segunda-feira, 1 de junho de 2009

QUANDO CRISTO VOLTAR VOCÊ VAI PAGAR!

No princípio era assim: acima de tudo e de todos estava Deus. Com Sua barba longa, cabelos brancos, corpo roliço e barriga avantajada, lembrava-me o bom e velho Papai Noel. Passava a maior parte do tempo acomodado em Seu enorme trono, em divino e santo ócio. Às vezes bocejava. Eu imaginava que, quando lúcido, Suas atitudes se assemelhassem às de meu avô, um velhinho bonachão e divertido que gostava de contar histórias exageradas. E pouco abaixo dEle estavam seus dois filhos, Jesus e Cristo, aos quais Ele delegara a missão de cuidar do Universo.
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Para ler o texto, gentilmente cedido pelo editor do blog, basta teclar em [de texto em texto].
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quinta-feira, 28 de maio de 2009

CONSELHO AOS CONSELHEIROS


Uma das virtudes humanas que mais me gera admiração é a capacidade de ouvir. Ouvir com empatia. Ouvir pura e simples. Abrir mão de sua vida e de seus problemas para, por alguns momentos, ouvir o desabafo de outro. Infelizmente, essa capacidade me parece estar cada vez mais escassa. Em toda minha vida, não me lembro de ter encontrado mais do que quatro ou cinco pessoas detentoras dessa virtude que tanto admiro.
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Para ler o texto completo basta teclar em: [leite com manga faz mal].
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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Por que as pessoas mentem?

A pergunta acima foi feita por minha filha, então com cinco anos. Naquele ano de 1989 em virtude de uma análise do calendário judaico, que segundo os alarmistas, apontava para seis mil anos (vida na terra) e imaginava-se que num determinado dia daquele ano o mundo, como conhecemos, teria seu fim. Até as emissoras de rádio e de televisão aconselharam os pais: deveriam ficar com os filhos naquele dia, para que eles não sentissem medo daquilo tudo. Era mais uma “profecia” louca!

Lembro-me que no dia fatídico eu fiquei com a minha filha mais nova. Dizendo que era tudo bobagem. À noite permaneci ao seu lado até que dormisse. Dormiu com medo. Tinha ouvido de muita gente essa “profecia” e com a idade que tinha viveu momentos de terror.

Na manhã seguinte, quando ela acordou, eu lhe disse: “viu? O mundo não acabou!”

Ela olhou para mim e perguntou: “pai, por que as pessoas mentem?”

Eu levei algum tempo para explicar a diferença entre profecia equivocada ou precipitada e a mentira.

Ela aceitou minha explicação, confiando na minha condição de pai. Mas ficou inconformada com o ocorrido. Tinha sofrido tanto por algo difundido por fanáticos irresponsáveis!

É importante atentar para as centenas de “profecias” à disposição no “mercado da fé”.

A visita de Bento XVI aos Estados Unidos já promoveu muitas análises especulativas. Seriam mentirosas? Verdadeiras? Profecias expostas precipitadamente?

Não sei.

Mas insisto: vamos ler, ouvir e só falar depois...

Nota atual do Editor: o papa esteve nos EUA e como devem notar "tudo continua como dantes na casa do Abrantes..."

Postagem anterior: 16/04/2008.
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terça-feira, 26 de maio de 2009

UM POR TODOS E TODOS POR UM

A família, mesmo aquela tida como tradicional, anda padecendo. É conseqüência dos males hodiernos. As redefinições dos procedimentos cotidianos têm contribuído para um novo tipo de relacionamento familiar. É necessário repensar a forma como a convivência entre os membros de uma família deve ser em face do quadro atual.

Continua sendo preponderante a máxima dos mosqueteiros do rei: “um por todos e todos por um”. A maneira como isso dever ser aplicado é bem singular. Cada membro da família ponderará acerca da causa e efeito dentro de casa. Antes de qualquer atitude pensar: “o que isso afetará a minha família”? É bem por aí mesmo! A família passa a ser esse “um”. A paráfrase é simples: “a família por todos e todos pela família”.

O egoísmo e o egocentrismo precisam ser erradicados do lar. A conscientização deverá ser centrada na família. No bem-estar coletivo familiar. Parece óbvio? Simples demais?

Observem os pequenos acontecimentos diários: lar da classe média, um carro com o pai e o outro com a mãe. Filhos que se deslocam para as escolas em lotação escolar ou ônibus de rotina. Compromissos que forçam membros da família a quebrar a rotina e com isso suprir essa mudança promovida por um.

Imaginem mais: isso acontecendo todo dia!

É na análise dos pequenos acontecimentos que a família vai criando a sua rotina. Essa rotina não será, necessariamente, parecida com a do vizinho ou com a do melhor amigo. Cada família tem a sua característica. Cada célula tem formas diferentes de tocar a vida. Cada dia é diferente na vida de uma família, comparado com a de outro núcleo.

O que não se pode exigir é resultado igual entre famílias quando as rotinas são diferentes.

Os membros de uma família precisam pensar primeiro no bem estar da sua casa. Nada de olhar sobre os muros do vizinho. Não é momento de criticar, pois cada “um é cada um” e também não é hora de ajudar. Como alguém pode ajudar se ainda não se colocou devidamente no novo contexto? Um cego guiando outro?

Frisa-se que as alegrias e mazelas do dia-a-dia afetam a todos e em todos os contextos: do trabalho, social e religioso.

Eis porque as pessoas devem olhar com simpatia para os que estão do seu lado. Não se sabe a luta travada pelas famílias desse mundão afora.

Talvez aí esteja o grande testemunho que cada um pode dar: a família pelos membros e os membros pela família. Somente depois desse passo, que deve ser o primeiro e o fundamento, será possível contribuir como uma bênção social.

Vivemos num momento em que um bom exemplo dado pela família vale muito mais do que muitas ações tidas como meritórias.
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Postagem original: 18/04/2008.
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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Azeitando o sapo

Para os que conhecem a capital paulista será fácil entender meu trajeto. Na quinta-feira, 03/04/2008, eu saí do Fórum Criminal Federal, na Alameda Ministro Rocha Azevedo e andei pela Avenida Paulista, passando na frente do vão do MASP e entrei no metrô. Fiz baldeação saindo dessa linha verde e passando para a azul na estação Paraíso. Eu tinha como destino a estação Sé.

Dentro do metrô, linha azul, eu vi. Era um garoto com cerca de seis anos. Estava numa cadeira de rodas. O metrô cheio. Ele usava roupa típica para a sua idade. Óculos “fundo de garrafa” e um olhar triste. Muito triste. Ele estava pensando, queixo sobre as mãos. Era desagradável vê-lo assim. Possivelmente pensava na rotina que vivia todo dia. Não podia viver como as demais crianças.

