quarta-feira, 30 de junho de 2010

Para os que são criacionistas...

Para os Criacionistas um impasse ou novidade no mundo científico pode ser uma brecha. Quando surge mais uma teoria, que conspire contra às que existiam, ainda que não as anule, o teísta sempre terá a chance de dizer: "por que não cogitar um deus, que faz muitas coisas e que essas coisas podem ser feitas de formas diferentes?" O relato abaixo é uma dessas brechas.[ETB]

Exploração Espacial

Astrônomos confirmam primeiro planeta fora do Sistema Solar identificado por meio de imagem direta

O planeta orbita sua estrela a uma distância 330 vezes maior do que a distância da Terra ao Sol
 
"O primeiro exoplaneta (como são chamados os planetas que existem fora do nosso sistema solar) identificado diretamente através de uma imagem foi confirmado por astrônomos canadenses da Universidade de Montreal e do Centro de Pesquisa Astrofísica de Quebec."

"Os pesquisadores canadenses determinaram que o planeta poussi 8,4 vezes a massa de Júpiter e possui temperatura média superior a 1.500º C. O gigante orbita sua estrela a uma distância 330 vezes maior do que a distância da Terra ao Sol. A estrela do sistema 1RXS 1609 é semelhante a nossa em alguns aspectos. Possui 85% da massa e 70% da temperatura do Sol. No entanto, ela é muito mais nova. Enquanto nosso Sol tem 4.6 bilhões de anos de idade, a estrela que ilumina o exoplaneta tem 5 milhões."

"O corpo celeste foi descoberto em 2008, ao lado de uma jovem estrela, mas faltaram provas de que estariam se movendo pelo espaço junto formando um sistema planetário. "Em 2008 só tínhamos a certeza de que havia um objeto com massa planetária bem ao lado de uma estrela", disse David Lafreniere, líder da pesquisa em 2008."

"A proximidade dos dois corpos poderia indicar que haveria alguma relação entre eles, mas alguns cientistas afirmaram que existia a possibilidade do alinhamento entre o exoplaneta e a estrela ser pura sorte. "Nossas novas observações eliminam a chance de acaso e confirma que os astros estão relacionados entre si", explicou Lafreniere."

"Com a confirmação, o sistema denominado 1RXS 1609 apresenta aos cientistas uma espécie única de corpo celeste, que desafia as teorias de formação dos planetas. "A localização improvável desse mundo alienígena pode nos mostrar que a natureza possui mais de uma maneira de fazer planetas", disse Ray Jayawardhana, co-autor do estudo. As descobertas serão publicadas no periódico The Astrophysical Journal."


Nota: A frase "a localização improvável desse mundo alienígena pode nos mostrar que a natureza possui mais de uma maneira de fazer planetas" é uma brecha inquestionável. É como se os cientistas dissessem: "existe uma possibilidade de enxergarmos algo diferente de tudo o que vimos até hoje, na nossa história humana". É fato, devo admitir...

Enéias Teles Borges
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segunda-feira, 28 de junho de 2010

MAIS ÁGUA NA LUA

Cientistas chegaram à conclusão de que a água existente na Lua é em quantidade maior do que a imaginada. Ponto curioso é a teoria que trata do surgimento da Lua: colisão, com a terra, de um objeto das dimensões de marte - daí a origem da lua.

Reportagem completa:

"Cientistas patrocinados pela da Nasa (agência espacial americana) estimam que o volume de moléculas de água presa em minerais encontrados na Lua pode ser bem maior do que se imaginava."

"Pesquisadores do Laboratório de Geofísica da Instituição Carnegie, em Washington, junto com outros cientistas, afirmam que a quantidade de água esteve presente durante a formação da Lua, enquanto o magma quente começou a esfriar e a se cristalizar. A descoberta significa que a água é natural do satélite natural da Terra, em vez de ter sido trazida por asteroides que caíram lá. "

"Durante 40 anos, pensávamos que a Lua fosse seca", afirmou Francis McCubbin, autor do trabalho publicado na edição desta segunda-feira (14) do "Proceedings of the National Academy of Sciences". A equipe analisou compostos presentes em minerais de amostras coletadas pela missão Apollo e um meteorito lunar."

"O grupo utilizou testes que detectam elementos na dimensão de partes por bilhão. Eles descobriram que o conteúdo mínimo de água variava de 64 partes para cinco partes por bilhão para cinco partes por milhão. O resultado tem pelo menos dois graus de magnitude a mais que os resultados anteriores, que estimavam uma quantidade inferior a uma parte por bilhão."

"Jim Green, diretor de divisão da Nasa em Washington, esclarece que a água referida pelos pesquisadores é encontrada na forma de hidroxil (composto químico representado pelo radical OH)."

"Os cientistas acreditam que a origem da Lua é o resultado do impacto de um objeto do tamanho de Marte na Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos. O impacto colocou uma grande quantidade de material na órbita da Terra, o que teria gerado a Lua. O oceano de magma que se formou em algum ponto do processo de compactação da Lua esfriou e, então, ou a água escapou ou foi preservada como moléculas de hidroxil nos minerais cristalizados."

"Estudos anteriores revelaram a evidência de água na superfície e no interior da Lua, a partir da análise de dados coletados pela sonda indiana Chandrayaan-1 e de amostras lunares."

 
Enéias Teles Borges
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sexta-feira, 25 de junho de 2010

A flor é bela, a vida é curta

A beleza da flor é indiscutível. Não importa no que se crê. Do acaso ou de deus, não importa a origem, ela, a flor, é bela. Peculiaridade da flor é a rapidez com a qual sua beleza se esvai. Bela, logo murcha e ao fim seca. Beleza efêmera. Assim como efêmera é a beleza da flor, a vida é curta. A vida é bela, porém curta. O viver é bonito, porém curto. Do acaso ou de deus, não importa a origem, a vida é curta. A beleza da flor e a finitude da vida se confundem. É triste ver uma flor murchar e depois secar. É igualmente tristonho ver uma vida se acabar...

