terça-feira, 27 de maio de 2008

Sobrevivendo no trânsito paulistano

“É fácil manter quieto o que está em descanso; é fácil prevenir o que ainda não sucedeu; é fácil partir o que é fraco e fácil espalhar o que é escasso: portanto, combate o mal antes que ele comece.” (Lau-Tseu)

A frase popular “é melhor prevenir do que remediar” calha com o pensamento acima e vem, de forma proposital, nesse texto, chamar a atenção das pessoas para o recrudescimento de um sintoma violentíssimo que campeia a cidade de São Paulo. A escalada da violência no trânsito.

Com a concretização do caos no trânsito paulista é natural que a impaciência tome conta dos motoristas. Em qualquer dia, em qualquer trajeto e em qualquer horário é impossível não sofrer com os engarrafamentos gigantescos da metrópole.

O povo até que tenta conviver com isso. Liga o som e ouve música. Procura esquecer que está ali, no olho do furacão. Mas a paciência está se esgotando dia após dia.

Quais (tem sido) os noticiários comuns? “Motorista é baleado após acidente de trânsito”. “Vítima morre e o agressor foge”. “Homem é ferido em briga de trânsito”. “Mulher dirige quilômetros na contramão”. E por aí vai...

Combater o mal aqui não é fugir do trânsito (impossível!) e sim ficar cada dia mais preparado para ele. Evitar, a todo custo, discutir nas ruas entupidas de carros. Esforçar-se para ser cordial. Isso mesmo! Cordialidade! E pode ser simplesmente deixando o veículo ao lado manobrar, entrar na frente, ceder passagem...

A cada dia o cidadão é provado – duro teste! Sair de casa é uma aventura. Voltar para casa é uma necessidade. Sobreviver é o mais importante. É difícil? Sim, claro que é. Mas com a prevenção fica menos pior...
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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um senador exemplar

O Brasil perdeu um grande representante no Senado. Trata-se do senador Jefferson Peres. Homem que representou com dignidade o estado do Amazonas e mostrou, ao povo brasileiro, que é possível fazer política com ética.

Podemos dizer, sem constrangimentos, que estamos de luto. A perda é irreparável no presente momento. Era uma das poucas colunas confiáveis. Sempre se mostrou coerente e firme nas decisões contra os corruptos que insistiam em assolar a Nação.

Uma pena. Triste mesmo.

O que podemos fazer nesse instante a não ser almejar? Almejar que surja (e rápido) outra pessoa que possa nos manter esperançosos neste contexto no qual a ética parece não ter valor...
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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Indiana Jones e minha família...

Hoje aproveitamos o feriado para fazer algo aqui mesmo. Não viajamos. É preciso juntar um pouco de dinheiro para a viagem anual de férias com amigos. A receita foi fazer algo bom, bonito e barato. Fomos ao cinema e assistimos ao filme “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”. Boa sala de cinema, bom ambiente, boa pipoca e bom refrigerante. Minhas filhas, esposa e eu – ótimo time! Eram muitas famílias. Na fila conversei com um senhor e lhe disse que as minhas meninas fazem parte da geração “Harry Potter” e que nós somos da geração “Indiana Jones” e “De volta para o futuro”. Foi interessante e gratificante ver tantas famílias reunidas para ver um bom filme.

Não vou comentar sobre a trama, em respeito aos que ainda assistirão. Digo que é bom e paro por aqui. Uma frase no entanto me chamou a atenção, num diálogo entre Indiana e o reitor da faculdade. Este último disse algo assim: “a vida nos dá muito e depois começa a tirar”. Referia-se à morte de amigos.

Interessante, não é? A vida nos dá amigos, filhos, parentes, etc. Com a passagem do tempo as pessoas vão envelhecendo e morrendo. Vão se acidentando e morrendo. E nós também seguimos por este caminho comum aos viventes da terra. Faz parte deste nosso contexto de pecado, para os que assim crêem ou, para os que pensam de forma diferente, faz parte do processo natural no universo. É a permanente mudança de estágio da matéria...

Fato é que num belo filme de aventura coube espaço para uma rápida reflexão.

Desejo a todos os que ainda não assistiram ao filme um bom divertimento!
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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Filhos aprendem com o exemplo...

Ao senhor Antônio Nardoni: os filhos de "papais".

Silvana Cervantes

Há tempos venho observando as contradições presentes em alguns pais. Trabalho com educação há 22 anos, e acho que posso falar sobre este assunto.

De uns anos pra cá, as famílias têm "acobertado" os erros de seus filhos, com quem acoberta os seus próprios. É preciso achar um culpado para atos maldosos e fora de propósitos, e não raro a "culpa" recai sobre os professores, ou sobre quem estiver mais próximo.