Eu não conseguia deixar de olhar para o garoto.

Vi mais: a mãe! Ela tinha uma aparência que transmitia cansaço. Que loucura deve ser a vida daquela mulher! O que ela precisava dizer sempre ao filho, motivando-o? Sabe-se lá o quê!

De repente ela olhou para o filho, e estendeu a mão. Os dedos entre os cabelos do garoto e um olhar cálido. Aquele mesmo de uma verdadeira mãe. Fiquei comovido e ao mesmo tempo tomado por um sentimento inexplicável de plena incapacidade.

Meu Deus e os excluídos?

Eles desceram na estação Sé. Seguiram na direção imutável da rotina que lhes é peculiar. Eu também desci e dei seqüência à minha vida. Vida?

Meus amigos, a vida é bela? É feia?

Ultimamente tenho me motivado por contraste ou algo assim. Contemplo o meu viver e sei que muitos estão em situação bem pior. Com isso eu me julgo proibido de lamentar da vida. Penso assim: “poderia ser pior...”

A que ponto chega o homem! Engolir um “sapo” e dizer algo mais ou menos dessa forma: “pelo menos o sapo que eu engoli estava azeitado e desceu com menos dificuldade; pior seria engolir o sapo seco, dilacerando a garganta”.

Meu Deus e os excluídos?

Talvez aí esteja o real enfoque dos promotores da alienação em massa. Sempre contrastar os momentos de uns com os de outros em situação pior, induzindo aqueles ao agradecimento. “Graças a Deus, poderia ser pior”. Seria uma motivação correta? Seria o azeite no sapo?

Não julgo, mas vejo. Não avalio, mas enxergo. A vida real é dura e não nos permite o uso permanente de paliativos. Como diriam alguns: “um dia a casa cairá”. O uso constante desses paliativos alienantes nos impede de lutar pela sobrevivência real.

A vida é dura, mas pelo menos estamos vivos. Que tal essa? É necessário lutar nesta vida, lembrando-se sempre que a vida é eterna. Eterna enquanto dure. Essa foi boa?

Para os que precisam “azeitar o sapo” eu informo que existem vários tipos de azeite. Mas aquele considerado como o mais eficaz é o famoso AZEITE RELIGIÃO.
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Postado anteriormente no dia 05/04/2008.
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segunda-feira, 18 de maio de 2009

A TAL LIBERDADE...

Estive em Tremembé, cidade que fica pertinho de Taubaté. Motivo: exercer parte amarga de minha profissão - visitar um preso. É atividade que devo desempenhar com galhardia, mas confesso que não é muito fácil. Procurei seguir a rotina básica, saindo de São Paulo logo cedo e encarando a estrada. Das nove às onze horas eu fiquei no parlatório ouvido e falando, ouvindo e instruindo, ouvindo e pensando. E pensando no valor da liberdade...

Ali no presídio tudo é precioso. Uma carta que é recebida, uma visita de parente e até mesmo a presença do advogado. Sim, do advogado!

Penso que só há algo que pode sobrepujar a prisão do corpo. Somente a prisão da mente pode suplantar essa impossibilidade para ir e vir.

Um diferencial marcante que me faz refletir: as pessoas num presídio só podem sair após cumprimento da pena, indulto ou qualquer ato jurídico similar.

As pessoas que têm as mentes presas até poderiam exercer a liberdade. Muitas não fazem porque não sabem. Não sabem que estão presas. Cativas da alienação. Outras, num permanente estado de fuga, usam a prisão da mente, num exercício espontâneo de venda do livre pensar.

Enquanto o presidiário é cercado de muros e telhado o alienado permite a existência de muros e tetos virtuais. O preso físico estima a liberdade. A mente enclausurada não tem idéia do que seja tal estima.

Voltei de Tremembé pensando nisso. Que podemos, sim, alçar vôo! Num céu de brigadeiro dar asas à imaginação. É a tal liberdade...
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Postado anteriormente no dia 01/04/2008.
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quarta-feira, 13 de maio de 2009

FORMANDO ESTEREÓTIPOS

Por que muitas vezes os evangélicos são ridicularizados? Será que existe uma disposição crescente para tal situação? Será que algumas pessoas, mesmo que sem tal propósito, têm colaborado para a formação dos estereótipos como aquele apresentado numa novela da TV Globo?

Às vezes eu tenho reparado no comportamento de alguns prosélitos que se sentem na obrigação de conduzir as pessoas “ao verdadeiro caminho”. Impressiona-me a convicção que todos eles têm de que estão na luz e que as demais pessoas precisam sair das trevas. Vale dizer que qualquer pessoa que não comungue da mesma fé deles está envolto na escuridão.

Quero exemplificar narrando um episódio ao qual presenciei, faz pouco tempo, no meu local de trabalho. Lá milita um senhor que está sempre “testemunhando”. E na maioria das vezes criticando o comportamento das demais pessoas.

Numa segunda feira estávamos falando de futebol. Comentando os resultados da rodada que tinha se encerrado no domingo. Alguém olhou para esse fiel e perguntou: “para qual time você torce?”. Eis que de forma firme, mostrando que falava em nome de Deus, respondeu: “torço para dois times que são Santos do Senhor e Botafogo no Capeta”.

E aí como é que fica? O que dizer depois de uma resposta dessa? Podem ter certeza de que ele se sentiu com a missão cumprida. Testemunhou perante várias pessoas...

Talvez aí resida parte do problema, o da criação dos estereótipos. O povo (incluindo a Globo) aumenta, mas não inventa.

Concluo chamando a sua atenção para isso. A mídia televisiva muitas vezes atua como um caricaturista, destacando aquilo que mais chama a atenção.

Convenhamos: a televisão exagera, mas a fonte de inspiração está bem aqui, do nosso lado...
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Publicado anteriormente no dia 24/03/2008.
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terça-feira, 12 de maio de 2009

Medo de mudar?

Vanderlei Luxemburgo é o atual técnico do Palmeiras. É um dos melhores treinadores de futebol do Brasil. Alguns o consideram o melhor. Não importa muito isso agora. Fato é que, volta e meia, ele vem com uma frase, que muitos detestam, mas que tem lá o seu sentido: “o medo de perder tira a vontade de ganhar”. É assim que ele cativa seus jogadores sugerindo que a melhor defesa é o ataque.

O que podemos aproveitar disso para refletir um pouco?

Vivemos num momento histórico em que é impossível ter certeza de que o caminho que percorremos é o correto. Na educação dos filhos, no trabalho, na escola (...). Parece-nos que os ensinamentos que recebemos estão obsoletos (não me refiro aos princípios fundamentais inerentes). As mensagens que ouvimos e os conselhos que são ministrados parecem subprodutos de um mundo virtual, parecido com aquele do filme MATRIX.