Para ateus a beleza efêmera da flor e o rápido fim da vida são eventos que se repetem e se repetirão. São desagradáveis e não domináveis. Assim foram, assim são e assim serão.

Existem aqueles que não creem dessa forma. São pessoas que acreditam piamente no que está contido na Bíblia, em I Coríntios 15, verso 54: "E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: tragada foi a morte na vitória."

Nesta quinta-feira, 24/06/2010, soubemos de um fato triste, efetivamente muito triste: o falecimento de um amigo muito querido, que residia fora do Brasil. Algo fulminante! Deixou esposa e filhos. Um indivíduo que sempre me fez ver como é bela a flor e que agora me mostrou como a vida é curta. Aos que acreditam e possuem a bendita esperança dedico esta postagem, pois sei que esperam um novo mundo, no qual a flor sempre será bela e a vida não será curta...

Nota do dia 26/06/2010: O amigo que faleceu, no Canadá, era Paulo Vaz. Professor, inteligentíssimo, ótimo argumentador, que viajou conosco (sua família), uma vez, a Caldas Novas, Goiás, e por quem eu nutria respeito, admiração e sincera amizade. Desde que mudou para o Canadá o contato diminuiu e eu sabia do seu viver, no Exterior, por meio de sua página no orkut. 
Enéias Teles Borges
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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Inimigo do seu deus

A postagem a seguir foi extraída do blogue a arte de ter razão, do amigo Ricardo Cluk.

Quando um ateu assevera que deus não existe, muitos religiosos ficam escandalizados e admirados com o fato de que alguém que não acredita no sobrenatural se empenhe tanto no combate à crença religiosa. Chegam a dizer que isso é pouco inteligente.

Acontece que, dentre esses mesmos religiosos, que tanto criticam a postura combatente do ateu em relação à religião, existe uma guerra ideológica em torno de seus deuses e religiões. Por exemplo: o cristão abomina os deuses do hinduismo; o hindu não entende qual é a do cristão; o budista crê numa energia cósmica, que não tem nada a ver com um deus auto-revelado; e por ai vai.

Só para citar a batalha dentro do próprio cristianismo, não faz muito tempo, católicos e protestantes se matavam na Irlanda. A história do cristianismo está manchada com o sangue derramado por cristãos matando cristãos. Hoje, a guerra entre as várias ramificações do cristianismo migrou do campo sanguinolento para o “intelectualóide”.

É comum ouvir pseudocristãos, metidos a intelectuais, chamando os mais ortodoxos de estúpidos e, em resposta a esse tipo de ofensa, cristãos fundamentalistas suplicam ao seu deus para que castigue esses hereges maldizentes lançando-os no inferno, juntamente com pagãos e ateus.

A confusão é tremenda.

Por definição, cristão é alguém cuja vida é centrada nos ensinamentos de Jesus Cristo, mas na cristandade não há conformidade de pensamento a respeito de quem exatamente foi ou é esse personagem bíblico.

Para alguns de seus sectários Jesus é o Deus encarnado; para outros ele não é Deus, mas a criatura primordial da criação; para alguns Jesus foi mais um dentre os profetas; para outros ele foi apenas um ser humano muito sábio; quem sabe ele tenha sido um missionário extraterrestre? E, assim como acontece com as religiões, existe um Jesus Cristo para cada gosto, para cada bolso e para cada nível intelectual.

Na verdade, a única diferença entre um ateu e um crente no sobrenatural é a quantidade de divindades nas quais desacreditam. O ateu não acredita em divindade alguma, enquanto o crente rejeita todas elas, menos aquela por ele idealizada.

Em suma, o ateu tem tanto direito de criticar a fé religiosa alheia, quanto o cristão tem feito com o hinduísmo, ou o católico com o protestantismo... Assim, caro leitor, como a história tem demonstrado, o maior inimigo do seu deus não é o ateísmo, mas o deus do seu vizinho.
 
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terça-feira, 22 de junho de 2010

Futebol, Cristianismo e Ateísmo

Polêmica na Copa do Mundo. O jogador Kaká, em desabafo, mirou o jornalista Juca Kfouri. Segundo o jogador brasileiro, o eminente jornalista direciona seus "canhões" contra ele e sua fé. Kfouri rebateu dizendo que é contra a forma como se comportam alguns jogadores e cita como exemplo a comemoração da Seleção Brasileira na conquista da Copa das Confederações.


Com a palavra Kaká:

“Ele [Kfouri] tem dirigido os canhões para mim, não profissionalmente, mas de uma forma pessoal, direcionada a minha fé em Jesus Cristo. Respeito ele como ateu, mas espero respeito com aquele que professa sua fé através de Jesus Cristo”, declarou o meio-campo.

“E digo isso não só a meu respeito, mas falando de milhões de brasileiros que creem em Deus e em Jesus Cristo”, completou Kaká.
 

Com a palavra Juca:

"Kaká se engana e enfiou Jesus onde Jesus não foi chamado."

"Critico sim o merchandising religioso que ele e outros jogadores da Seleção costumam fazer, tentando nos enfiar suas crenças goela abaixo."

"Um tal exagero que a Fifa tratou de proibir, depois do que houve na comemoração da Copa das Confederações."

"Mas não abri bateria alguma contra ele, provavelmente mal assessorado, tanto que o considerei o melhor em campo no jogo contra Costa do Marfim."

"Apenas noticiei que ele sofre com seu púbis e há quem avalie que isso o levará a encerrar a carreira prematuramente."

"Ele negou as dores no púbis ao dizer que sente dores como qualquer jogador profissional e que o prazer de jogar pela Seleção o faz superá-las."

"Aí caiu na primeira contradição, pois ao atribuir às dores que sentia a sua má atuação na Copa da Alemanha, quatro anos atrás, declarou que não jogaria mais com dores."

"E hoje mesmo, na entrevista coletiva, ao responder sobre se seria operado do púbis depois da Copa respondeu que esta era uma questão delicada e que os médicos divergiam a respeito."

