quarta-feira, 16 de julho de 2008

Minha avó: DINHA

Minha avó materna se chamava Maria, mas nós a chamávamos de Dinha. Nem entendo porque, mas nunca a chamei de vovó, vovozinha, vó ou avó. Era Dinha mesmo. As lembranças que tenho dela são interessantes. Uma bem marcante é ligada a um tio (não sei se ainda é vivo) chamado Aurélio. Minha avó, sempre muito rígida e agressiva, uma vez deu um tapa na cara dele. Meu tio retrucou dizendo que homem não apanhava na cara e só não ia reagir por ter sido uma atitude de mãe. Como retaliação saiu de casa e nunca mais voltou nem deu notícias. Acredito que essa tenha sido a mais pesada cruz que minha avó conduziu sobre os ombros.

Hoje cedo meu pai ligou para informar: “...a Maria (Dinha) faleceu...”.

Minha avó tinha completado um século de vida. 100 anos! Em 2008 estava na casa dos 102 anos. A despeito da simplicidade dela, de sua origem humilde (sangue 100% ou quase isso de índio) e de ser analfabeta era uma pessoa muito inteligente. Perspicaz, enxergava antes de todos. Acredito até que ela tenha passado essa característica para minha mãe. Amigos: eu ficaria o dia todo aqui teclando fatos que relembro ligados à minha avó.

Reflexiono dizendo apenas que cada dia mais eu assisto à partida de entes conhecidos, parentes ou não. A maioria em função da idade. Minha avó estava na casa dos 102 anos. Hoje o meu pai está na casa dos 80 e minha mãe na casa dos 72. Eu que agora penso em minha avó e em episódios acontecidos no final dos anos 1960 estou na casa dos 46 anos...

Lembro-me até de uma antiga canção:

O tempo passa,
Eu me perco na fumaça,
Desse jeito não vai dar...
Já estou ficando amarelo,
Não posso morrer donzelo,
Preciso me casar.

Daria até uma paráfrase: “o tempo passa, eu me perco na fumaça, desse jeito não vai dar... Já estou ficando velho, já não sou mais donzelo e não preciso me casar (já me casei).”

Foi um prazer Dinha. Vamos respeitar a sua memória!

Bom dia Brasil!
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Foto: feita em 2006 – Vitória da Conquista, Bahia. Eu estava com a barba por fazer e segurando a máquina, tentando pegar uma boa imagem da Dinha ao meu lado. Ela nasceu em 08/05/1906. Portanto: 102 anos, 2 meses e 8 dias.
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3 comentários:

Ricardo disse...

Meus sentimentos Enéias,

Mas esse seu tio jamais poderia ter feito uma coisa assim. Um filho sumir de casa, desaparecer no mundo sem jamais mandar noticia é uma coisa muito triste. Só uma mãe mesmo, ou um pai com coração de mãe, para perdoar uma coisa dessas.

Torço para que você tenha puxado a longevidade de sua avó, e que eu de meus avós paternos, assim ainda teremos muito tempo para conversar sobre os mistérios da vida.

Cleiton Heredia disse...

Enéias, meus pêsames.

Viver mais que 100 anos não é para qualquer um.

Unknown disse...

Meus pesames meu amigo.


Penso que dona Dinha viveu uma vida farta, farta de longevidade, contrariando a expectativa de vida da maioria dos seres humanos. Isto pra mim eh um presente divino que poucos recebem. Posso dizer que ela tambem fez parte da minha infancia pois era muito amiga da minha mae.
Acredito que esta eh a ordem: os mais velhos descansam primeiro.

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