É aí que parafraseio a assertiva do Luxemburgo: “o medo da mudar tira a vontade de investir”.

É por aí mesmo! A mesmice tem incomodado, mas o medo da mudança de paradigma tem efetivado nas pessoas um comportamento estático. Basta uma observação atenta. Mesmo sentindo que o caminho trilhado no momento não parece ser o ideal as pessoas instam em permanecer nele. Vêem na dúvida um benefício. Na dúvida, não se muda. Isso é bom? Ruim?

Não tenho certeza de que é ruim ou bom. Mas na dúvida busco uma alternativa. Prefiro errar em busca de mudança a errar por não me mover.

Vale a pena pensar assim?
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Postagem original: 22/03/2008.
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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Exploração do lenocínio?

Cresce no Brasil um clamor em torno da exploração do lenocínio. O termo lenocínio é entendido de forma bem objetiva: “ação de explorar, estimular ou favorecer o comércio carnal ilícito, ou induzir ou constranger alguém à sua prática” (dicionário Houaiss). Expressar "exploração do lenocínio" parece redundante, mas é como tem sido apreendido no cotidiano.

Sabemos que a prostituição no Brasil não é crime. Nada impede a pessoa de oferecer esse tipo de serviço personalizado e auferir recursos. O problema é que terceiros (não é de hoje) exploram essa atividade, tornando-a um comércio que não fica adstrito apenas às pessoas que se prostituem por dinheiro.

A questão que fica clara é simples. Inúmeros fatores impedem a ação da Justiça no combate ao lenocínio. É necessário, de certa forma, proteger quem optou por esse tipo de vida profissional. Pode até parecer imoral para muitos, mas é fato que essa atividade está aí, bem visível.

Com a falta de controle legal, as casas de prostituição funcionam de forma clandestina e longe do alcance da lei. A falta dessa vigilância impede a implementação de alguns controles fundamentais e entre eles o suporte da saúde pública.

A pergunta que emerge: permitir essa exploração seria uma forma de minorar o problema? Caso as casas sejam “legalizadas” não seria mais fácil fiscalizar? Não seria possível tributar essa atividade econômica gigantesca? Isso mesmo! Tributar! Parece absurdo, mas a atividade econômica pressupõe relação com o poder arrecadador.

Imagino que estejamos perto deste tipo de ação.

Observem que o argumento, de que a prostituição no Brasil é um caso de “saúde pública”, é passo inicial para a legalização dessa atividade e aí não veríamos mais o lenocínio como crime.

O que seria pior: ficar como está ou dar esse passo? Permitir a exploração e conseqüente vigilância da lei?

Não estamos falando de banimento do problema e sim da opção pelo mal menor.

Não faço juízo de valor, apenas me atenho a fatos concretos.

Teorizar sobre esse tema é fácil. Difícil é apresentar solução eficaz e sem demagogia.

Bom assunto para se pensar e fugir um pouco da alienação que insta em bater à porta...
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Postado originalmente no dia 11/03/2008.
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quinta-feira, 7 de maio de 2009

UMA PROFESSORA JUSTA

Imaginem uma dedicada professora que se encontrava observando seus alunos no intervalo das aulas.

De repente começou uma confusão. Os alunos falavam alto, cada um tentava se sobrepor aos demais. Uma confusão enorme.

A educadora notou que não havia discussão entre um grupo e outro (não eram duas facções). Eram todos contra todos. Cada um por si. Isso a surpreendeu.

Gritou e todos pararam. Perguntou: o que se passa? Quero ouvir as explicações!

Os alunos correram em sua direção e aqueles que estavam mais próximos chegaram primeiro. Foi organizada uma fila indiana.

Ela quis saber do primeiro o que sucedia. Observou que cada um dos alunos tinha uma versão diferente para o assunto em tela.

O primeiro falou com tanto brilhantismo que ela quase se convenceu de que ele estava certo, mas resolveu ouvir todos! Questão de justiça!

O segundo foi tão consistente no arrazoado que ela ficou com dúvida entre os pontos asseverados pelos dois primeiros.

Com o terceiro a situação se agravou. E foi ouvindo e se assustando. Todos pareciam estar corretos. Fez questão de colher o depoimento de cada um e no final não conseguiu saber quem estava certo ou errado. Cada cabeça possuía uma versão que parecia ser a correta.

Acalmou os alunos, expôs seu ponto de vista e disse que não reunia condições de fazer justiça. A seu modo cada aluno detinha certa razão ou todos (todos mesmo) estavam equivocados.

Voltando para casa ela se viu a refletir. Como aquilo era possível? Uma questão aparentemente simples e definitiva tinha muitas variantes interpretativas. Isso se passou entre pequenos alunos de uma humilde escola do interior.

Eis que ela se apavorou! Não seria assim na vida?

Quantas vezes ela, uma professora, tinha ouvido todas as versões a respeito de qualquer assunto? Como ela tinha chegado às suas conclusões políticas? E as filosóficas? O que dizer de suas convicções religiosas?

Sentiu-se uma pessoa injusta. Como seria possível afirmar que estava correta em suas convicções pessoais se não tinha ouvido todas as versões?

Lembrou-se que firmara seu pensamento político com base no que ouvira do seu pai e sem contestar. Filosofia? A mesma coisa. Teve ótimos professores, mas que só lhe mostraram um lado da moeda.

E a sua religião? Foi fácil concluir que o que professava era oriundo de uma tradição que lhe fora repassada por seus pais. Em outras palavras: aceitou a versão de quem chegou primeiro. Sem ouvir o segundo, o terceiro...

Que loucura!

Foi assim que a professora começou a fazer justiça no presente, corrigindo o passado. Despiu-se de preconceitos e foi ouvir as versões dos demais.

Questão de justiça! Honestidade! Coerência!

Será que essa ilustração serve para nós? Por que somos assim? Somos resultado de uma visão ampla da vida? Seríamos fruto da tradição que nos chegou em primeiro lugar?

Essas perguntas inquietantes sempre querem nos lembrar: somos convictos ou alienados?
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Publicação original: 07/03/2008.
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segunda-feira, 4 de maio de 2009

CLIMA DE MONTANHA - II

Clima de montanha - II
Enéias Teles Borges


Aproveitamos (minha esposa e eu) o feriado prolongado de primeiro de maio para retornar à montanha. Desta feita fomos ao Distrito de Monte Verde, Camanducaia, nas Minas Gerais. Ficamos hospedados numa pousada (chalés) que fica perto (cerca de 10 km) de Monte Verde. Green Moutains Hotel (http://www.greenhotel.com.br/). Mais uma vez pudemos comprovar: ainda existem lugares, nas proximidades dos grandes centros, que nos permitem apreciar a paisagem, o clima e o silêncio.