"Mas, para quem não tem nada no púbis, como alegou, por que cogitar de tal hipótese?"

"Talvez só Deus saiba."

"Como não acredito nele…"

Fontes dos textos:


Nota: Não quero fazer juízo de mérito, mas algo bom vislumbro em ambos: os dois são muito éticos. Podemos notar, felizmente, que ética independe de teísmo ou ateísmo...

Enéias Teles Borges
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

MORALISTAS DE PLANTÃO

A Copa do Mundo é contagiante. O Brasil venceu a Costa do Marfim, o povo ficou feliz e um carnaval se instalou... Gritaria, alegria, barulho e cerveja... Seria ótimo se o exagero não ocorresse, mas sempre acontece e, creiam, com uma minoria. É horrível assistir a tudo isso: o exagero de que se servem alguns em qualquer momento especial.

Querem saber o que é mais chato do que o exagero dessa minoria ruidosa? Os chatíssimos moralistas de plantão que estragam a festa. Para esses irritantes seres só existe o exagero. Não conseguem enxergar a alegria de muitos, o desabafo de tantos, os parcos momentos em que os brasileiros se unem, ao mesmo tempo, para torcer pela Seleção Brasileira - uma das poucas coisas realmente boas deste nosso imenso Brasil.

Detesto as pessoas que exageram com bebedeiras e algaravias e abomino esses asquerosos moralistas de plantão!

Enéias Teles Borges
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sábado, 19 de junho de 2010

Igualdade racial

Trata-se de mais uma tentativa, via legal, de redução das desigualdades. Há certas coisas que só funcionam sob a pressão da Lei, não se pode afirmar que estamos diante de um caso que trará os resultados almejados. Ocorre que a igualdade racial ou igualdade no tratamento, independentemente da raça, é sonho dourado. Será possível aplicação do novo Estatuto da igualdade Racial? O tempo dirá. O que podemos afirmar, hoje, é que algo precisava ser feito e está sendo efetivado.

Detalhe: é igualdade racial no que tange aos negros. É certo que existem outras raças no Brasil. Outro ponto polêmico: usar o termo "raça" não seria um equívoco? Todos não fazemos parte da Raça Humana?

"Aprovado nesta semana no Senado, o Estatuto da Igualdade Racial deve seguir para sanção presidencial nos próximos dias, mas ainda tem diversos artigos que precisam ser regulamentados para que possam garantir direitos à população negra."

Veja as mudanças imediatas e outros fatos no Globo Online.

Enéias Teles Borges
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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Fábricas de deuses

Engana-se quem pensa que os aglomerados da fé cristã promovem o mesmo deus. Não é possível que assim seja, pois se o deus cristão, difundido por muitos, fosse amoroso e onipotente conforme todos arrazoam, já teria posto um ponto final na história, de tal maneira, que todos o seguiriam como se houvesse um só rebanho e um só pastor. Não adianta apostar no futuro, dizendo que em determinado tempo, o mundo cristão será um só. O que se vê, sem qualquer sombra de dúvidas, são fábricas grandes, médias e pequenas que produzem e difundem deuses com o mesmo nome. São milhares de deuses, mas todos têm o mesmo nome: Jesus Cristo.

Engana-se o que pensa que o verdadeiro Jesus Cristo é aquele da sua agremiação, difusora da fé cega e da faca amolada (FCFA). Isso é humanamente e também "divinamente" impossível. Um deus de amor tão imenso odeia tanto o pecado quando essa confusão, que do mal decorre. Como ele não acaba logo com essa babilônia, sobra o óbvio que ulula: não existe harmonia, logo não se enxerga um Jesus Cristo verdadeiro. Todos os que estão por aí são caricaturas montadas à imagem das suas criadoras: as muitas fábricas de deuses.

O que existe de louvável em tudo isso é o que chamamos de liberdade religiosa. Todos têm o direito de fabricar, adorar e difundir. É a democracia da fé, promovida pelos homens.

Cada dia mais aquele que queira usar, de fato, a massa cinzenta que possui, haverá de se afastar e até mesmo de se enojar. Não há nojo pelos sinceros (e muitos cegos) seguidores, há asco imenso pelos fabricantes de divindades que se enriquecem e se regozijam sob a sombra dos altos muros das fábricas de deuses...

Por Enéias Teles Borges
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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Deus morreu?

Há pouco mais de cem anos, Nietzsche proclamou a morte de Deus. Desde então o mundo não é o mesmo. (...) No entanto à morte de Deus não se seguiria a morte do homem e do sentido último de toda a realidade?

Segundo Gilles Lipovetsky, "Deus morreu, as grandes finalidades extinguem-se, mas toda a gente se está a lixar para isso (...). O vazio do sentido, a derrocada dos ideais não levaram, como seria de esperar, a mais angústia, a mais absurdo, a mais pessimismo" ( A era do Vazio)...

Kolakowski, filósofo polaco agnóstico refere que, desde a proclamação da morte de Deus, nunca mais houve ateus serenos: "Com a segurança da fé desfez-se também a segurança da incredulidade.(...) De há cem anos a esta parte, (...) praticamente nunca mais vimos ateus serenos" (...)

A pergunta essencial consiste em saber se é possível ser homem sem colocar honestamente a questão de Deus. É que ser homem é a abertura ao Infinito, e, assim, a questão do homem é a questão de Deus precisamente enquanto questão.

(anomalias)


Nota: Não é feio considerar a "existência" e eventual "morte" de deus, dentro do que se propõe à luz do que, efetivamente, transmitiu Nietzsche. Lamentavelmente o grande pensador é elogiado, quando é conveniente e colocado no "rol" dos loucos, quande se torna interessante. O desafio mesmo é tentar entender o seu pensamento, despindo-se de preconceitos.
 