Semana passada, ouvi de uma mãe que foi chamada para um papinho: “meu filho me conta tudo o que acontece aqui na escola, conta que os amiguinhos batem nele, e o que vocês professoras dizem, ele conta realmente tudo”.

Eu respondi: “pois é mãe, acontece que ele também conta tudo o que acontece em casa, na sua casa! A senhora empalideceu...”.

Eu continuei: “esta semana ele nos contou, como a senhora resolveu uma questão com o filho mais velho, enfiando a cabeça do menino na privada!”

Não preciso nem contar com que cara ela ficou...

Não importa o nível cultural, nem social, o que venho notando é que valores como assumir o próprio erro, ficaram no passado.

Os pais vêm encobrindo e pior, vêm ensinando os filhos a burlar a verdade. Antigamente, quando um filho chegava em casa e mostrava um bilhete da professora, recebia advertência em consonância com a escola.

Agora o que se ouve é: “vou lá tirar isso a limpo com a "louca" da sua professora! Ela terá o que merece!”

E eu pergunto: “como afinal isso vai acabar?”

Quando a humildade de se reconhecer um erro, retroceder, pedir desculpas, pedir ajuda para se endireitar, reerguer e se tornar "gente" de verdade vai prevalecer?

A resposta é simples...

Quando os pais servirem de EXEMPLO aos filhos.
Simmmmmmmmmmmmmmmmmm, atenção: filhos aprendem com exemplos mais que com palavras! Quando os pais através de atos, se auto condenarem por seus erros, assumirem suas culpas, quando condenarem os atos errados de seus filhos, e os fizerem também assumir suas culpas.

Senhores pais, ouçam o apelo de quem vive para educar: proteger seus filhos, não é isentá-los de culpa! Proteger é fazê-los saber que humanos erram, E QUE ACERTAM, TODA VEZ QUE ASSUMEM SEUS ERROS COM TODAS AS SUAS CONSEQÜÊNCIAS....

Isabella estaria viva se o senhor tivesse ensinado seu filho que de nada adianta tentar encobrir um erro e tentá-lo jogar em cima de outrem, muito menos pela janela...

Nota do Editor: este texto veio para minha caixa postal eletrônica, enviado pela professora Gerusa Martins.
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terça-feira, 13 de maio de 2008

O presidente e a sacanagem

Mais uma vez o assunto: cartão corporativo. Desta feita acompanhado por uma palavra que pode ser considerada de diversas formas, inclusive como sendo chula. Muita gente tentará justificar o uso da palavra sacanagem. Alguns invocarão o regionalismo, a simplicidade do Presidente da República, seu linguajar coloquial e a sua identificação com a massa sofrida.

Com boa vontade poderemos dizer que esse substantivo feminino é um comentário divertido, feito a respeito de alguém ou de algo. Que sacanagem poderia ser um ato praticado contra alguém, podendo ser um gracejo e mesmo uma tentativa de ludibriar.

Sem boa vontade poderia ser dito que sacanagem é um ato de maldade, perversidade e deslealdade. Exagerando um pouco seria possível inferir que um sacana é aquele que tem procedimento próprio de um devasso, espertalhão ou trocista.

Para aqueles que vêem a perversão sexual em quase tudo que se fala e se ouve, a sacanagem pode ser retratada como um ato imoral (libidinoso), uma libertinagem; uma transgressão das regras elementares no campo das práticas sexuais. A sacanagem pode ser descrita (até) como a masturbação.

Os ingênuos ou aqueles que se insurgem contra a malícia generalizada empurrariam o assunto para a rubica da culinária e diriam que a sacanagem é apenas um acepipe de pedaços de salsicha, queijo, pimentão e outros aperitivos espetados num palito.

Como podem observar a palavra sacanagem tem variantes que podem ser usadas conforme o gosto de quem pratica, fala e ouve.

No caso do pronunciamento do Presidente, no dia 12 de maio de 2008, o que ele quis dizer? Certamente que providências precisam ser tomadas para impedir que pessoas usem o cartão corporativo de forma malandra, isto é, de forma sacana.

Simples de entender, difícil de aceitar. Mesmo sabendo que nosso Presidente não é um homem de “muitas letras” não ficou bem para a sua imagem. Mesmo admitindo que não houve intenção torpe em suas palavras, não ficou bem para o que se espera do representante máximo da Nação.

Que o uso do cartão corporativo tem sido mais uma vergonha nacional não há menor dúvida. Assim como ninguém duvida de que o nosso Presidente poderia e deveria escolher melhor as suas palavras.
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domingo, 11 de maio de 2008

Nome de mãe

Em 1971, na cidade de Vitória da Conquista, Bahia, eu tive como professora uma excelente senhora: Maria Célia Ferraz, esposa do ex-prefeito e deputado federal Raul Ferraz. Naquele ano, na semana que precedia ao domingo das mães ela me incumbiu de declamar um poema. Chegando em casa e narrando o fato o meu irmão mais velho compôs uma poesia, que declino logo abaixo, em homenagem à minha mãe.