Recomendo aos amigos leitores. Trata-se de uma pousada simples e agradável. Chalés confortáveis com aquecimento a gás, café da manhã e preços honestos. A cidade, então, é um convite ao bem-estar. Ligeiramente mais fria que Campos do Jordão, Monte Verde é um paraíso para quem gosta de ecoturismo, alimentação salutar, clima de montanha e roupas de lã, malhas e casacos. É possível esquecer que existe um mundo caótico logo embaixo.

Fiquei me perguntando se conseguiria morar num lugar assim. Pesando na balança Campos do Jordão acaba sendo melhor. Está perto do litoral e de uma cidade com maior estrutura (Taubaté). Monte Verde serve mais para quem quer se isolar da agitação dos grandes centros. É um lugar que facilita a própria preservação.

Hoje, segunda-feira, eu estou de volta à labuta. O dia está curto para tudo o que será necessário fazer. Vencido o mês de abril com o famigerado imposto de renda, maio se apresenta pedindo compensação para o restante da rotina.

Estamos prontos? Acredito que sim e em especial depois do descanso no paraíso conhecido como Monte Verde.

Bom dia Brasil!
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quinta-feira, 30 de abril de 2009

INGENUIDADE? ARROGÂNCIA? OU OS DOIS?

Enéias Teles Borges
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Durante o período em que cursei Direito tive um amigo muito religioso e que se congregava numa igreja pentecostal. Trata-se de um excelente ser humano que ao longo do curso portou-se de forma ilibada. Bom aluno, bom colega e atualmente sabe-se que é trabalhador e ótimo chefe de família.

Com o tempo ele tomou ciência de minha formação cristã tradicional. Poucas vezes falamos de religião. No quinto e último ano da faculdade ele “sentiu” que era chegada a hora de trazer a mim a “verdadeira mensagem”.

Disse que tinha me observado durante todo o período (elogiou-me) e afirmou que só algo me faltava: aceitar a verdadeira luz.

Devo confessar que sou escolado neste tipo de conversa. Já ouvi muito disso. Vi, inclusive, gente de minha agremiação religiosa dizer algo parecido (ou mais forte) para as pessoas de outras denominações cristãs.

Resolvi não polemizar e dizer-lhe simplesmente que nós tínhamos maturidade suficiente para entender que o proselitismo, no nosso caso, não se aplicava. Ele não deixaria a igreja dele e eu não deixaria a minha. Motivo: sempre é assim – cada um acha que a verdade é patrimônio exclusivo da instituição à qual é vinculado.

Ele me olhou fixamente e me disse uma frase: “só que tem um detalhe: muitos acham que têm a verdade, mas eu sei que somente nós (igreja dele) temos a verdade.”

Fantástico! Até nisto todos são iguais! Todos ouvem a conversa dos outros, dão atenção e, no final, pensam ou dizem: “só que eles estão enganados, a verdade está conosco”.

O que dizer? Arrogância conjugada com ingenuidade? Apenas arrogância? Ingenuidade?

Eu sempre pergunto aos religiosos que tentam travar discussão comigo: o que significa um só rebanho e um só pastor? É claro que já sei a resposta: eles fazem parte deste único rebanho (igreja deles) e aquele “um só pastor”, obviamente é o pastor interpretado por eles.

Que maravilha! Ou seria loucura?

O que você acha?
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Originalmente postado em 14/02/2008.
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terça-feira, 28 de abril de 2009

MUITAS MORADAS



Hoje eu saí com um colega de profissão e o nosso objetivo era apresentar soluções jurídicas para um empresário em situação complicada neste momento delicado do Brasil conectado com a globalização.

No trajeto fugimos do tema do cliente e nos centramos em outro assunto.

Além de advogado ele é bacharel em História e está concluindo o Mestrado. A conversa com este amigo tende a ser agradável em função do bom humor que lhe é peculiar. Ademais é culto e de mente bem arejada.

Falamos de religião. Não das muitas religiões existentes, mas acerca da multiplicidade de comunidades que estão surgindo, notadamente no cristianismo.

Afinal por que tantas ramificações?

A resposta dele foi, no mínimo, curiosa: “Deus tem muitas moradas e cada um escolhe um quarto...”.

Não é assim mesmo? Cada segmento é (ou se julga) uma “agremiação” ataviada para o noivo. Cada noiva se considera no direito de vindicar o noivo. Cada noiva acha que é a ideal. São várias, mas qual a escolhida?

É como se o céu estivesse reservado apenas para um único grupo. Neste caso cada membro poderia escolher uma casa ou, pelo menos, um quarto.

Cada grupo religioso, em busca da morada celestial, julga-se um “sortudo”. As pessoas deste “movimento” tiveram a ventura de ter nascido ou evangelizado ali. Quanta sorte! Ou seria uma bênção sem igual?

Que privilégio divino: fazer parte do povo eleito! Eleição maravilhosa em que bilhões ficam alijados. É como se Deus tivesse concedido esta bênção a alguns em detrimento de muitos.

A ironia do meu amigo residia aí. Deus tendo muitas moradas. Apenas um povo eleito e cada um escolhendo um quarto. Esta escolha do quarto é feita aqui e agora. O crente só precisa estar na agremiação religiosa certa. Apenas este mísero detalhe...

Não é fácil estar a um passo da eternidade? Basta apenas ao ser humano permanecer no grupo em que está. Afinal este grupo é o único eleito! E os demais? Ora e daí?
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Postado originalmente no dia 02/02/2008.
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segunda-feira, 27 de abril de 2009

UMA FACETA DO DELÍRIO

Busquei uma definição de "delírio" no dicionário HOUAISS:

Convicção errônea baseada em falsas conclusões tiradas dos dados da realidade exterior, mantida por uma pessoa, ainda que a maioria dos membros do seu grupo pense o contrário e possa provar que está certa (O delírio se distingue da alucinação por ser independente das impressões sensoriais e por apresentar idéias supervalorizadas, rigidamente ligadas à crença delirante).

Eis um substantivo masculino que me causa estranheza, uma sensação desagradável de profunda insegurança.

Não faz muito observei um título de um livro (ainda não o li) que assombrou o mundo criacionista. “Deus um Delírio”, título que causou desprezo, furor e muito mais.

Não quero comentar o livro (quem sabe quando eu puder lê-lo de forma desapaixonada?). Prendo-me ao substantivo delírio e sinto que devo entendê-lo de forma mais ampla, além da conceituação básica.