Enéias Teles Borges

terça-feira, 15 de junho de 2010

O neandertal e o homem moderno

O neandertal e o homem moderno
Enéias Teles Borges


Essa notícia só é válida para ateus e evolucionistas. Para criacionistas cristãos, por exemplo, não tem qualquer serventia, nem mesmo valor científico. É claro que valor científico, quando confrontado com a fé cristã, de nada presta. Por essa razão eu afirmo que o valor científico aqui tratado não tem valia no contexto da fé cristã. Que fique bem claro!

Análise parcial de genoma confirma cruzamento entre homem moderno e neandertal

Estudo publicado na edição desta semana da revista “Science” indica que os homens modernos tiveram relações sexuais com neandertais, gerando descendentes vivos. O trabalho traz a análise parcial do genoma de nossos primos evolutivos, que inclui mais de 3 bilhões de nucleotídeos (o que representa cerca de dois terços do genoma).

O material foi extraído de ossos de três espécimes do sexo feminino que viveram na Croácia há 38 mil anos.

Ao comparar o genoma parcialmente completo dos neandertais com o de humanos, os pesquisadores descobriram que europeus e asiáticos compartilham de 1% a 4% do seu DNA com seus primos evolutivos.

O estudo sugere que alguns homens modernos cruzaram com neandertais após deixar a África e antes de se espalhar pela Eurásia. Isso teria ocorrido entre 50 mil e 100 mil anos atrás, no Oriente Médio.

Por isso, seres da nossa espécie herdaram uma pequena fração de DNA desses parentes extintos. Em texto divulgado no site da revista, o cientista Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Leipzig, na Alemanha, diz que os Neandertais ainda “vivem em alguns de nós”.

A descoberta deixou os pesquisadores surpresos. Embora a ciência já soubesse que homens modernos e Neandertais coexistiram no período de 30 mil a 45 mil anos atrás, nenhum sinal de cruzamento foi detectado na análise do DNA mitocontrial de nossos parentes evolutivos, nem em qualquer outro estudo genético. Tanto que muita gente julgava que as espécies não eram capazes de gerar, juntas, descendentes viáveis.

Chimpanzé

Os cientistas compararam o genoma neandertal com o de cinco humanos modernos procedentes da África Meridional e Ocidental, assim como de França, China e Papua Nova Guiné. Também foi comparado com o genoma do chimpanzé, cujo DNA é 98,8% idêntico ao humano.

Na comparação, o neandertal mostrou-se geneticamente idêntico ao humano moderno em 99,7%, e ao chimpanzé em 98,8%. O antepassado comum do chimpanzé com o humano moderno e seu primo neandertal remonta a 5 ou 6 milhões de anos atrás.

"O sequenciamento do genoma do neandertal nos permite começar a definir todas as características do genoma humano que diferem de outros organismos vivos, inclusive aquelas do parente mais próximo do humano na evolução", afirma Pääbo.

O trabalho "é uma mina de informação sobre a evolução recente da humanidade e será aproveitada nos próximos anos", diz professor de engenharia biomolecular da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e principal autor do estudo, que começou há quatro anos.
 
 
Nota: Reafirmo o que sempre assevero aqui: meu compromisso é com a verdade, qualquer que seja. ainda que me lance num mar de decepção e desespero, em razão de minhas crenças adquiridas via cultura religiosa.
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Repensando o Criacionismo tradicional

Astrônomos conseguiram, pela primeira vez, seguir o movimento de um exoplaneta (planeta fora do nosso Sistema Solar), de um lado da sua estrela hospedeira para o outro. A observação foi feita com ajuda do telescópio europeu que fica em La Silla, no Chile.

O exoplaneta tem a menor órbita já detectada - ele está quase tão perto da sua estrela como Saturno está do Sol. Trata-se da estrela Beta Pictoris, uma estrela de 12 milhões de anos que tem 75% mais massa que o nosso Sol. Situada a cerca de 60 anos-luz de distância, este objeto é um dos exemplos mais conhecidos de uma estrela rodeada por um disco de poeiras e restos de matéria.

O exoplaneta, batizado de Beta Pictoris b, tem uma massa de cerca de nove vezes a de Júpiter. Os astrônomos descobriram uma deformação no interior do disco ao redor da estrela que "combina" com os dados sobre a massa e a localização do planeta. Esta descoberta apresenta, por isso, semelhança com a predição da existência de Netuno pelos astrônomos Adams e Le Verrier no séc. 19, baseada em observações da órbita de Urano.

Os cientistas acreditam que este objeto pode ter se formado de modo semelhante aos planetas gigantes do Sistema Solar. Uma vez que a estrela é bastante jovem, esta descoberta mostra que planetas gigantes gasosos podem se formar no interior de discos em apenas alguns milhões de anos, uma escala de tempo curta em termos cósmicos.


Nota: A criação, conforme explicitada pelo Cristianismo, vem sendo repensada por seu principal representante, que é a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). É certo que a forma de repensar não é escancarada (vejamos Galileu e o pedido de perdão séculos depois). A verdade é que à medida que a Astronomia traz fatos novos e imagens impressionantes, precisa-se repensar o Criacionismo. É necessário, num exercício fabuloso de humildade, aceitar que o Gênesis (Bíblia) mostrou, tão somente, aquilo que o homem imaginava ser e dentro do que poderia compreender. Imaginemos um profeta bíblico sonhando com um foguete subindo em direção ao céu. Como ele descreveria esse sonho (visão) com o conhecimento daquela época e com a maneira de expressar de então?

Enéias Teles Borges

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Jesus histórico

O Jesus histórico
Enéias Teles Borges


Manuscritos, descobertas arqueológicas e uma mudança de mentalidade favorecem um avanço na reconstituição da Palestina de há 2.000 anos

Roberto Pompeu de Toledo

Não há quem desconheça esta história. Tem um presépio no começo, pregação e milagres no meio e, no fim, um trágico ato de solidão, humilhação e morte. Não há história mais contada, de geração em geração, mais dissecada nos livros, nem mais repisada, nas artes plásticas, nos últimos 2.000 anos. Conhecem-se detalhes ínfimos. Por exemplo, que havia um burro e urna vaca na gruta, no nascimento do menino. Quatro autorizados historiadores, Mateus, Marcos, Lucas e João, também chamados evangelistas, deixaram para nossa perpétua memória o registro de como se passaram as coisas. Por vezes tiveram mesmo o cuidado de enquadrar o relato central dentro de seu devido pano de fundo histórico, como Lucas, ao escrever que tudo começou quando o rei Herodes reinava na Judéia, sendo Quirino governador da Síria, e na ocasião em que Augusto, imperador de Roma, ordenou um censo universal. E assim poderíamos prosseguir, chegar ao fim do parágrafo em perfeita paz e excelsa glória e até encerrar o assunto por aqui, pois se a história é sobejamente conhecida não há o que acrescentar, se não fosse um detalhe: o que se concluiu até agora é falso.

