quinta-feira, 30 de abril de 2009

INGENUIDADE? ARROGÂNCIA? OU OS DOIS?

Enéias Teles Borges
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Durante o período em que cursei Direito tive um amigo muito religioso e que se congregava numa igreja pentecostal. Trata-se de um excelente ser humano que ao longo do curso portou-se de forma ilibada. Bom aluno, bom colega e atualmente sabe-se que é trabalhador e ótimo chefe de família.

Com o tempo ele tomou ciência de minha formação cristã tradicional. Poucas vezes falamos de religião. No quinto e último ano da faculdade ele “sentiu” que era chegada a hora de trazer a mim a “verdadeira mensagem”.

Disse que tinha me observado durante todo o período (elogiou-me) e afirmou que só algo me faltava: aceitar a verdadeira luz.

Devo confessar que sou escolado neste tipo de conversa. Já ouvi muito disso. Vi, inclusive, gente de minha agremiação religiosa dizer algo parecido (ou mais forte) para as pessoas de outras denominações cristãs.

Resolvi não polemizar e dizer-lhe simplesmente que nós tínhamos maturidade suficiente para entender que o proselitismo, no nosso caso, não se aplicava. Ele não deixaria a igreja dele e eu não deixaria a minha. Motivo: sempre é assim – cada um acha que a verdade é patrimônio exclusivo da instituição à qual é vinculado.

Ele me olhou fixamente e me disse uma frase: “só que tem um detalhe: muitos acham que têm a verdade, mas eu sei que somente nós (igreja dele) temos a verdade.”

Fantástico! Até nisto todos são iguais! Todos ouvem a conversa dos outros, dão atenção e, no final, pensam ou dizem: “só que eles estão enganados, a verdade está conosco”.

O que dizer? Arrogância conjugada com ingenuidade? Apenas arrogância? Ingenuidade?

Eu sempre pergunto aos religiosos que tentam travar discussão comigo: o que significa um só rebanho e um só pastor? É claro que já sei a resposta: eles fazem parte deste único rebanho (igreja deles) e aquele “um só pastor”, obviamente é o pastor interpretado por eles.

Que maravilha! Ou seria loucura?

O que você acha?
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Originalmente postado em 14/02/2008.
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terça-feira, 28 de abril de 2009

MUITAS MORADAS



Hoje eu saí com um colega de profissão e o nosso objetivo era apresentar soluções jurídicas para um empresário em situação complicada neste momento delicado do Brasil conectado com a globalização.

No trajeto fugimos do tema do cliente e nos centramos em outro assunto.

Além de advogado ele é bacharel em História e está concluindo o Mestrado. A conversa com este amigo tende a ser agradável em função do bom humor que lhe é peculiar. Ademais é culto e de mente bem arejada.

Falamos de religião. Não das muitas religiões existentes, mas acerca da multiplicidade de comunidades que estão surgindo, notadamente no cristianismo.

Afinal por que tantas ramificações?

A resposta dele foi, no mínimo, curiosa: “Deus tem muitas moradas e cada um escolhe um quarto...”.

Não é assim mesmo? Cada segmento é (ou se julga) uma “agremiação” ataviada para o noivo. Cada noiva se considera no direito de vindicar o noivo. Cada noiva acha que é a ideal. São várias, mas qual a escolhida?

É como se o céu estivesse reservado apenas para um único grupo. Neste caso cada membro poderia escolher uma casa ou, pelo menos, um quarto.

Cada grupo religioso, em busca da morada celestial, julga-se um “sortudo”. As pessoas deste “movimento” tiveram a ventura de ter nascido ou evangelizado ali. Quanta sorte! Ou seria uma bênção sem igual?

Que privilégio divino: fazer parte do povo eleito! Eleição maravilhosa em que bilhões ficam alijados. É como se Deus tivesse concedido esta bênção a alguns em detrimento de muitos.

A ironia do meu amigo residia aí. Deus tendo muitas moradas. Apenas um povo eleito e cada um escolhendo um quarto. Esta escolha do quarto é feita aqui e agora. O crente só precisa estar na agremiação religiosa certa. Apenas este mísero detalhe...