Será que o inverso é possível? Seria crível que uma pessoa apenas estivesse certa e a maioria delirando? O que é delírio? Uma falsa conclusão ou a conclusão de um que diverge daquela da maioria? O objeto do delírio é a irrealidade ou a convicção de apenas um (ou poucos)?

Quantas vezes eu li e ouvi esta frase: “a voz do povo é a voz de Deus”. Sempre a ouvi e li quando usada para defender os interesses da maioria (grande massa). Em sendo assim eu deveria concluir que a solução da maioria é a solução correta e que sempre a minoria estaria delirando?

Mas há uma premissa: não basta ser a maioria. Há que se fazer prova. Concluo, portanto, afirmando que o ser delirante é aquele que estando do lado oposto à maioria não consegue provar sua tese. Ademais devo dizer que a famigerada maioria não se escuda no seu volume (massa), mas na prova.

A estranheza permanece. Até que ponto a prova poderia ser corrompida, induzindo a maioria ao erro e deixando o solitário coberto de razão? Pergunto mais: até que ponto a prova é tão importante? E o instinto, fé...?

Pretendo voltar ao tema. Robustecendo o que foi insinuado acima. São perguntas singelas lançadas ao vento. Palavras simples impressas para reflexão. Este texto não tem qualquer pretensão conclusiva a não ser provocar o fomento do refletir.

Um bom começo para o estudo do tema é o conceito, etimologia da palavra e seu contexto histórico.

É possível que o delírio esteja na definição convencional...

Será?
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Publicação original: 20/01/2008
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quinta-feira, 23 de abril de 2009

AS CLASSES QUANTO À MANIPULAÇÃO

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Tenho tecido comentários com amigos próximos acerca destas classes. É possível chegar ao seguinte esboço, tendo como alicerce três classes assim conceituadas:

1. Classe pensante é aquela que após analisar as circunstâncias propõe uma linha de conduta;

2. Classe de manobra é aquela que se presta a implementar a linha de conduta da classe pensante; e,

3. Classe de absorção é aquela que por ignorância ou negligência absorve o que foi proposto pela classe pensante e propagado pela classe de manobra.

Confesso que prefiro usar o termo massa no lugar de classe pois assim fica bem mais claro e objetivo. Assim teríamos a massa pensante, a massa de manobra e a massa se absorção.

Não precisamos nos ater ao contexto macro social. Vamos ficar apenas no contexto religioso.

É fato que nos diversos segmentos religiosos a leitura da manipulação é até fácil para quem está de fora. Vou exemplificar:

Tenho mais de 40 anos e depois desta idade passei a ter problemas para ler ou observar objetos bem próximos. À meia distância enxergo bem, mas quando é bem próximo fica tudo embaçado. E o que é mais interessante: demorei para perceber isso até que uma oftalmologista me demonstrasse e explicasse o motivo para tal acontecimento.

Certo dia eu estava observando o movimento de um relógio mecânico de pulso, bem de perto e não consegui ver com perfeição os detalhes da máquina. Afastei o relógio e aí pude ver a beleza daquela engenharia humana. Vi mais: a caixa que envolvia a máquina e o maravilhoso conjunto da obra. O que me impressionou foi um pensamento que me ocorreu. Vendo de bem perto era embaçado, limitado e tornava impossível ver tudo o que aquele relógio representava.

Volto ao tema das classes e a manipulação.

Notem que, neste caso, ver de perto pode significar um ângulo limitado de visão. É incrível como é possível passar uma vida sem perceber o quanto se pode manipular e ser manipulado. É mister o afastamento para olhar. Precisa-se ver à distância. Fugir da visão obliterada é importante.

Com esta simples medida é possível fazer duas escolhas. A primeira é o despir do preconceito. A segunda é definir se quer pensar, manobrar ou absorver. Não tem jeito. Acumular funções é incongruente. Pensar e manobrar? Manobrar e absorver?

Quando penso em algo tão simples me pergunto: o que sou no meu contexto? Penso e induzo à manipulação? Faço manobras para atender interesses de terceiros ao deixar de polemizar, discutir e questionar? Ou não passo de uma esponja dentro de uma bacia de água, absorvendo o líquido sujo ou limpo?

Como o principal objetivo deste BLOG é o fomento de discussões salutares num permanente convite à reflexão eu proponho, aos ilustres leitores, uma pausa. Pausa para pensar e esvaziar de preconceitos.

Por fim responder: a qual classe (massa) você pertence?
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Postado originalmente em 18/01/2008
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terça-feira, 21 de abril de 2009

Um convite à reflexão

É possível pensar e depois investigar sem medo? Medo de ter que rever conceitos filosóficos e teológicos? As nossas convicções são oriundas de um zelo investigativo e do compromisso com a verdade? Tais convicções seriam resultantes de uma tradição familiar, social e religiosa?

Uma viagem pelo mundo do questionamento permitiria uma escolha justa entre a verdade e a mentira? O que é verdade? O que é mentira? A diligente busca e o compromisso com a verdade não poderiam levar o homem à decepção?

Um breve relato:

No ano de 1998 eu tive a oportunidade de conviver profissionalmente com uma pessoa muito inteligente e confusa quanto à vida. Permanecia, mesmo tendo ultrapassado a casa dos 40 anos, questionando tudo o que via e vivia. Perguntou-me se eu poderia ajudá-lo. Eu lhe disse que o presentearia com alguns livros que versavam sobre o tema.

Passados alguns dias ele me disse que não queria os livros. Perguntei: por quê?

A resposta não poderia ter sido pior: "sei que se eu ler esses livros haverá uma mudança radical em minha vida. Não quero isso. Não sei se tenho condições de mudar o meu jeito de ser nem quero. Assim está bom. Pode melhorar, mas pode piorar. Prefiro não me arriscar e continuar como estou...". Ele fez uma escolha. Optou por continuar com suas dúvidas e dilemas. O medo o impediu de avançar. Preferiu o quase conforto da dúvida. Considerou inviável dar um salto adiante. Os livros não seriam suficientes para mudar sua vida. Serviriam como símbolo de uma mudança, de uma conquista, da liberdade...

Muitos são o que são e fazem o que fazem por escolha pessoal. Outros não. Uns vivem a vida de forma convicta outros não. A convicção advém da busca e do compromisso exercidos de forma individual. Sem essa busca e comprometimento o que se tem é um comportamento típico do alienado, daquele que se tornou alheio a si mesmo. Há pessoas que não querem admitir a diferença existente entre a prática resultante da busca personalizada e aquela prática decorrente do que se assimilou de outras pessoas, sem qualquer crítica ou questionamento.

Podemos, finalmente, afirmar que existem pessoas efetivamente convictas? Existem pessoas rigorosamente alienadas?

