãos se entregam numa luta insana contra aqueles que são ateus e os chamam de tolos e loucos! Os ateus instam em chamar, em contrapartida, tais criacionistas de medrosos, egoístas, egocêntricos e superficiais. Sim, superficiais! As teses criacionistas não descartam a fé como complemento das muitas lacunas. O uso da fé nessas lacunas causa incômodo imenso nos pensadores descompromissados com eternidade da vida pessoal. O confronto dos que têm fé com os que se escudam permanentemente e exclusivamente na ciência é embate sem nexo e com uso de “armas” diferentes e explosivamente desproporcionais...

Por outro lado os criacionistas cristãos não podem dispensar a fé. Tal fé preenche as muitas lacunas. Sem esse preenchimento não existirá um deus pessoal. E a existência desse ser cuidadoso é, sem dúvida, o grande agente motivador das teses das centenas de agremiações que se servem da “fé cega e da faca amolada”.

Continua...

Enéias Teles Borges
Postagem anterior: 19/02/2009

terça-feira, 5 de abril de 2011

Fé cega e faca amolada - III

Uma pergunta precisa ser feita: quem tem autoridade para defender o criacionismo? Parece uma pergunta óbvia, mas há que se notar os diferentes tipos de defesa dessa teoria. Aqui no Brasil tal postulação é feita pelos “criacionistas cristãos”. Para o cristão o criacionismo é conforme a Bíblia. O sagrado livro cristão tem dois testamentos: o velho e o novo. Aqui, por exemplo, já existe divergência com outro militante criacionista que é o Judaísmo. Os problemas, como podem notar são imensos! Os cristãos, que são ortodoxos por natureza, não advogam simplesmente o criacionismo. Protestam por uma adequação à interpretação de um livro que eles consideram sagrado e único. E os demais livros de outros criacionistas igualmente ortodoxos?

O que dizer de outros criacionistas atuais e do passado? É justo atribuir, aos criacionistas cristãos, o martelo do julgamento? Há respeito às demais interpretações? A defesa feita por aqui não é “bairrista”?

Quero exemplificar o efeito do meu arrazoado. É claro que os criacionistas cristãos, num exercício de honestidade, deveriam ser claros em dizer que defendem o criacionismo à luz dos dois testamentos bíblicos. Não podem deixar de transparecer que essa forma de teorizar o criacionismo é exclusiva e não coaduna em cem por cento com as outras correntes.

Isso tem acontecido? Essa honestidade tem ficado clara?

Quero deixar aqui três links de textos criacionistas publicados no sítio Observatório da Imprensa. Atentem para a forma de defesa de cada texto e os comentários em cada um. Eu diria que ler os textos sem os comentários seria um exercício incompleto.

Os textos são: "Rivalidade ou mal entendido?" - "A Darwin o que é de Deus" - "Endeusando Darwin em clima de guerra".

Sugiro a leitura dos bons artigos e dos comentários. Tirem suas conclusões e perguntem a si mesmos: quem tem autoridade para defender o “criacionismo único”?

Continua...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 18/02/2009

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fé cega e faca amolada - II

Os que desejam ardorosamente o criacionismo como teoria viável precisam estar conscientes de que esse é apenas o primeiro passo. Em geral os que creem na “pujança” do criacionismo sentem a necessidade do segundo passo, que para eles é ainda mais importante: ter a convicção, pela fé, claro, que esse criador é um ser pessoal, que tenha criado tudo com um propósito, que veja o ser humano como sua obra prima e que tenha como objetivo precípuo resgatar os homens desse mundo vil, em decadência moral e natural. Claro que essa forma de ter fé é oriunda dos criacionistas cristãos. Nem vou considerar outros milhares de criacionistas com suas teorias vagas e igualmente sem fundamentação científica.

Aliás a questão científica está num segundo plano. O primeiro é o da fé. Quem assim age merece certo respeito. O problema, a meu ver, se atém aos que querem sedimentar sua crença criacionista via “ciências” de improviso e entre elas está o obtuso (como tem sido proposto) “design inteligente”. A tentativa de substantivar a teoria criacionista cristã com outras teorias de outras procedências tem sido o “calcanhar de Aquiles” dos hoje tidos como “xiitas da fé”.