Não é fácil estar a um passo da eternidade? Basta apenas ao ser humano permanecer no grupo em que está. Afinal este grupo é o único eleito! E os demais? Ora e daí?
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Postado originalmente no dia 02/02/2008.
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segunda-feira, 27 de abril de 2009

UMA FACETA DO DELÍRIO

Busquei uma definição de "delírio" no dicionário HOUAISS:

Convicção errônea baseada em falsas conclusões tiradas dos dados da realidade exterior, mantida por uma pessoa, ainda que a maioria dos membros do seu grupo pense o contrário e possa provar que está certa (O delírio se distingue da alucinação por ser independente das impressões sensoriais e por apresentar idéias supervalorizadas, rigidamente ligadas à crença delirante).

Eis um substantivo masculino que me causa estranheza, uma sensação desagradável de profunda insegurança.

Não faz muito observei um título de um livro (ainda não o li) que assombrou o mundo criacionista. “Deus um Delírio”, título que causou desprezo, furor e muito mais.

Não quero comentar o livro (quem sabe quando eu puder lê-lo de forma desapaixonada?). Prendo-me ao substantivo delírio e sinto que devo entendê-lo de forma mais ampla, além da conceituação básica.

Será que o inverso é possível? Seria crível que uma pessoa apenas estivesse certa e a maioria delirando? O que é delírio? Uma falsa conclusão ou a conclusão de um que diverge daquela da maioria? O objeto do delírio é a irrealidade ou a convicção de apenas um (ou poucos)?

Quantas vezes eu li e ouvi esta frase: “a voz do povo é a voz de Deus”. Sempre a ouvi e li quando usada para defender os interesses da maioria (grande massa). Em sendo assim eu deveria concluir que a solução da maioria é a solução correta e que sempre a minoria estaria delirando?

Mas há uma premissa: não basta ser a maioria. Há que se fazer prova. Concluo, portanto, afirmando que o ser delirante é aquele que estando do lado oposto à maioria não consegue provar sua tese. Ademais devo dizer que a famigerada maioria não se escuda no seu volume (massa), mas na prova.

A estranheza permanece. Até que ponto a prova poderia ser corrompida, induzindo a maioria ao erro e deixando o solitário coberto de razão? Pergunto mais: até que ponto a prova é tão importante? E o instinto, fé...?

Pretendo voltar ao tema. Robustecendo o que foi insinuado acima. São perguntas singelas lançadas ao vento. Palavras simples impressas para reflexão. Este texto não tem qualquer pretensão conclusiva a não ser provocar o fomento do refletir.

Um bom começo para o estudo do tema é o conceito, etimologia da palavra e seu contexto histórico.

É possível que o delírio esteja na definição convencional...

Será?
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Publicação original: 20/01/2008
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quinta-feira, 23 de abril de 2009

AS CLASSES QUANTO À MANIPULAÇÃO

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Tenho tecido comentários com amigos próximos acerca destas classes. É possível chegar ao seguinte esboço, tendo como alicerce três classes assim conceituadas:

1. Classe pensante é aquela que após analisar as circunstâncias propõe uma linha de conduta;

2. Classe de manobra é aquela que se presta a implementar a linha de conduta da classe pensante; e,

3. Classe de absorção é aquela que por ignorância ou negligência absorve o que foi proposto pela classe pensante e propagado pela classe de manobra.

Confesso que prefiro usar o termo massa no lugar de classe pois assim fica bem mais claro e objetivo. Assim teríamos a massa pensante, a massa de manobra e a massa se absorção.

Não precisamos nos ater ao contexto macro social. Vamos ficar apenas no contexto religioso.

É fato que nos diversos segmentos religiosos a leitura da manipulação é até fácil para quem está de fora. Vou exemplificar:

Tenho mais de 40 anos e depois desta idade passei a ter problemas para ler ou observar objetos bem próximos. À meia distância enxergo bem, mas quando é bem próximo fica tudo embaçado. E o que é mais interessante: demorei para perceber isso até que uma oftalmologista me demonstrasse e explicasse o motivo para tal acontecimento.

Certo dia eu estava observando o movimento de um relógio mecânico de pulso, bem de perto e não consegui ver com perfeição os detalhes da máquina. Afastei o relógio e aí pude ver a beleza daquela engenharia humana. Vi mais: a caixa que envolvia a máquina e o maravilhoso conjunto da obra. O que me impressionou foi um pensamento que me ocorreu. Vendo de bem perto era embaçado, limitado e tornava impossível ver tudo o que aquele relógio representava.

Volto ao tema das classes e a manipulação.