Não há história mais cheia de furos, esta é a verdade. Os relatos são confusos, as zonas de sombra se sucedem, as contradições abundam. Caso se leia cada Evangelho por si, verticalmente, muito bem - cada história até que exibe certa coerência. O problema começa quando se parte para a leitura horizontal, comparando um com outro. Em Mateus, José é avisado por um anjo do próximo e auspicioso nascimento. Em Lucas, é com Maria que isso acontece. Em Mateus, o menino recém-nascido é visitado por reis magos, ou apenas "magos", como ele prefere. Já em Lucas quem o visita são pastores. Fez-se a conciliação no presépio juntando magos e pastores, e até acrescentando a eles uma vaquinha e um burrinho. Por falar nisso, de onde surgiram tais animais? Não há registro deles nos Evangelhos. A rigor, também não há registro de gruta ou estábulo. O que há é uma referência, em Lucas, a uma manjedoura, onde se colocou o bebê, "porque não havia lugar para eles na sala". O texto é obscuro, mas em todo caso fala em "sala", não em gruta ou estábulo, e dá a entender que se providenciou uma manjedoura à falta de berço, não mais que isso. O resto - uma noite passada no estábulo, à falta de alojamento na cidade, a vaca, o burro... esse resto é folclore. não registro dos Evangelhos.

Quando se compara os evangelistas com outras fontes, externas a eles, o resultado pode ser desastroso. Veja-se o caso do douto Lucas, quando dá suas coordenadas históricas - ele erra tudo. O rei Herodes, da Judéia, já havia morrido, quando Quirino passou a governar a Síria. Portanto, pelo simples e bom motivo de que não houve simultaneidade entre ambos os governos, nada pode ter acontecido quando um e outro governavam simultaneamente. E mais: não se tem notícia de censo universal algum ordenado por Augusto. É fácil concluir que estamos no meio de um cipoal. Que história era mesmo essa? Quem nasceu onde, e quando? Há enormes dificuldades, sim. Por vezes sentimo-nos perdidos na floresta, sem bússola. Mas há também uma boa notícia, para a qual se pede a gentileza da atenção do distinto público. Lá vai: nos últimos anos. tem-se registrado um notável progresso nas pesquisas sobre Jesus.

O que se vai abordar aqui é o Jesus histórico. Que isso fique claro, de uma vez por todas. Não é o Jesus teológico. Não é o Cristo dos altares. Tampouco é o Jesus de cada um. nascido no recôndito recanto da intimidade onde brota, ou não brota, a fé. O Jesus em questão é o que nasceu, viveu e morreu na Palestina, concretamente, num determinado período histórico. Sobre esse Jesus um dos maiores estudiosos do Novo Testamento neste século, senão o maior, o alemão Rudolf Bultmann, escreveu, nos anos 20: "...já não podemos conhecer qualquer coisa sobre a vida e a personalidade de Jesus, uma vez que as primitivas fontes cristãs não demonstram interesse por qualquer das duas coisas, sendo além disso fragmentárias e muitas vezes lendárias, e não existem outras fontes". Bultmann era pessimista, como se vê, a ponto de depor as armas, no que se refere à pesquisa histórica de Jesus. Compare-se agora sua afirmação com outra, formulada em 1985 por um respeitado especialista irlandês, E.P. Sanders: "A opinião predominante em nossos dias parece consistir em que podemos conhecer muito bem o que Jesus queria dizer, que podemos saber muito sobre o que ele disse..."

Que houve, entre os anos 20 e os 80, que aumentou assim a confiança nas pesquisas? Muita coisa: descobertas de manuscritos e sítios arqueológicos, uma nova mentalidade na abordagem do assunto, um rigor crescente. O otimismo que passou a contagiar os especialistas é ilustrado pelo fato de ser farta, e crescente, a produção intelectual no setor. A bibliografia é imensa. Este artigo se baseará em seis livros recentes, três saídos ou que sairão em breve no Brasil e outros três recém-publicados em língua inglesa. Um desses livros, cuja edição brasileira acaba de ser lançada, é Jesus no Judaísmo, de James H. Charlesworth, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Depois de citar as opiniões acima transcritas, de Bultmann e Sanders, Charlesworth acrescenta, a respeito do avanço das pesquisas: "... o fugidio pano de fundo da vida de Jesus está agora muito mais claro do que era, mesmo há vinte anos".

Estamos num mundo de alta erudição. De gente capaz de mergulhar num papiro em hebraico ou grego antigo e voltar à tona misturando o resultado com os recursos da moderna antropologia. Sobretudo, estamos num mundo de obcecados, de estudiosos que consagram a vida a meditar sobre um só assunto, e dos quais se exige, entre outros talentos, um tirocínio de Sherlock Holmes. Tome-se o caso da análise do professor Joel B. Green de uni versículo que aparece em Mateus e também no chamado Evangelho de Pedro, um dos vários Evangelhos ditos apócrifos, de confecção considerada tardia, ou seja, já muito distanciada da morte de Jesus, e não reconhecidos pela Igreja. O versículo refere-se ao momento em que, com Jesus já morto e sepultado, os sacerdotes dizem a Pilatos: "Ordena pois que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para que os discípulos não venham roubá-lo e depois digam ao povo: Ele ressuscitou dos mortos" (Mt 27:64). Mais especificamente, a questão repousa sobre um trecho que aparece idêntico, em Mateus e em Pedro: "...para que os discípulos não venham roubá-lo..." Quem copiou quem? Mateus copiou Pedro ou Pedro copiou Mateus?