Os fundamentalistas e/ou “pseudo-cientistas cristãos criacionistas” estão fabricando um monstrengo ao melhor estilo Dr. Frankenstein. Buscam o que consideram ser de melhor na teoria criacionista e fazem uma mistura explosiva com o que entendem de especialíssimo nas demais teorias. No final comportam-se como se tivessem descoberto a pólvora! Na realidade estão fabricando um monstro!

Por esse motivo eles têm deixado, de forma merecida, o posto de pensadores confiáveis. Estão se tornando insípidos, inodoros e incolores. Nem por isso devem ser tratados como se águas fossem. A não ser que possamos considerá-los como águas apodrecidas.

O grande problema é que a membresia de muitas agremiações religiosas é superficial e acredita em muita coisa, inclusive em duendes e em papai Noel. Acredita tanto nesses famigerados e falsos baluartes que outorga, ainda que tacitamente, o poder de representação.

As bobagens que são publicadas acabam ficando como opiniões oficiais de denominações seculares e sérias, mas que estão sendo apodrecidas sistematicamente pelos fundamentalistas malucos: alquimistas da ciência distorcida.

Continua...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 17/02/2009

sábado, 2 de abril de 2011

Fé cega e faca amolada - I

Devo confessar que ando meio constrangido com a ação dos criacionistas em defesa de suas teses. Por que estou constrangido? Porque faço parte deste grupo que vê mais sentido na existência de um ser criador do que nas teorias contrárias a essa existência. De certa forma o criacionismo cego acaba empurrando as pessoas sérias na direção contrária ou no mínimo para as rédeas do agnosticismo.

A defesa do criacionismo tem sido feita por pessoas que não conseguem o revestimento da coerência em suas teses. No afã de defender seus pontos de vista acabam se escudando em fontes dúbias. Além disso é notório o uso de autores e textos longe dos propósitos originais. É lamentável!

Algumas instituições confessionais não têm “defensores” oficiais e uns e outros se postam como se fossem os baluartes da “sã doutrina”. Fazem a defesa em forma de “fé cega” e se servem de argumentos como se esses fossem “faca amolada”. As contradições soam gritantes! É possível ver uma pessoa defendendo o criacionismo cristão e ao mesmo tempo sendo admiradora do (DI) design inteligente.

O criacionista cristão é somente isso: criacionista cristão! Ele não pode se arvorar a fazer misturas como se um químico fosse! As correntes interpretativas não se misturam! São diferentes por natureza!

Tentar pinçar pontos de diferentes teorias para fundamentar a que foi eleita é, no mínimo, um ato leviano. Eis porque eu me sinto envergonhado de estar, ainda, nas fileiras do criacionismo. Cada ato insano afasta mais um, pois a insegurança quanto a uma teoria força o cidadão sério à busca da verdade. Não a achando só lhe resta o amplo manto agnóstico.

Será que esses de “fé cega e faca amolada” não percebem o quanto estão sendo inócuos, inúteis e blasfemos? Acreditam mesmo estar prestando algum bem ao advogar o criacionismo dessa maneira torpe?

Continua...

Nota: Minha postura hoje é a de agnósitco teísta.

Enéias Teles Borges
Postagem original: 16/02/2009

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O sexo e a locação de mulheres...

O anúncio da abertura de um bar onde funcionaria uma "locadora de mulheres", no município de Cajazeiras (480 quilômetros de João Pessoa, na Paraíba) foi alvo de muita polêmica e o projeto acabou abortado por falta de alvará da prefeitura. Com o repúdio de políticos, religiosos e parte de população, a prefeitura de Cajazeiras decidiu negar o pedido do alvará.

Contrariada, a dona do bar, a empresária Carla Simone Braga, que se chamaria "Brega e Chik", desistiu da ideia e agora se diz alvo de preconceito.

A inauguração da locadora estava marcada para a última sexta-feira (25), mas foi adiada por duas vezes devido à falta do alvará de funcionamento. Segundo Carla Simone, os clientes do bar receberiam, junto com o cardápio, um catálogo com nomes, perfis e telefones de mulheres. Com a repercussão, a proprietária trocou o nome "locadora de mulher" por "garotas vips", mas não adiantou. A polêmica foi assunto nas missas, nos cultos, na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa do Estado.

Leia mais em Universo Online.

Nota: É o tipo de prestação de serviços muito antigo. A prostituição não é prática recente. Existe há tanto tempo quanto existe o ser humano. Atualmente no Brasil o problema não está no serviço prestado, mas na sua exploração por terceiros (lenocínio).

Enéias Teles Borges

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