Notem que, neste caso, ver de perto pode significar um ângulo limitado de visão. É incrível como é possível passar uma vida sem perceber o quanto se pode manipular e ser manipulado. É mister o afastamento para olhar. Precisa-se ver à distância. Fugir da visão obliterada é importante.

Com esta simples medida é possível fazer duas escolhas. A primeira é o despir do preconceito. A segunda é definir se quer pensar, manobrar ou absorver. Não tem jeito. Acumular funções é incongruente. Pensar e manobrar? Manobrar e absorver?

Quando penso em algo tão simples me pergunto: o que sou no meu contexto? Penso e induzo à manipulação? Faço manobras para atender interesses de terceiros ao deixar de polemizar, discutir e questionar? Ou não passo de uma esponja dentro de uma bacia de água, absorvendo o líquido sujo ou limpo?

Como o principal objetivo deste BLOG é o fomento de discussões salutares num permanente convite à reflexão eu proponho, aos ilustres leitores, uma pausa. Pausa para pensar e esvaziar de preconceitos.

Por fim responder: a qual classe (massa) você pertence?
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Postado originalmente em 18/01/2008
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terça-feira, 21 de abril de 2009

Um convite à reflexão

É possível pensar e depois investigar sem medo? Medo de ter que rever conceitos filosóficos e teológicos? As nossas convicções são oriundas de um zelo investigativo e do compromisso com a verdade? Tais convicções seriam resultantes de uma tradição familiar, social e religiosa?

Uma viagem pelo mundo do questionamento permitiria uma escolha justa entre a verdade e a mentira? O que é verdade? O que é mentira? A diligente busca e o compromisso com a verdade não poderiam levar o homem à decepção?

Um breve relato:

No ano de 1998 eu tive a oportunidade de conviver profissionalmente com uma pessoa muito inteligente e confusa quanto à vida. Permanecia, mesmo tendo ultrapassado a casa dos 40 anos, questionando tudo o que via e vivia. Perguntou-me se eu poderia ajudá-lo. Eu lhe disse que o presentearia com alguns livros que versavam sobre o tema.

Passados alguns dias ele me disse que não queria os livros. Perguntei: por quê?

A resposta não poderia ter sido pior: "sei que se eu ler esses livros haverá uma mudança radical em minha vida. Não quero isso. Não sei se tenho condições de mudar o meu jeito de ser nem quero. Assim está bom. Pode melhorar, mas pode piorar. Prefiro não me arriscar e continuar como estou...". Ele fez uma escolha. Optou por continuar com suas dúvidas e dilemas. O medo o impediu de avançar. Preferiu o quase conforto da dúvida. Considerou inviável dar um salto adiante. Os livros não seriam suficientes para mudar sua vida. Serviriam como símbolo de uma mudança, de uma conquista, da liberdade...

Muitos são o que são e fazem o que fazem por escolha pessoal. Outros não. Uns vivem a vida de forma convicta outros não. A convicção advém da busca e do compromisso exercidos de forma individual. Sem essa busca e comprometimento o que se tem é um comportamento típico do alienado, daquele que se tornou alheio a si mesmo. Há pessoas que não querem admitir a diferença existente entre a prática resultante da busca personalizada e aquela prática decorrente do que se assimilou de outras pessoas, sem qualquer crítica ou questionamento.

Podemos, finalmente, afirmar que existem pessoas efetivamente convictas? Existem pessoas rigorosamente alienadas?

Enéias Teles Borges
Publicação original: 15/12/2007

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Clima de montanha - I

Não consigo ficar longe da internet. A pousada dos esquilos, em Campos do Jordão, concede-nos um privilégio a mais: o do livre acesso à internet. Minha família está apreciando o clima de montanha. O tempo tem sido generoso, as noites frias, os dias ensolarados. Estamos nesta maravilha da natureza desde sábado e resolvemos emendar esta segunda-feira, aproveitando de forma cabal o feridado de 21 de abril.

É claro que nem tudo tem sido bom. No futebol sofri com a derrota do meu Botafogo FR, na final da Taça Rio. Vi o Palmeiras levar uma bordoada do Santos e ontem não sei se fiquei satisfeito ou não com a vitória do Corinthians sobre o São Paulo. Ainda bem que estou aqui, no alto da serra, apreciando o clima e tudo mais que Campos do Jordão oferece.