Naturalmente, a dúvida só surgiu por conta de especialistas que passaram a sustentar a tese de que, ao contrário de se tratar de um texto tardio, ou seja, já do segundo século depois de Cristo, como em geral ocorre com os apócrifos, o Evangelho de Pedro seria um documento de alto valor, cronologicamente situado ainda à frente dos quatro Evangelhos oficiais, ou canônicos, que se considera escritos mais ou menos entre os anos 70 e 100 do século 1.

Green pegou aquele fiapo de frase, "para que os discípulos não venham roubá-lo", e se pôs ao trabalho. Descobriu que a palavra "discípulo" é comum em Mateus, que a usa 73 vezes, mais do que qualquer outro dos três evangelistas canônicos. Já no Evangelho de Pedro, não aparece nenhuma outra vez. O verbo "roubar" (klepto, no original grego) aparece quatro vezes em Mateus e, de novo, nenhuma em Pedro. Enfim, a preposição "para", no sentido de "a fim de" (mepote, em grego), aparece sete outras vezes em Mateus, e apenas uma outra em Pedro. Conclusão: o cacoete verbal, ou, para ser mais elegante, o "estilo", é de Mateus. Com toda a probabilidade, é ele a matriz. Pedro, ou seja lá quem for o autor que é chamado de "Pedro", já que nunca se tem certeza das atribuições de autoria, mesmo no caso dos quatro evangelistas consagrados, copiou-o. Portanto, seu Evangelho é posterior.

Separar entre a documentação antiga o que tem valor e o que não tem é uma das trabalheiras dos pesquisadores. O público leigo em geral tem fascinação pelos evangelhos apócrifos - a fascinação de entrar num território proibido. Eles são fascinantes mesmo, pelas extravagâncias que chegam a conter. Num deles, Jesus é um menino mágico que faz passarinhos de barro e, depois de bater palmas, põe-nos a voar. Noutro, Jesus, também menino, roga uma maldição e faz cair morta uma criança que o perseguia. Outra cena de infância é mais formidável ainda. Jesus quer brincar com um grupo de crianças, mas elas fogem dele e se refugiam numa casa. Jesus chega e pergunta à dona da casa onde estão as crianças. A dona da casa, para protegê-las, diz que ali não tem crianças. O barulho que ele está ouvindo em outro cômodo é de bodes. Jesus ordena então: "Deixa os bodes saírem". A mulher vai abrir a porta do cômodo e descobrir o quê? Bodes. Jesus transformara seus desafetos em bodes, de vingança, para horror da mulher.

Com uma ou outra exceção, os apócrifos são fáceis de descartar. Trata-se de coletâneas de histórias inventadas, algumas em meios populares onde a religião ainda mal se separava da feitiçaria. Tarefa muito mais complicada, a que todos os pesquisadores do Jesus histórico se dão, é tentar discernir, nos evangelhos canônicos, o que pode ser considerado realmente de Jesus e o que é elaboração posterior. Os canônicos foram escritos a uma distância entre quarenta e setenta anos da morte de Jesus por autores que possivelmente não foram testemunhas de primeira mão de sua vida. Mesmo no caso dos dois evangelistas que são incluídos no time original dos doze apóstolos, Mateus e João, é muito discutível se foram eles mesmos, ou pelos menos aqueles mesmos Mateus e João que conheceram Jesus, os autores dos textos.

Como saber o que é "histórico" em seus relatos? Os estudiosos utilizam-se de variados critérios. Um deles, óbvio, é o da múltipla atestação. Quanto mais um episódio, ou dito de Jesus, for repetido, pelos diferentes evangelistas, mais chance tem de ser verdadeiro. Outro, mais refinado, é o do embaraço. Se um determinado episódio era embaraçoso para as lucubrações teológicas dos primeiros cristãos, e mesmo assim foi conservado nos Evangelhos, é porque deve ser verdadeiro. É o caso do batismo de Jesus por João Batista. Foi muito difícil explicar às primeiras comunidades cristãs por que o superior, isto é, Jesus, havia se deixado batizar pelo interior, isto é, o Batista. Se foi assim, e apesar disso foi consagrado nos textos, então é porque o episódio deve ser verdadeiro.

O estudo lingüístico, que se viu na comparação entre os textos de Mateus e o Evangelho de Pedro, é um dos instrumentos que se tem para a pesquisa sobre Jesus. Outro são as descobertas arqueológicas. E entre elas nenhuma se iguala, em qualidade e fartura, aos chamados Manuscritos do Mar Morto, um conjunto de papiros achado a partir de 1947 nas cavernas da região de Qumram, no moderno Israel. e que até agora ainda não foram completamente restaurados e decifrados. Os Manuscritos do Mar Morto têm servido para muita coisa, nos últimos quarenta anos, inclusive para uma exploração sensacionalista que se situa, na imaginação popular, naquele perigoso terreno entre as previsões de Nostradamus e o segredo dos discos voadores. Na verdade, sabe-se hoje muito bem o que eles são. São uma antiga biblioteca, eis tudo - e é muito. Inclusive, no início dos anos 50, depois da descoberta dos manuscritos, escavações realizadas nas proximidades pelo padre francês Roland de Vaux trouxeram à luz uma construção que, destruída e queimada no ano 68 da nossa era, concluiu-se tratar-se sem dúvida de um antigo convento.

A partir daí formou-se um impressionante consenso entre os especialistas - nas cavernas, os membros da seita de Qumram esconderam a biblioteca do convento. Viviam-se os dias tempestuosos da revolta judaica contra o domínio romano que resultaria, no ano 70 da nossa era, na destruição de Jerusalém. Esconder os manuscritos, acondicionados em jarras, na iminência de um ataque romano que realmente viria a varrê-los do mapa, foi a maneira que os membros da seita encontraram de preservar seus documentos para a posteridade.

