segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A IGREJA BELGA E OS CRIMES SEXUAIS

A Igreja Católica belga reconheceu hoje os "erros do passado" na gestão dos casos de abuso sexual a menores por parte de religiosos e garantiu que vai adotar medidas para atender às vítimas.

Três dias depois da publicação do relatório de uma comissão formada pela Igreja, que constatou 475 denúncias por abusos sexuais e o suicido de 13 vítimas desde os anos 60, o arcebispo de Malinas-Bruxelas, André Leonard, disse que "desejamos tirar as lições possíveis dos erros do passado".

"Queremos nos comprometer com a máxima disponibilidade em direção às vítimas", acrescentou o principal responsável da Igreja Católica belga em entrevista coletiva.

Leonard, no entanto, reconheceu que o problema e as emoções geradas são "tamanhas que é impossível apresentar hoje uma proposta detalhada".

Por enquanto, a Igreja Católica prevê a criação de um "centro para a cura e a reconciliação das vítimas", com a participação de uma rede de analistas, como adiantou o bispo de Antuérpia, Johan Bonny.

Insistiu que a Igreja vai colaborar com a promotoria federal e o Ministério da Justiça nos casos em que ainda é possível punir penalmente.

Leonard ressaltou que "a maioria são casos antigos, já prescritos" do ponto de vista penal, que remontam aos anos 60, mas pediu aos autores de abusos que ainda não tenham prescrito que "se denunciem eles mesmos".

O arcebispo de Malinas-Bruxelas acrescentou que o Vaticano tomará uma decisão "em um prazo razoável" sobre a possível expulsão da Igreja do ex-bispo de Bruges Roger Vangheluwe, quem foi afastado pelo papa em abril após a divulgação de ter abusado de um menor - seu sobrinho - quando era sacerdote.

O bispo de Tournai, Guy Harpigny, ressaltou que é preciso "uma nova estrutura de colaboração" entre a Igreja, a Justiça e os analistas em ajuda às vítimas.

Apontou que os casos denunciados no relatório divulgado na sexta-feira eram em sua maioria antigos, mas que, infelizmente, "os abusos sexuais continuam sendo cometidos em todos os níveis da sociedade".

O relatório da comissão independente criada pela Conferência Episcopal belga e liderada pelo psiquiatra infantil Peter Adriaenssens recebeu ao menos 475 denúncias por casos de pedofilia, além de constatar o suicídio de 13 vítimas.

Ao apresentar o documento, Adriaenssens denunciou na sexta-feira as "pressões" e a lei do silêncio que imperou durante décadas no seio da Igreja belga sobre os abusos.
 
Nota: Não faz muito tempo a mídia trouxe ao público o pronunciamento do jornalista Datena, que atribuiu aos ateus os crimes bárbaros, como se só o ateísmo fosse capaz de promover a maldade. Alguns certamente dirão que os padres envolvidos em crimes sexuais não têm deus no coração, a despeito de pensarem ter (logo, são ateus...). Não tenho notícias de crimes tão vis terem sido cometidos por ateus, em tamanha quantidade e durante tanto tempo. No caso da ICAR: não basta apenas indenizar, não basta punir. É preciso erradicar a erva daninha, mesmo que a quantidade de erva daninha seja superior ao montante de erva boa.
 
Por Enéias Teles Borges
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