Tirando o futebol está tudo em paz. Precisávamos mesmo dar outra fugida da capital paulista. Aquilo lá tem sido uma fábrica de testes diários. A paciência tem sido testada sempre no limite máximo! O trânsito segue cada vez pior. Defender o pão de cada dia é tarefa hercúlea que se repete de segunda à sexta. O sábado e o domingo têm sido utilizados como "recarga da bateria no seio familiar". Estar em Campos do Jordão, em Ubatuba, Monte Verde e outras cidades próximas da Capital não é luxo. É terapia...

Terapia real e ao alcance. Não se assemelha às falsas terapias oriundas do universo das crendices, das quais simplesmente me enojei. O mundo real, com suas alegrias e mazelas é preferível ao mundo fictício, com suas falsas alegrias e reais mazelas, não é?

Enéias Teles Borges

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ubatuba e a força da natureza

Minha esposa e eu passamos o feriado de páscoa em Ubatuba. Nossas duas filhas preferiram ficar em São Paulo e fomos sozinhos como nos velhos tempos. Desde 1989 apreciamos aquela maravilhosa cidade e temos um pequeno apartamento lá. O final de semana foi calmo - mesmo para um feriado.

Um fato me chamou a atenção: a praia que frequentamos estava lotada e por volta do meio dia as pessoas começaram a “levantar acampamento”. As ondas estavam quebrando perto da areia e a água vinha avançando na direção dos banhistas. Não adiantava se afastar na direção do fundo da praia. A água estava chegando. De abril a julho a maré não propicia bons banhos de mar em Ubatuba. As praias ficam pequenas. Eu saí para dar uma caminhada pelas pedras e quando voltei notei uma correria maluca! Uma onda veio e lambeu toda a praia, levando roupas, sandálias e outros pertences de todos. Eu saí procurando nossas posses praianas e depois de recolher tudo, resolvemos retornar ao apartamento. Todos começaram a se mover em direção à saída...

Eu comentei com minha mulher: “imagine um tsunami! Uma onda que veio no nível de nossas canelas provocou este alvoroço... Imagine uma onda de surpresa e com vários metros de altura...”

Cheguei em casa, tomei um banho e me deitei olhando para o teto e imaginando o quão somos frágeis em face das forças da natureza! Basta um acontecimento rápido e violento para que as construções humanas desabem. E não adianta essa conversa de fé e oração! Terremotos, tsunamis e afins são de impossível contensão com ou sem fé! Acredito que na Itália (recentemente) muitos tinham fé e mesmo assim os prédios desabaram! A realidade é que sendo teístas ou ateístas somos frágeis. Somos um nada no universo!

Durante aquela tarde de sábado eu dormia e acordava. Minha esposa lendo ao lado me deixou dormir. Acordei, tomei novo banho e saímos para jantar. Eu precisava me esquecer um pouco da nossa fragilidade humana. Fomos ao restaurante “Raízes de Ubatuba” (vale a dica) e jantamos numa mesa de frente para o mar que recebia os últimos raios solares. O mar não estava calmo. Lançava suas águas violentamente sobre os muros de proteção e, às vezes, gotas respingavam na calçada...

Mesmo apreciando uma agradável refeição e a magnífica presença de minha mulher eu não pude me esquecer das águas invadindo toda a extensão da areia da praia do Tenório, tornando os banhistas agitados e fugidios.

O homem é um nada diante das forças naturais...

Enéias Teles Borges

quinta-feira, 9 de abril de 2009

FÉ: INDÚSTRIA E COMÉRCIO - III

Fé: indústria e comércio - III
Enéias Teles Borges




Na indústria e comércio da fé existem três tipos de indivíduos essenciais: os pensadores, os difusores e os absorvedores.

Os pensadores conduzem a indústria religiosa por meio da implementação da “teologia sistematizada”. Esta teologia precisa ficar entre muros e será modificada de forma gradual, de maneira a atravessar gerações. Uma visualização cautelosa da teologia sistemática de uma agremiação permitirá notar a diferença gritante entre o pensamento dos primeiros teólogos, quando comparado com o pensamento dos atuais. Esta adequação recebe várias expressões designativas tais como “adaptação ao momento histórico”, “revelação progressiva”, “repúdio à inspiração estática” e afins. É grandioso o trabalho executado pelos pensadores que são lotados em seminários, editoras, pontos estratégicos de elaboração e difusão. Eles dão o tom exato do conglomerado da fé, sempre atentos ao que acontece no mundo. A cultura religiosa não existiria sem eles.


