quinta-feira, 27 de março de 2008

Questão de perspectiva?

Hoje eu saí do escritório, na Zona Norte de São Paulo, e fui em direção à Avenida Cruzeiro do Sul para atravessá-la. Naquele ponto ela é bem movimentada, roteiro usado por pessoas que saem do ônibus e do metrô. Parei e fiquei esperando a liberação do sinal verde próximo à via do pedestre. Fiquei olhando...

Notei que do outro lado da avenida alguém deixou cair uma laranja, que escorregou na direção da pista num ponto levemente inclinado. Curiosamente a laranja começou a rolar pela pista. A fruta rolava de lá para cá bem lentamente. Muitos carros iam passando e eu fiquei esperando para ver se ela chegaria incólume ao outro lado da pista.

E não é que chegou? Mais de um minuto rolando lentamente, percorrendo três faixas de rolamento, muitos carros passando. Finalmente a laranja parou, encostada na calçada. Não tinha como avançar mais.

Fiquei pensando:

O que diriam os estatísticos e demais observadores quanto à possibilidade de tal evento ocorrer (de novo) nas mesmas circunstâncias e com os mesmos resultados? Quem sabe os cálculos apontariam “n” possibilidades e isso tudo ficaria no universo estatístico.

Pensei mais: a laranja é uma fruta não pensante, certo? Mas se fosse um ser inteligente o que pensaria depois disso tudo? Quem sabe algo assim: milagre! Bendito milagre! Ou algo diferente?

Como posso interpretar um evento assim? Como cada um vê? Questão de perspectiva?

Pensei na laranja: ela teve sorte? E se alguém a pegar e a comer? Azar da laranja, sorte de quem a encontrou. E se esse alguém presenciando a cena e com muita vontade de saborear a fruta a tomasse depois do episódio, o que diria? Que sorte! Ou, talvez, milagre! Ou outra exclamação?

São divagações, a partir de uma simples laranja que rolou de um lado para o outro da pista movimentada e chegou inteirinha ao seu repouso provisório. Até que seja pisada, comida ou simplesmente jogada no lixo.

Para alguns: estatística do começo ao fim. Para outros: um convite à reflexão.

Finalizo perguntando:

Milagres existem? Como cada um enxerga o tema? Ou seria uma questão de perspectiva?
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3 comentários:

Anônimo disse...

Enéias,

Sempre está sempre "ligado"! Gostei do texto.

Sobre as perguntas finais: Se entendermos milagre como algo inexplicável pelas leis naturais, sim, existem milagres, alguns dos quais deixarão de ser vistos como tais algum dia...

Cleiton Heredia disse...

A partir de suas ponderações reflexivas eu diria o seguinte:

PRESTA ATENÇÃO NOS CARROS E PARA DE OLHAR PARA A LARANJA SE NÃO VOCÊ VAI ACABAR SENDO ATROPELADO!

Fui.

Ricardo disse...

No milagre relativo a intervenção sobrenatural, eu não acredito.

Se um camarada todo estrupiado e desenganado pela medicina sai andando - perfeitamente são - do hospital, vão dizer que foi um milagre; agora se o mesmo camarada morre, vão dizer que Deus sabe o que faz.

Já ouvi muita gente dizer que cada dia em sua vida é um milagre, se referindo a proteção sobrenatural. Essas pessoas simplesmente não entendem o significado da palavra milagre.

Se um alcoólatra consegue vencer o vício e diz que isso é um milagre, ai sim eu acredito, mas acredito no milagre referente a maravilha que tem sido a sua abstinência, seu combate pessoal contra a bebida. Um milagre advindo da sua vontade e esforço.

Ficar a espera de milagres, para mim, é atitude de gente covarde.

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