A seita em questão, muito provavelmente, é a dos essênios, cujo rastro encontra-se em muitos outros textos da antiguidade. Na biblioteca que eles esconderam nas cavernas há de livros do Velho Testamento a documentos específicos da seita, como o Manual de Disciplina, que era seguido por seus membros. Os documentos foram datados de um período que vai do ano 200 antes de Cristo até 67 depois. Ou seja: muitos deles são até contemporâneos de Jesus. Há centenas de textos completos e milhares de fragmentos, que vêm sendo pacientemente remontados por uma comissão na qual se misturam especialistas judeus e cristãos, sob a supervisão do governo israelense. Decepção: até agora, apesar de serem documentos da mesma época, não há nenhuma menção a Jesus. Isso não invalida, no entanto, o imenso valor dos textos de Qumram para o conhecimento da época e do ambiente que circundava Jesus. "Penetrar no mundo dos Manuscritos do Mar Morto equivale a mergulhar no tempo e no ambiente ideológico de Jesus", escreve Charlesworth, o já citado autor de Jesus no Judaísmo.

Os textos de Qumram revelam idéias muito próximas das de Jesus. Havia entre os membros da seita uma acentuada escatologia, por exemplo - isto é, como em Jesus, um alerta permanente contra o fim dos tempos, que se considerava iminente. Havia também uma total entrega a Deus. Esses e outros traços comuns configuram uma espécie de elo perdido do pensamento judaico entre os tempos do Velho Testamento e o advento da era cristã e sugerem entre um e outro uma transição menos abrupta do que se chegou a supor. A seita de Qumram também escancara a realidade de um judaísmo vibrante e variado, nos tempos de Jesus, tão pouco unitário que alguns autores hoje preferem falar em "judaísmos", não num judaísmo só. No entusiasmo das primeiras descobertas chegou-se a imaginar um Jesus fortemente influenciado pela doutrina dos essênios, quando não um membro da seita.

Na verdade, tanto quanto há semelhanças, há diferenças, a mais gritante das quais é a atitude perante as regras judaicas de conduta. Os essênios são ainda mais fanáticos que os fariseus na sua observância. Já Jesus, como se sabe, disse que o "sábado foi feito para o homem, não no homem para o sábado". Ele dava muito pouca importância ao rigor imobilista com que os ortodoxos mandavam guardar o dia santo, como de resto a todas as outras proibições e imposições rituais. Ou melhor: ele estava aí era para subvertê-las mesmo, num contínuo chamamento para a superioridade da pureza e da devoção interiores, não exteriores.

Em todo caso, há sinais de influência essênia em Jesus, uma das quais, relativa à expressão "pobres de espírito", uma das fórmulas enigmáticas de Jesus - a outra é "o Filho do Homem" -, configura uma conclusão de Charlesworth que se poderia classificar de espetacular. "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus", diz a primeira das bem-aventuranças, do Sermão da Montanha (Mt 5:3). Que pobres de espírito serão esses? Eis a resposta de Charlesworth: pobres de espírito, bem como pobres, "são termos técnicos, usados pelos essênios para se descreverem". O autor cita um dos documentos de Qumram, o chamado Manuscrito da Guerra, para desfiar numerosos exemplos em que os essênios chamam-se a si próprios de pobres, ou pobres de espírito, identificados como "os perfeitos do caminho", que acabarão por derrotar os iníquos.

Outra importante descoberta de manuscritos, feita até um pouco antes, em 1945, ocorreu no Egito, na região de Nag Hammadi. Entre os 53 documentos ali encontrados, todos em copta, a língua falada no Egito, nos primeiros anos da cristandade, inclui-se o chamado Evangelho de Tomé, uma coleção de 114 ditos de Jesus, enfileirados, um atrás do outro, em que alguns vêem a tradução de um original semita talvez dos primeiros tempos. No setor das ruínas desenterradas ultimamente cite-se a casa de Cafarnaum, que Charlesworth, entre outros especialistas, está convencido tratar-se da casa de São Pedro referida nos Evangelhos, entre muitos outros motivos pelo fato de terem sido encontrados anzóis num dos seus compartimentos, exatamente um dos instrumentos de trabalho de seu presumível proprietário. "A descoberta é virtualmente inacreditável e sensacional", observa Charlesworth. Nessa casa Jesus hospedou-se e operou milagres, segundo os Evangelhos. Charlesworth enfatiza, extasiado, que com a descoberta da casa de Pedro tem-se "o mais antigo santuário cristão já desenterrado em qualquer parte".

Fique-se por aqui, embora houvesse ainda muito o que enumerar, em matéria de descobertas. Acrescente-se apenas que a elas juntou-se nos últimos anos uma nova e muito produtiva mentalidade, a de analisar Jesus à luz do ambiente, dos documentos e da cultura judaica em que, naturalmente, estava imerso, algo que, por mais óbvio, não se fazia, por preconceito ou rivalidade religiosa. A soma de tudo isso é auspiciosa. Um escritor inglês do qual adiante se falará mais extensamente. A.N. Wilson, autor de outra das obras saídas por estes dias - Jesus, a Life -, chega a afirmar: "O mundo de Jesus tem sido colocado num foco mais preciso por nossa geração do que por qualquer outra geração anterior, desde o ano de 70 desta era". O ano 70, como já se recordou, é o da arrasadora repressão promovida pelos romanos contra os judeus. De alguma forma, fisicamente, o mundo de Jesus morreu aí. Ao mesmo tempo, segundo prossegue Wilson, a fé católica enveredou por seu "caminho curioso", caracterizado por muito "pouco interesse nas origens semitas de Jesus e ainda menor conhecimento delas". Afinal, quem era Jesus? E por que incomodava tanto a ponto de ser condenado a morrer na cruz?

(Veja)
 
Nota: O artigo é de 1992, o autor é de altíssima capacidade e não podemos, jamais, deixar de atentar para assunto sempre atual.
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terça-feira, 8 de junho de 2010

Eu quero apenas...