Os difusores assumem a função de levar à mesa o alimento idealizado pelos pensadores. Função essencial pois sem este intermediário da fé as elucubrações dos pensadores não chegariam aos agentes de consumo (absorvedores). Os difusores dotados de senso crítico acurado são elevados à condição de pensadores ou sumariamente afastados. Difusor que pensa e questiona é promovido ou demitido. Não há possibilidade de um difusor que pense cumprir o papel de distribuir cardápios e pratos. O difusor bem preparado é o grande gerente (padre, pastor, bispo e leigo de alto conceito) que faz implementação da teologia sistemática criada e sempre adaptada pelos pensadores. É um trabalho hercúleo! Os difusores precisam crer piamente no que ensinam ou pelo menos fingir com eficácia. É irrelevante se o difusor seja crédulo ou incrédulo: o mister tem que ser cumprido rigorosamente conforme ditames dos pensadores. A cultura religiosa não seria difundida sem eles.

Os absorvedores são os alvos a serem alcançados. Não existiriam agremiações compostas apenas por pensadores e difusores. Faltaria o objeto principal para consumir os produtos industrializados e comercializados. A fé sem membresia não existe. A fé sem pessoas para seu efetivo exercício é figura inimaginável! Os absorvedores precisam ser tratados como ovelhas mansas e essencialmente crédulas. Não existe absorvedor questionador. O questionador é excluído do meio. Sua sagacidade não lhe permitiria ser um difusor. Não é permitido dar o grande salto! Impossível saltar do ofício de absorvedor para pensador. A função do absorvedor é consumir! Jamais produzir! Nunca comercializar! A cultura religiosa não seria consumida sem eles.

Fé: indústria e comércio. Simplesmente isto. Uma grande empresa elaborada (pensadores), apresentada (difusores) e amada (absorvedores). Eis um fato que poucos ousam admitir e que muitos insistem em não enxergar...

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quarta-feira, 8 de abril de 2009

FÉ: INDÚSTRIA E COMÉRCIO - II

Fé: indústria e comércio - II
Enéias Teles Borges



O início de um movimento é suscitado pela crença ou pela esperteza. Com o passar do tempo a agremiação ganha corpo físico e corpo doutrinário. As doutrinas são incorporadas na medida em que os intelectuais do meio começam a apresentar teses de onde vieram (ou teses adaptadas). Nada se cria, tudo se copia e modifica. Com a explosão demográfica na instituição de fé outros mecanismos vão surgindo. Há necessidade de diversificação: mídia (TV e rádio), hospitais, educação e afins. O movimento transforma-se num conglomerado que junta bens e fiéis. Observem que acontece esse tipo de crescimento em todas. Todas mesmo!

Precisam surgir diferenciais. Por que ficar nesta e não naquela? A indústria da fé precisa agir com inteligência. Será necessário comercializar a produção de tal forma a levar o fiel a crer que está no único lugar correto. A produção de costumes na indústria da fé tem que ser na medida exata. Remédio em pequena quantidade produz dispersão e remédio em quantidade excessiva aniquila o paciente. Surgem os seminários que produzirão gerentes de ordens: pastores, bispos, padres, não importa o título. Os gerentes são os principais comerciantes no varejo da fé. Precisam ensinar a membresia a vender e atrair mais compradores que se tornarão vendedores... O que se vende? Uma teoria de fé cumulada com práticas específicas. A medida exata da difusão dos costumes e da doutrina levará o membro a se julgar um felizardo por estar no lugar certo.

Não existe outra forma de industrializar e comercializar. Não havendo um equilíbrio nos costumes e nas doutrinas a difusão dos produtos não trará os resultados ideais. Iniciar um projeto e não concluir propiciará uma debandada para outro conglomerado. Nos tempos atuais as instituições de fé estão em luta acirrada. Muitos produtos para poucos consumidores. Incentivos são instituídos e colocados nas mãos dos gerentes de ordem.

Na indústria e comércio da fé existem três tipos de indivíduos essenciais: os pensadores, os difusores e os absorvedores...

Continua...
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terça-feira, 7 de abril de 2009

FÉ: INDÚSTRIA E COMÉRCIO - I

Fé: indústria e comércio - I
Enéias Teles Borges



A fé pode ser industrializada e depois comercializada? Muitos entendem que não. No mundo atual a difusão da fé tem crescido de forma absurda! São tantos, os aglomerados da fé, que é necessário um estudo pormenorizado de cada segmento para saber que tipo de produto está sendo oferecido à membresia. Como são formados os credos? Como são treinados os líderes? Como a doutrina precisa ser incutida? Como ter um diferencial para atrair adeptos?