Enéias Teles Borges
Publicação original: 15/12/2007

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Clima de montanha - I

Não consigo ficar longe da internet. A pousada dos esquilos, em Campos do Jordão, concede-nos um privilégio a mais: o do livre acesso à internet. Minha família está apreciando o clima de montanha. O tempo tem sido generoso, as noites frias, os dias ensolarados. Estamos nesta maravilha da natureza desde sábado e resolvemos emendar esta segunda-feira, aproveitando de forma cabal o feridado de 21 de abril.

É claro que nem tudo tem sido bom. No futebol sofri com a derrota do meu Botafogo FR, na final da Taça Rio. Vi o Palmeiras levar uma bordoada do Santos e ontem não sei se fiquei satisfeito ou não com a vitória do Corinthians sobre o São Paulo. Ainda bem que estou aqui, no alto da serra, apreciando o clima e tudo mais que Campos do Jordão oferece.

Tirando o futebol está tudo em paz. Precisávamos mesmo dar outra fugida da capital paulista. Aquilo lá tem sido uma fábrica de testes diários. A paciência tem sido testada sempre no limite máximo! O trânsito segue cada vez pior. Defender o pão de cada dia é tarefa hercúlea que se repete de segunda à sexta. O sábado e o domingo têm sido utilizados como "recarga da bateria no seio familiar". Estar em Campos do Jordão, em Ubatuba, Monte Verde e outras cidades próximas da Capital não é luxo. É terapia...

Terapia real e ao alcance. Não se assemelha às falsas terapias oriundas do universo das crendices, das quais simplesmente me enojei. O mundo real, com suas alegrias e mazelas é preferível ao mundo fictício, com suas falsas alegrias e reais mazelas, não é?

Enéias Teles Borges

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ubatuba e a força da natureza

Minha esposa e eu passamos o feriado de páscoa em Ubatuba. Nossas duas filhas preferiram ficar em São Paulo e fomos sozinhos como nos velhos tempos. Desde 1989 apreciamos aquela maravilhosa cidade e temos um pequeno apartamento lá. O final de semana foi calmo - mesmo para um feriado.

Um fato me chamou a atenção: a praia que frequentamos estava lotada e por volta do meio dia as pessoas começaram a “levantar acampamento”. As ondas estavam quebrando perto da areia e a água vinha avançando na direção dos banhistas. Não adiantava se afastar na direção do fundo da praia. A água estava chegando. De abril a julho a maré não propicia bons banhos de mar em Ubatuba. As praias ficam pequenas. Eu saí para dar uma caminhada pelas pedras e quando voltei notei uma correria maluca! Uma onda veio e lambeu toda a praia, levando roupas, sandálias e outros pertences de todos. Eu saí procurando nossas posses praianas e depois de recolher tudo, resolvemos retornar ao apartamento. Todos começaram a se mover em direção à saída...

Eu comentei com minha mulher: “imagine um tsunami! Uma onda que veio no nível de nossas canelas provocou este alvoroço... Imagine uma onda de surpresa e com vários metros de altura...”

Cheguei em casa, tomei um banho e me deitei olhando para o teto e imaginando o quão somos frágeis em face das forças da natureza! Basta um acontecimento rápido e violento para que as construções humanas desabem. E não adianta essa conversa de fé e oração! Terremotos, tsunamis e afins são de impossível contensão com ou sem fé! Acredito que na Itália (recentemente) muitos tinham fé e mesmo assim os prédios desabaram! A realidade é que sendo teístas ou ateístas somos frágeis. Somos um nada no universo!

Durante aquela tarde de sábado eu dormia e acordava. Minha esposa lendo ao lado me deixou dormir. Acordei, tomei novo banho e saímos para jantar. Eu precisava me esquecer um pouco da nossa fragilidade humana. Fomos ao restaurante “Raízes de Ubatuba” (vale a dica) e jantamos numa mesa de frente para o mar que recebia os últimos raios solares. O mar não estava calmo. Lançava suas águas violentamente sobre os muros de proteção e, às vezes, gotas respingavam na calçada...

Mesmo apreciando uma agradável refeição e a magnífica presença de minha mulher eu não pude me esquecer das águas invadindo toda a extensão da areia da praia do Tenório, tornando os banhistas agitados e fugidios.

O homem é um nada diante das forças naturais...

Enéias Teles Borges

quinta-feira, 9 de abril de 2009

FÉ: INDÚSTRIA E COMÉRCIO - III

Fé: indústria e comércio - III
Enéias Teles Borges




Na indústria e comércio da fé existem três tipos de indivíduos essenciais: os pensadores, os difusores e os absorvedores.

Os pensadores conduzem a indústria religiosa por meio da implementação da “teologia sistematizada”. Esta teologia precisa ficar entre muros e será modificada de forma gradual, de maneira a atravessar gerações. Uma visualização cautelosa da teologia sistemática de uma agremiação permitirá notar a diferença gritante entre o pensamento dos primeiros teólogos, quando comparado com o pensamento dos atuais. Esta adequação recebe várias expressões designativas tais como “adaptação ao momento histórico”, “revelação progressiva”, “repúdio à inspiração estática” e afins. É grandioso o trabalho executado pelos pensadores que são lotados em seminários, editoras, pontos estratégicos de elaboração e difusão. Eles dão o tom exato do conglomerado da fé, sempre atentos ao que acontece no mundo. A cultura religiosa não existiria sem eles.


Os difusores assumem a função de levar à mesa o alimento idealizado pelos pensadores. Função essencial pois sem este intermediário da fé as elucubrações dos pensadores não chegariam aos agentes de consumo (absorvedores). Os difusores dotados de senso crítico acurado são elevados à condição de pensadores ou sumariamente afastados. Difusor que pensa e questiona é promovido ou demitido. Não há possibilidade de um difusor que pense cumprir o papel de distribuir cardápios e pratos. O difusor bem preparado é o grande gerente (padre, pastor, bispo e leigo de alto conceito) que faz implementação da teologia sistemática criada e sempre adaptada pelos pensadores. É um trabalho hercúleo! Os difusores precisam crer piamente no que ensinam ou pelo menos fingir com eficácia. É irrelevante se o difusor seja crédulo ou incrédulo: o mister tem que ser cumprido rigorosamente conforme ditames dos pensadores. A cultura religiosa não seria difundida sem eles.

Os absorvedores são os alvos a serem alcançados. Não existiriam agremiações compostas apenas por pensadores e difusores. Faltaria o objeto principal para consumir os produtos industrializados e comercializados. A fé sem membresia não existe. A fé sem pessoas para seu efetivo exercício é figura inimaginável! Os absorvedores precisam ser tratados como ovelhas mansas e essencialmente crédulas. Não existe absorvedor questionador. O questionador é excluído do meio. Sua sagacidade não lhe permitiria ser um difusor. Não é permitido dar o grande salto! Impossível saltar do ofício de absorvedor para pensador. A função do absorvedor é consumir! Jamais produzir! Nunca comercializar! A cultura religiosa não seria consumida sem eles.