Eu quero apenas a tranquilidade para minha família;
Eu quero apenas o suficiente para viver sem me envergonhar;
Eu quero apenas poder querer sem que me achem egoísta;
Eu quero apenas ser ouvido sem ter que bradar de forma estranha;
Eu quero apenas oferecer amizade sincera e não receber mais que isso;
Eu quero apenas ser aceito, mesmo que acredite de forma diferente;
Eu quero apenas ler qualquer leitura que me faça bem;
Eu quero apenas estudar o tudo que se deva buscar;
Eu quero apenas seguir confiando, ainda que sempre desconfiando;
Eu quero apenas aceitar, mesmo que queira sempre questionar;

Por fim:

Eu quero apenas acreditar no que acreditava, sem ser ingênuo.

Sei, porém, que querer quase nunca é poder, pois quase sempre nunca posso, apesar de apenas querer...

(...)

Em tempo: Hoje comecei a me servir de um medicamento - tarja preta. Dizem que ando meio depressivo. Será? Eu apenas quero ser o que sempre fui e sou, mesmo sabendo que nem sempre querer é poder...

Enéias Teles Borges
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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Vida em lua de Saturno?

O contexto religioso/teológico no qual cresci deixou sempre claro: há vida fora da Terra. Vida perfeita, não corrompida pela ação do pecado original. Não há possiblidade para o ser humano, em estado de pecaminosidade, manter contato com vida criada extraterrestre. Sabíamos que se o homem, no futuro, viesse a manter contato com seres de outros mundos, antes da Glorificação em Cristo, a nossa Teologia estaria reduzida a pó. Encontrar qualquer tipo de vida fora da Terra e que não estivesse dentro dos padrões de perfeição (como o homem no Éden), seria o fim de tudo que se crê, no que diz respeito ao "Plano de Salvação" e de "Redenção" do ser humano.

Hoje tenho uma concepção bem diferente de muita coisa. Vejo o avanço da ciência como uma forma, impossível de deter, que mudará, de forma radical, a religião no reino dos homens. Assim como o tempo mostrou que Galileu tinha razão, e quase morreu por isso, o mesmo tempo (conjugado com a ciência) mostrará que muito do que se acredita hoje, no contexto da fé, não passa de mitologia pura. Não me insurjo contra o Criacionismo e sim contra as muitas interpretações ortodoxas e fadadas ao fracasso.

A ciência acaba de dar mais um passo. É certo que poderá ser "passo em falso". Poderá, também, resultar numa descoberta verdadeiramente impactante. Trata-se da possibilidade de vida primitiva numa das luas de Saturno. É claro que tudo se baseia em imagens (e interpretações) feitas à imensa distância. Mas a ciência tem demonstrado que o homem, dentro da ótica tecnológica, tem enxergado muito além da visão...

Leiam, logo abaixo da imagem, a reportagem completa.


"Os cientistas encontraram evidências de que há vida na maior lua de Saturno, Titã. Eles descobriram indícios de que alienígenas primitivos estão respirando na atmosfera da Titã. As descobertas, foram feitas através de uma nave espacial em órbita, revelados em dois relatórios separados. A sonda Cassini da NASA analisou a química complexa na superfície de Titã – a única lua conhecida por ter uma atmosfera densa. Sua superfície é coberta por montanhas, lagos e rios, o que levou os astrônomos a dizer que é o que se tem de mais parecido com a Terra no sistema solar."

"Produtos químicos orgânicos já haviam sido detectados no satélite de 3.200 quilômetros de largura. Mas o líquido em Titã não é água, mas o metano, os cientistas especulam que a vida existente tem origem a partir do metano. O primeiro artigo, na revista Icarus, mostra que o gás hidrogênio flui para baixo através da atmosfera de Titã desaparecendo na superfície, sugerindo que poderiam estar sendo inspirada por insetos alienígenas.  O segundo artigo, no Journal of Geophysical Research, relata que há falta de um determinado produto químico na superfície, o que leva os cientistas a acreditarem que pode estar sendo consumido pela vida."

"O astrobiólogo da NASA Chris McKay disse: "Se estes sinais não virem a ser um sinal de vida, seria duplamente emocionante porque representaria uma segunda forma de vida independente da vida à base de água na Terra". O professor John Zarnecki, da Open University, disse: "Nós acreditamos que a química está lá para toda a vida se formar. Ela só precisa de calor para o arranque do processo. Dentro de quatro bilhões de anos, quando o Sol inchar em uma gigante vermelha, poderia ser o paraíso na Titan”.
 
Fonte: (Minilua).
 
Nota: É claro que precisamos esperar um bom tempo para ter certeza do "sim" ou do "não". Por hora eu sigo humilde e observador. Compromissado que sou com a verdade eu a espero de braços abertos, qualquer que seja a forma como ela se apresentará...

Enéias Teles Borges
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terça-feira, 1 de junho de 2010

Missa para cães?

Missa para cães?
Enéias Teles Borges


Os animais estão em alta. Especialmente os cachorros. Pelo menos nos Estados Unidos os cachorros poderão ir à igreja, latir à vontade, numa espécie de canto sacro.

"Uma igreja da cidade de Danvers, no estado de Massachusetts (EUA), vai oferecer, a partir deste mês, uma missa mensal para os cachorros."

A vida de cachorro está mudando. Logo mais rezarão por suas almas. Daqui a pouco compensará a reencarnação de um humano na pele de um cão. Quem disse que os cachorros não irão para o céu?

Quer saber mais? Basta teclar aqui, no [Globo Online].

Nota: Os humanos são racionais. Os humanos cristãos acreditam que foram criados à imagem de deus. Essa imagem, por certo, deve ser a capacidade de raciocinar. No Cristianismo não se difunde muito essa ideia de que os cachorros e outros animais (todos irracionais), serão tratados por deus na medida exata que os humanos são e serão. Cachorros e os outros animais: nem no céu, nem no inferno. Não é isso que se ouve e lê por aí?
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