A religião central do nosso enfoque é o cristianismo. Por hora apenas nele nos concentraremos. Por que o Brasil tem tantas igrejas e seitas? Quais os ingredientes do cardápio doutrinário de casa agremiação religiosa? Qual a maneira inteligente criada pelos núcleos para levar o fiel a acreditar que somente a sua agremiação tem a verdade?

Continua...
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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sábado: equilíbrio e idolatria

Manter o sábado santo tem sido o principal mister de muitos adventistas atuais. Para quem observa, de fora, parece ser o ponto mais importante de toda doutrinação dos ASD. O famoso quarto mandamento, que trata de todos os dias da semana, determinando que em seis dias deve-se trabalhar e que no sábado deve-se descansar, ficou polarizado apenas no tão falado sétimo dia. O sábado tem funcionado como um supletivo religioso. Tudo o que deveria ter sido feito em seis dias, para complemento sabático, passa a ser executado tão somente nesse dia. Talvez por isso muitos se concentrem em templos nos sábados. São necessários dois cerimoniais (por enquanto). As atividades das quartas-feiras à noite e do domingo à noite ficam às moscas ou para frequência de “meia dúzia de gatos pingados”. O sábado tem sido algo elevado a um pedestal que parece ser o único referencial salvífico. É como se a justificação pela fé e seus fantásticos ingredientes não existissem. Basta conversar com membros da IASD para ouvir que muito falam sobre o sábado e pouco sabem e falam da doutrina da salvação. São sabatistas convictos!

Para ler o texto completo basta teclar em [Adventismo Histórico].

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A LEI DE IMPRENSA

A Lei de Imprensa
Enéias Teles Borges


Acredito que ela, a Lei de Imprensa, haverá de cair. Quem sabe um dos últimos ranços da ditadura militar. Conflitos atinentes ao tema passarão a ser resolvidos com base nos Códigos Civil e Penal. O arrazoado do relator Carlos Ayres de Britto é no sentido de que a Constituição Federal do Brasil não recepcionou esta lei, que é de 1967 – da época dos anos de chumbo. A votação no Supremo Tribunal Federal está suspensa. Devemos acompanhar os votos seguintes com atenção e torcida favorável (à queda) – pelo menos este é o meu entender.

Para ler a reportagem na íntegra basta teclar [Última Instância].
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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Campos do Jordão. A calma e a paz...


Desde 1989 nós frequentamos o Litoral Norte, notadamente a cidade de Ubatuba, São Paulo. O caminho que utilizamos é pela Ayrton Senna e Carvalho Pinto. Pegamos um pedacinho da Dutra e descemos pela Oswaldo Cruz. Sempre observei que no final da Carvalho Pinto há uma placa indicando “Campos do Jordão”. Basta apenas passar sobre a Dutra e avançar mais 46 quilômetros.

Sabem o que é curioso? Não conhecíamos Campos do Jordão! No último carnaval (2009) minha esposa e eu fomos sem nossas filhas até esta cidade e por ela nos apaixonamos. Nosso projeto para o futuro seria o de vender o imóvel que temos em Ubatuba e comprar um maior. Aposentadoria: sabem como é... Pois mudamos de idéia! Pretendemos manter o apartamento em Ubatuba e adquirir um imóvel espaçoso em Campos do Jordão! Como será possível? Com o mesmo esforço que sempre norteou nossa vida.

No próximo feriado de Tiradentes iremos passar alguns dias lá. Desta vez iremos acompanhados pelas nossas duas filhas. Queremos ver como reagirão ao ambiente calmo e clima de montanha.

O pouco tempo que ficamos em Campos do Jordão nos permitiu apreciar o movimento noturno no centro “chique” que existe por lá, a beleza nostálgica do Museu da Xilogravura, a formosura dos parques preservados, a visão de cima via teleférico e sobretudo a calma e a paz. Ambiente bucólico e, mesmo nos tempos atuais, interiorano, com seu povo cordial, o comércio de malhas e afins...

Para muitos o viver ali seria pactuar com o tédio. Para outros é aliar-se com a calma e paz...

Enéias Teles Borges

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