segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O céu desabando...


Eu tive um professor, na Faculdade de Teologia, que nos dizia uma frase interessante: “Não adianta orar a Deus, pedindo a bênção numa viagem e não revisar o carro antes. Não adianta orar e viajar com os pneus carecas...”

São palavras simples e oportunas para um momento como esse. É notícia mundial a tragédia ocorrida na sede da igreja Renascer em Cristo neste último domingo. O teto desabou e houve mortes e uma centena de feridos.

Muitos, quem sabe, estejam chorando e se perguntando: por quê? Como é possível numa sede de uma igreja? Numa igreja que prega a prosperidade e a proteção permanente de Deus? O mesmo Deus que derrama bênçãos sem fim permitiria tal tragédia?

Qual a reflexão que faço? Não é complexa. Não adianta buscar bênçãos do alto e não operar o necessário aqui embaixo. A resposta será sempre a mesma: algo deveria ter sido feito e não o foi.

Da mesma forma que não creio nessas bênçãos sem fim propagadas pelas igrejas carismáticas eu não atribuo à tragédia uma ação sobrenatural. Houve falha humana, simplesmente isso. Caso se pretenda (ainda) falar em bênção a conversa é outra. Quem sabe se o templo estivesse mais cheio a desgraça não teria sido maior? Seria uma desgraça menor uma forma de bênção? Não acredito nisso!

O que devemos fazer agora sendo crentes ou incrédulos, criacionistas ou ateus é agir como seres humanos. Nada de criticar e nada de ironizar. É momento de solidarizar.

Do mesmo jeito que não concordo com as bênçãos que são prometidas nos templos eu não concordo com o arrazoado que tenho ouvido, a saber: que o casal que preside a Igreja em tela trouxe sobre sua membresia um castigo...

Nada disso! Houve, veremos mais adiante, ausência de cuidados essenciais. O que ali aconteceu poderia acontecer em qualquer outro lugar que estivesse nas mesmas condições...

Enéias Teles Borges
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2 comentários:

Cleiton Heredia disse...

A questão é:

Mas se mandamos revisar o carro, por que orar?

Se fizermos tudo que precisava ser feito no âmbito humano, por que recorrer ao divino?

Estas perguntas parecem ser heréticas e presunçosas, mas as faço apenas como uma forma de levar à reflexão.

Assim se processa a racionalização da fé:

Quando fazemos nossa parte e oramos, mas nada acontece de pior é porque Deus protegeu honrando nossa atitude preventiva.

Quando não fazemos nossa parte e oramos, mas nada acontece de pior é porque Deus em sua misericórdia nos protegeu apesar de nossa ignorância e falhas.

Quando fazemos nossa parte e oramos, mas o pior acontece é por que nossa fé está sendo provada.

Quando não fazemos nossa parte e oramos, mas o pior acontece é por que fomos presunçosos e a culpa é totalmente nossa.

Percebeu como para aquele que tem fé tudo sempre acaba fazendo sentido e tem sua explicação?

Ricardo Cluk de Castro disse...

Eu ando irritado com esse tipo de religião paranóica e irracional. Pensando bem: existe algum outro tipo de religião?

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