Minha filha primogênita (temos duas mocinhas) está no primeiro semestre da Faculdade de Jornalismo. Ela estuda no Mackenzie. Não é um curso barato, mas está trazendo compensações a cada dia. Tem sido interessante vê-la imergindo no mundo maravilhoso do jornalismo sério. Sinto que a cabeça dela está pronta para o que virá dos professores e do contexto. Tivemos muito cuidado na criação das nossas filhas e entre nossas atenções sempre esteve um objetivo definido: a despeito da cultura religiosa na qual viveram e estudaram elas não poderiam ter as cabeças fechadas, típicas de eternos moradores das caixinhas de porcelana. Não poderíamos permitir que a ortodoxia religiosa invadisse suas mentes e lá permanecesse como uma trava ao bom e completo saber. A receita é teoricamente simples, mas a prática requer esforço e o bom exemplo dos pais. Sempre foi importante mostrar a elas a regra do civilismo e insistir que o que é certo deve ser cultivado pelo simples fato de que é certo. Nada de esperar recompensa eterna. O certo é certo, tanto para teístas quantos para ateístas.
Fico maravilhado com a mudança de rotina dela. Especialmente quanto à leitura. Sempre leu muito, mas leituras suaves e de divertimento. Agora está diferente: cada semana um periódico semanal, a análise que faz dos editoriais de Veja, Época, Istoé e afins. O domingo é separado para longas leituras da Folha de São Paulo e do Estadão. Está sempre atualizada. Cedo e à noite navega pela internet e coloca o olho nos principais canais de notícia: Bandnews, Globonews, Recordnews e afins. Hoje vejo utilidade ímpar na TV a cabo e na internet banda larga. Os dois equipamentos de informática que temos em casa não dão para o gasto. Preciso levar mais dois notebooks para casa. Cada membro da família precisa do seu. Minha filha menor faz segundo ano do segundo grau e curso técnico de música e minha esposa está cursando a segunda pós-graduação. Sigo pendurado na minha dissertação de mestrado.
Por que digito isto? Para enfatizar a evolução do pensamento na família. Religião, cultura, o mundo real e seus componentes são nossos pratos diários. É bom ver que a bitola não se fixou no meu lar. Era um medo que tínhamos. Afinal desde a pré-escola receberam uma carga de cultura religiosa muito forte e precisávamos incutir o equilíbrio em casa. Leituras vigiadas e variadas, bons filmes em casa ou no cinema, bons espetáculos em teatros e passeios em centros de lazer e de compras. As alegrias e mazelas do mundo atual... Tudo precisava ser mostrado pois existe um mundo aqui fora...
Muitos sapos foram e têm sido engolidos: por que jornalismo? Jornalismo não é curso para cristão! Será mesmo? Por que o pensamento de muitos insiste em ser retrógado? Lembro-me que ao longo da faculdade de teologia eu ouvi muito: a psicologia é coisa do mal! Nada de psicólogo! Para isso existe o aconselhamento pastoral! Não existe depressão! Isso é falta de Deus no coração! Imaginem se eu tivesse acreditado nisso e em muitas outras birutices do mundo da “cultura religiosa” (notem que não me refiro à religião).
Felizmente com uma grande carga de boas intenções a minha esposa e eu resolvemos seguir por esse caminho. É o caminho certo? Só o tempo dirá. O que sabemos: o caminho sugerido pelos burocratas da fé não é o correto. Não sei se estamos no caminho ideal, mas sabemos que aquele sugerido pela tradição cega não está...
Certo ou errado fica por conta do tempo e tudo isso faz parte da evolução do pensamento...
Enéias Teles Borges
Postagem original: 31/03/2009
Fico maravilhado com a mudança de rotina dela. Especialmente quanto à leitura. Sempre leu muito, mas leituras suaves e de divertimento. Agora está diferente: cada semana um periódico semanal, a análise que faz dos editoriais de Veja, Época, Istoé e afins. O domingo é separado para longas leituras da Folha de São Paulo e do Estadão. Está sempre atualizada. Cedo e à noite navega pela internet e coloca o olho nos principais canais de notícia: Bandnews, Globonews, Recordnews e afins. Hoje vejo utilidade ímpar na TV a cabo e na internet banda larga. Os dois equipamentos de informática que temos em casa não dão para o gasto. Preciso levar mais dois notebooks para casa. Cada membro da família precisa do seu. Minha filha menor faz segundo ano do segundo grau e curso técnico de música e minha esposa está cursando a segunda pós-graduação. Sigo pendurado na minha dissertação de mestrado.
Por que digito isto? Para enfatizar a evolução do pensamento na família. Religião, cultura, o mundo real e seus componentes são nossos pratos diários. É bom ver que a bitola não se fixou no meu lar. Era um medo que tínhamos. Afinal desde a pré-escola receberam uma carga de cultura religiosa muito forte e precisávamos incutir o equilíbrio em casa. Leituras vigiadas e variadas, bons filmes em casa ou no cinema, bons espetáculos em teatros e passeios em centros de lazer e de compras. As alegrias e mazelas do mundo atual... Tudo precisava ser mostrado pois existe um mundo aqui fora...
Muitos sapos foram e têm sido engolidos: por que jornalismo? Jornalismo não é curso para cristão! Será mesmo? Por que o pensamento de muitos insiste em ser retrógado? Lembro-me que ao longo da faculdade de teologia eu ouvi muito: a psicologia é coisa do mal! Nada de psicólogo! Para isso existe o aconselhamento pastoral! Não existe depressão! Isso é falta de Deus no coração! Imaginem se eu tivesse acreditado nisso e em muitas outras birutices do mundo da “cultura religiosa” (notem que não me refiro à religião).
Felizmente com uma grande carga de boas intenções a minha esposa e eu resolvemos seguir por esse caminho. É o caminho certo? Só o tempo dirá. O que sabemos: o caminho sugerido pelos burocratas da fé não é o correto. Não sei se estamos no caminho ideal, mas sabemos que aquele sugerido pela tradição cega não está...
Certo ou errado fica por conta do tempo e tudo isso faz parte da evolução do pensamento...
Enéias Teles Borges
Postagem original: 31/03/2009
Um comentário:
Enéias,
Um bom religioso não acredita na evolução do pensamento, apenas na microevolução do pensamento (rs).
Daí, o aconselhamento pastoral "microevoluiu" para a sessão com o psicologo.
De uns tempos para cá nada me diverte mais do que o pensamento religioso, que está sempre uns passos atrás da realidade.
Quanto a sua filha, eu tenho certeza que ela será uma ótima jornalista.
Postar um comentário