NOME DE MÃE

De: Enoque Teles Borges

Nome autêntico e magnífico,
Que em três letras de diz,
Nome eterno e pacífico,
Dos nomes o mais feliz.

Nome sagrado e contente,
É amor e amizade sem par,
Nome doce e refulgente,
Que em afeto não se pode superar.

Com o M escrevo materno,
No A registro amor,
Esse E significa eterno,
E eternamente amarei a ti com ardor.

Simples e objetivo, não é? Jamais o esqueci.

Feliz dia das mães!
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domingo, 4 de maio de 2008

Um amigo exemplar

Ainda hoje tive a oportunidade de conversar com um amigo - vizinho de casa no condomínio de Ubatuba. Ele tem quase 77 anos. É um senhor de muito conceito no nosso meio. Reside em Poços de Caldas e (como nós) adotou Ubatuba como a cidade refúgio ou como alguns dizem, a cidade do coração.

A esposa dele tem 79 anos e, apesar de bem cansada, conserva a serenidade típica de uma pessoa que teve uma vida de realizações familiares. Ela me dirigiu a palavra dizendo que as minhas filhas (18 e 15 anos) estavam crescidas e bonitas. Lembrou-se quando as pegou no colo. Somos vizinhos de condomínio desde julho de 1989. Minha esposa estava grávida da nossa primogênita.

A vizinha foi andar um pouco e eu segui conversa com o vizinho. Ele discursou a respeito dos dois filhos – muito bem estabelecidos e dos cinco netos: uma é jornalista, outra está concluindo medicina e outra concluindo faculdade de direito. Os dois netos: um é engenheiro agrônomo e o outro está concluindo a faculdade de direito. Meu vizinho é um homem realizado. Não teve oportunidade de fazer uma faculdade. Trabalhou muito na vida, mas realiza-se ao ver as conquistas dos filhos e netos.

Disse-me que dos grandes países no mundo não conhece a China e o Japão. Agora que pode “viver um pouco” passou a viajar com pessoas da “melhor idade” pelo mundo. Juntou um dinheirinho e goza de forma merecida. Goza não, gozou. Com a debilidade da “patroa” resolveu desistir das viagens internacionais e faz de Poços de Caldas a Ubatuba e de Ubatuba a Poços de Caldas suas atuais e constantes viagens.

Enquanto eu guiava o carro de volta para São Paulo, Capital, depois do meio-dia de hoje eu pensava naquele sorriso de um homem realizado. Que dedicou e ainda dedica a vida à família. Que exemplo de pessoa! Ganhei o dia ao conversar por boas horas com aquele ser humano espetacular.

Considero importante comprovar esse tipo majestoso de comportamento. Em especial quando parte de uma pessoa que, mesmo sendo religiosa (católico não praticante), não pauta o correto comportamento por normas eclesiásticas. Faz o que é certo simplesmente porque assim deve ser.

Desde 1989 eu tenho mantido uma amizade salutar com meus vizinhos ubatubenses e tem valido a pena. Ubatubenses enquanto estão ali. Vêm de diversos pontos do Brasil, são de diferentes religiões e são amigos leais.

Nunca fizemos proselitismo naquele lugar e pretendemos continuar agindo assim. O que realmente vale naquele bom ambiente é ser considerado como amigo. Mais do que ser considerado é preciso ser, de fato, tal amigo.

A amizade não tem fronteira e não tem barreira. A amizade independe de raça, cor e especialmente do credo de cada um.
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sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ubatuba com chuva é normal

Não apenas normal. Eu diria que, conforme o caso, é sensacional. Sensacional porque permite um sossego maior. Esse sossego decorre da ausência de muitas pessoas que buscam nesse paraíso a presença do sol. Não apenas o sol, mas a possibilidade do exagero no barulho. Barulho promovido pelo consumo exagerado da bebida.

Com chuva muita gente não vem ao litoral ubatubense. Aí temos, de volta, a cidade calma, bonita e receptiva.

Não sou contra o clima ensolarado. Sou a favor e muito, mas não nesse momento em que o sossego e o descanso são essenciais - Sampa tem sugado o que nos resta de energia, em sua correria sem fim...

Aqui na pacata Ubatuba chuvosa foi possível ir à única sala de cinema e assistir ao filme "O Homem de Ferro". Fui com minha família e lá comemos pipoca e tamamos refrigerante. Tudo em paz e sem tumulto. O retorno para casa não gastou mais que poucos minutinhos de carro. Poderia ter sido "a pé", tamanho o sossego.

Quando se está cansado nada como a querida "Ubachuva".

Enéias Teles Borges
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