sexta-feira, 2 de julho de 2010

Quem é o culpado?

A indicação do culpado, no cotidiano, é procedimento que, muitas vezes, atrapalha mais do que ajuda. Existem situações em que um resultado, necessariamente surgirá, e quem estiver do lado contrário a tal resultado não deve, de forma sistematizada, sair em busca de eventual culpado.

Exemplificando

Acabamos de sair da Copa do Mundo. Já começaram a apontar os culpados pela derrota. Uma das duas seleções haveria de sair, não tem jeito. Cada jogo é um jogo e situações inusitadas acontecem. Não há que se falar em culpado. Se um ganha o outro, necessariamente, perde. Terminasse o jogo por 1 a 0, para o Brasil, seria justo, na Holanda, apontar um culpado? É óbvio que existem situações em que o culpado precisa e deve ser apontado. No caso de delito, sem dúvida. Mas na maioria dos casos o mais importante não é apontar o culpado e sim tentar corrigir, se for possível, o erro.

A questão da culpa

Citei o exemplo acima apenas por citar. Quero chamar a atenção para o fato de que a procura pelo culpado impede, muitas vezes, a correção de eventual erro. Inúmeros casos são piores: em busca de um culpado inexistente, aponta-se um erro que não existe.

A religião cristã e a culpa

Seria justo procurar um culpado pelo pecado, do qual tanto trata o mundo cristão? Adão cometeu algum erro? Como poderia? Existiria erro que pudesse ser cometido por um ser perfeito? Na ânsia de apontar um culpado o cristianismo mostrou um erro humano inexistente: o pecado original.

Calcanhar de Aquiles

A questão da culpa e do culpado é um dos mais bizarros problemas do Cristianismo. Atribuir a um ser limitado, criado por um ser ilimitado, a culpa é, no mínimo, falta se discernimento. Essa discussão é longa e serei taxado de apóstata. Mas devo ser coerente, dentro do meu agnosticismo, não é verdade?

Finalizando

Quanto menos procurarmos os culpados, mais tempo teremos para corrigir erros (se é que eles existem). Não podemos tratar as circunstâncias desagradáveis como se elas sempre fossem decorrentes de erros e que atrás desses erros existem culpados.

É assim, bem simples. Retomo meu pensamento sobre o futebol. Aquilo ali é esporte. Esporte sério, mas não passa de esporte. Não há culpado. Há um vencedor que segue adiante e o necessário perdedor que volta para casa mais cedo. Seguimos adiante sete vezes e vencemos cinco. Esqueçamos os falsos culpados e os falsos erros.

A vida precisa ser vivida conforme ela é. Se possível sem culpa e, logo, sem culpado.

Enéias Teles Borges
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4 comentários:

Cleiton Heredia disse...

O culpado foi a Holanda, é claro!

Eduardo Medeiros disse...

A culpa do homem pecador diante de um deus santo sempre foi um motivo de angústia no monoteísmo. Culpas que deixaram muitos doentes, sem prazer na vida. Mesmo o Cristianismo enfatizando que nossos pecados não são mais lembrados por Deus, a culpa permanece na prática cristã. Freud explica.

abraços

Anônimo disse...

Esse texto é muito bom e de certa forma retrata uma verdade. Estamos sempre buscando um culpado para tudo e nunca somos culpado de nada.
Bom seria se olhássemos e víssemos que somos culpados em muitas coisas ou na grande maioria delas.
Quero dizer sem medo de retaliação que existem questionamentos que faço que ainda não obtive respostas, mesmo provenientes da Bíblia e essa questão de Adão é uma delas. Da Terra Jovem, da serpente são outros que tento entender racionalmente.

MIRANDA disse...

Enéias
Esse texto anônimo foi meu, porque estava na empresa e não consegui acessar pelo meu login do blog por isso não consegui a identificação.
Não tenho medo de retaliação mesmo por parte de ateus e agnósticos que com isso confirmam suas argumentações contra a bíblia como não verdade absoluta e muito menos dos religiosos que a tem como algo intocável.
Nem todos tem as respostas, agora, temos que achar quem é o culpado de tudo isso rsrsrs.
Grande abraço.

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