Fé: indústria e comércio. Simplesmente isto. Uma grande empresa elaborada (pensadores), apresentada (difusores) e amada (absorvedores). Eis um fato que poucos ousam admitir e que muitos insistem em não enxergar...

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quarta-feira, 8 de abril de 2009

FÉ: INDÚSTRIA E COMÉRCIO - II

Fé: indústria e comércio - II
Enéias Teles Borges



O início de um movimento é suscitado pela crença ou pela esperteza. Com o passar do tempo a agremiação ganha corpo físico e corpo doutrinário. As doutrinas são incorporadas na medida em que os intelectuais do meio começam a apresentar teses de onde vieram (ou teses adaptadas). Nada se cria, tudo se copia e modifica. Com a explosão demográfica na instituição de fé outros mecanismos vão surgindo. Há necessidade de diversificação: mídia (TV e rádio), hospitais, educação e afins. O movimento transforma-se num conglomerado que junta bens e fiéis. Observem que acontece esse tipo de crescimento em todas. Todas mesmo!

Precisam surgir diferenciais. Por que ficar nesta e não naquela? A indústria da fé precisa agir com inteligência. Será necessário comercializar a produção de tal forma a levar o fiel a crer que está no único lugar correto. A produção de costumes na indústria da fé tem que ser na medida exata. Remédio em pequena quantidade produz dispersão e remédio em quantidade excessiva aniquila o paciente. Surgem os seminários que produzirão gerentes de ordens: pastores, bispos, padres, não importa o título. Os gerentes são os principais comerciantes no varejo da fé. Precisam ensinar a membresia a vender e atrair mais compradores que se tornarão vendedores... O que se vende? Uma teoria de fé cumulada com práticas específicas. A medida exata da difusão dos costumes e da doutrina levará o membro a se julgar um felizardo por estar no lugar certo.

Não existe outra forma de industrializar e comercializar. Não havendo um equilíbrio nos costumes e nas doutrinas a difusão dos produtos não trará os resultados ideais. Iniciar um projeto e não concluir propiciará uma debandada para outro conglomerado. Nos tempos atuais as instituições de fé estão em luta acirrada. Muitos produtos para poucos consumidores. Incentivos são instituídos e colocados nas mãos dos gerentes de ordem.

Na indústria e comércio da fé existem três tipos de indivíduos essenciais: os pensadores, os difusores e os absorvedores...

Continua...
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terça-feira, 7 de abril de 2009

FÉ: INDÚSTRIA E COMÉRCIO - I

Fé: indústria e comércio - I
Enéias Teles Borges



A fé pode ser industrializada e depois comercializada? Muitos entendem que não. No mundo atual a difusão da fé tem crescido de forma absurda! São tantos, os aglomerados da fé, que é necessário um estudo pormenorizado de cada segmento para saber que tipo de produto está sendo oferecido à membresia. Como são formados os credos? Como são treinados os líderes? Como a doutrina precisa ser incutida? Como ter um diferencial para atrair adeptos?

A religião central do nosso enfoque é o cristianismo. Por hora apenas nele nos concentraremos. Por que o Brasil tem tantas igrejas e seitas? Quais os ingredientes do cardápio doutrinário de casa agremiação religiosa? Qual a maneira inteligente criada pelos núcleos para levar o fiel a acreditar que somente a sua agremiação tem a verdade?

Continua...
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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sábado: equilíbrio e idolatria

Manter o sábado santo tem sido o principal mister de muitos adventistas atuais. Para quem observa, de fora, parece ser o ponto mais importante de toda doutrinação dos ASD. O famoso quarto mandamento, que trata de todos os dias da semana, determinando que em seis dias deve-se trabalhar e que no sábado deve-se descansar, ficou polarizado apenas no tão falado sétimo dia. O sábado tem funcionado como um supletivo religioso. Tudo o que deveria ter sido feito em seis dias, para complemento sabático, passa a ser executado tão somente nesse dia. Talvez por isso muitos se concentrem em templos nos sábados. São necessários dois cerimoniais (por enquanto). As atividades das quartas-feiras à noite e do domingo à noite ficam às moscas ou para frequência de “meia dúzia de gatos pingados”. O sábado tem sido algo elevado a um pedestal que parece ser o único referencial salvífico. É como se a justificação pela fé e seus fantásticos ingredientes não existissem. Basta conversar com membros da IASD para ouvir que muito falam sobre o sábado e pouco sabem e falam da doutrina da salvação. São sabatistas convictos!

Para ler o texto completo basta teclar em [Adventismo Histórico].

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A LEI DE IMPRENSA

A Lei de Imprensa
Enéias Teles Borges


Acredito que ela, a Lei de Imprensa, haverá de cair. Quem sabe um dos últimos ranços da ditadura militar. Conflitos atinentes ao tema passarão a ser resolvidos com base nos Códigos Civil e Penal. O arrazoado do relator Carlos Ayres de Britto é no sentido de que a Constituição Federal do Brasil não recepcionou esta lei, que é de 1967 – da época dos anos de chumbo. A votação no Supremo Tribunal Federal está suspensa. Devemos acompanhar os votos seguintes com atenção e torcida favorável (à queda) – pelo menos este é o meu entender.

Para ler a reportagem na íntegra basta teclar [Última Instância].
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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Campos do Jordão. A calma e a paz...


Desde 1989 nós frequentamos o Litoral Norte, notadamente a cidade de Ubatuba, São Paulo. O caminho que utilizamos é pela Ayrton Senna e Carvalho Pinto. Pegamos um pedacinho da Dutra e descemos pela Oswaldo Cruz. Sempre observei que no final da Carvalho Pinto há uma placa indicando “Campos do Jordão”. Basta apenas passar sobre a Dutra e avançar mais 46 quilômetros.

Sabem o que é curioso? Não conhecíamos Campos do Jordão! No último carnaval (2009) minha esposa e eu fomos sem nossas filhas até esta cidade e por ela nos apaixonamos. Nosso projeto para o futuro seria o de vender o imóvel que temos em Ubatuba e comprar um maior. Aposentadoria: sabem como é... Pois mudamos de idéia! Pretendemos manter o apartamento em Ubatuba e adquirir um imóvel espaçoso em Campos do Jordão! Como será possível? Com o mesmo esforço que sempre norteou nossa vida.

No próximo feriado de Tiradentes iremos passar alguns dias lá. Desta vez iremos acompanhados pelas nossas duas filhas. Queremos ver como reagirão ao ambiente calmo e clima de montanha.

O pouco tempo que ficamos em Campos do Jordão nos permitiu apreciar o movimento noturno no centro “chique” que existe por lá, a beleza nostálgica do Museu da Xilogravura, a formosura dos parques preservados, a visão de cima via teleférico e sobretudo a calma e a paz. Ambiente bucólico e, mesmo nos tempos atuais, interiorano, com seu povo cordial, o comércio de malhas e afins...

Para muitos o viver ali seria pactuar com o tédio. Para outros é aliar-se com a calma e paz...

Enéias Teles Borges

segunda-feira, 30 de março de 2009

Perdendo tempo na igreja

Perdendo tempo na igreja
Enéias Teles Borges


Nasci e fui criado numa família religiosa. Aos dezessete anos de idade mudei-me para um colégio interno e lá permaneci por seis anos na condição de aluno. Nestes anos eu concluí o curso técnico de contabilidade e me bacharelei em teologia. Estudei e trabalhei com seriedade. Nunca fugi da verdade, ainda que no começo dos meus questionamentos, eu ia devagar e com muita cautela. Eu vivia bem no meio de um dos berços da tradição cristã brasileira. Por este motivo eu agia com cuidados especiais e evitava externar meus pontos de vista. Eu não questionava pelo simples prazer de questionar e sim pela necessidade de inserir a racionalidade na minha maneira de pensar religião. Eu não precisava ser um gênio para descobrir que eu estava ali e era religioso daquele jeito pelo simples fato de que nasci num lar cristão adventista e que seguia, de forma rigorosa, os costumes eclesiásticos dos ASD (adventistas do sétimo dia). É claro que se a minha família fosse de outra denominação cristã e tivesse tido o mesmo zelo, eu hoje não seria um indivíduo recheado da cultura adventista. É óbvio que eu teria outra cultura religiosa.

Para ler todo o texto basta teclar no link [Adventismo Histórico].
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quarta-feira, 18 de março de 2009

A Igreja e o Darwinismo



Chamo de igreja, neste momento, apenas a Católica Romana. De certa forma, querendo ou não, os protestantes e afins, a ICAR é a representante oficial do cristianismo no mundo. Não discuto legitimidade e, talvez, esteja me atendo à tradição. Fato é que a ICAR sempre foi observada como a emissora da opinião cristã, ainda que num contexto eminentemente político.

A realidade é que ela, a ICAR, tem sido contundente em suas manifestações acerca do darwinismo e entre essas posturas destaca-se o pronunciamento do Arcebispo Gianfranco Ravasi e sua frase emblemática: “A igreja católica nunca condenou Darwin ou seus escritos”. Infere-se, portanto, que esse debate entre criacionistas tradicionais e evolucionistas está longe do fim.

Até que ponto a ICAR avança em suas concepções darwinistas? Como analisar a influência desta forma de entender? Quais os reflexos no criacionismo cristão?

Sugiro a leitura, na íntegra, da reportagem.

Basta seguir o link: “A igreja católica nunca condenou Darwin ou seus escritos”.

Fonte: [Estadão]

Não deixe de opinar.

Enéias Teles Borges

terça-feira, 17 de março de 2009

Heterossexualismo e homossexualismo

Existe uma frase e confesso não saber sua autoria que reza mais ou menos o seguinte: “O heterossexualismo (inclinação sexual normal pelo sexo oposto, segundo o dicionário Michaelis) pode ser comparado ao comunismo que é, socialmente, o que melhor pode existir para o mundo, mas que historicamente sempre sai derrotado”. O que se infere daí é dizer que sob o ponto de vista social (e moral?) o heterossexualismo pode ser o que há de melhor para a humanidade, mas que vem sendo, sistematicamente, derrotado pelas tendências atuais que são noticiadas diariamente pela mídia.

Advirto os “moralistas” de plantão que não estou fazendo juízo de valor, de mérito ou algo que se assemelhe, mas que chamo todos à reflexão. Aliás tem sido a bandeira de muitos casais homossexuais a adoção de crianças carentes sob a alegação que é melhor (ou menos pior?) viver com um casal não convencional do que vegetar à mercê das desgraças da vida, orfanatos, na rua e afins... Quem poderia criticar? Os heterossexuais que não concordam com essa forma de adoção tomam alguma atitude prática ou apenas condenam?

Fato é que novidades vêm à baila e como atitudes que vão além de um simples adotar. Falo de gestação de filhos, por um casal homossexual feminino, conforme reportagem da revista Época.

Não critico e também não elogio. Dizer que estou mineiramente em cima do muro é injusto! Digo apenas que sou um espectador a observar um momento histórico e disposto a me alinhar com o que for correto.

Sugiro a leitura do texto inteiro (basta clicar no link “Época” abaixo) e adianto apenas um pedaço dele.

"Munira Khalil El Ourra não vai dar à luz, mas é mãe de duas crianças que vão nascer até a primeira semana de maio. Quem está na 31ª semana de gestação é sua companheira, Adriana Tito Maciel. A barriga é de Adriana. Os óvulos fecundados que grudaram no útero dela pertenciam a Munira. Os bebês já têm nome: Eduardo e Ana Luísa. Serão paridos e amamentados por Adriana, de pele marrom e cabelo que nasce crespo. Mas terão a cara de Munira, branquinha e de cabelo liso.”

Texto completo para sua reflexão está em [Época].

Enéias Teles Borges
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domingo, 8 de março de 2009

Mulher, apenas mulher...

Mulher, apenas mulher...
Enéias Teles Borges

Martinho da Vila, poeta e cantor, numa de suas músicas traz uma frase interessante “... você não passa de uma mulher...”

É preciso mais? Ser mulher é algo obviamente possível somente a esse ser sublime, que permite a continuidade da vida humana e que acalenta os sonhos masculinos.

No dia internacional desta maravilha da natureza eu diria que a mulher, nada sendo mais do que uma mulher, é a essência de algo similar ao tudo...
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quarta-feira, 4 de março de 2009

Um arrependimento diferente...

Deu no sítio Última Instância: Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que igreja devolva doação feita por fiel. Tal doador se arrependeu do que fez. Trata-se de um arrependimento diferente. Algo como ter se arrependido de uma compra em função de propaganda enganosa.

Para ler a reportagem, basta seguir o link “Ultima Instância”.

Enéias Teles Borges
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segunda-feira, 2 de março de 2009

Calor absurdo!

Eu estava estranhando o calor e soube que o mês de março não apresentava tamanha temperatura desde 1943. O que, efetivamente, tem provocado tamanho calor? Deixei de lado a roupa formal, paletó e gravata. Só em caso de audiência.

Leiam a reportagem no Portal Globo.

Enéias Teles Borges

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