sexta-feira, 25 de abril de 2008

Legado das nossas misérias

Machado de Assis em sua fantástica obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, costurou uma frase que, analisada em seu contexto e aplicada na atualidade, é uma pérola: “legado das nossas misérias”.

Olhando o Brasil, à luz da mídia e tendo a massa como caixa de ressonância, causa forte impressão o episódio envolvendo o assassinato da criança de seis anos (Isabella), tendo a sua madrasta e seu pai como protagonistas principais.

A mídia, escudada pelo apoio de muitos do povo, investigou, julgou e condenou o casal em tempo recorde.

Deixo bem claro que não estou querendo fazer a apologia do casal, longe disso! Incomoda o profundo desrespeito aos princípios básicos da Justiça.

O efeito do homicídio na sociedade é imensurável, mas nem por isso as etapas do ordenamento jurídico devem ser desconsideradas. Há que se atentar para o princípio do contraditório. Uma investigação perfeita conduzirá ao (s) assassino (s) e legitimará a prisão preventiva e posterior condenação. Nada deve ser feito diferente disso sob risco de se rasgar a Constituição Federal do Brasil.

Por que, afinal, existe essa reação?

O povo está cansado da violência e tem sede de justiça imediata. Coloca, inclusive, esse crime na mesma vala comum dos muitos crimes que ocorrem no país. O caso em tela causa comoção, mas não deve ser confundido com crimes que ocorrem no trânsito e em assaltos – por exemplo. Uma situação como essa, ocorrida numa família da classe média, requer punição, claro, mas deve ser observada sob o ponto de vista da raridade. Isso mesmo! Não acontecem crimes assim todo dia, mas todo dia acontecem crimes tidos como comuns.

Eis que a sede de justiça (ou vingança) fez a massa protestar, pichar e querer linchar.

Por quê?

“Legado das nossas misérias”.
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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Um novo sinal do fim


Existem pessoas com uma característica absurda (acreditam que seja vocação): são alarmistas. Sempre estão vendo pretextos para o fim imediato da história humana.

O papa passou pelos Estados Unidos e foi embora. Antes disso a internet foi varrida por análises proféticas alarmantes e de origem duvidosa. O “achismo” profético povoou o meio religioso protestante.

Como as previsões não foram satisfeitas a contento já surgiu um novo sinal do fim dos tempos em substituição à visita papal ao poderoso país norte americano.

O terremoto que foi sentido em várias cidades paulistas no dia 22/04/2008, às 21 horas. Eis o grande sinal!

Já existem pessoas dizendo que o fim está às portas. É como se o Brasil, de repente, tivesse passado a ser o termômetro divino indicando a temperatura febril da humanidade.

O caos devasta o mundo e um tremor de terra no Brasil passou a ser o sinal do fim. Bento XVI já era!

Cabe até uma reflexão: o caos é mais gratificante para o alarmista do que o remédio para o enfermo.

Lamentável!
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terça-feira, 15 de abril de 2008

O papa e o presidente poderoso

Bento XVI está nos Estados Unidos da América do Norte. O líder máximo da maior comunidade cristã está no País mais poderoso do planeta. O encontro dos gigantes: aquele que detém o poder temporal e o que difunde a doutrina.

Muitos entendem que esse encontro é peça fundamental do quebra-cabeça do quadro profético. Um outorgando poder ao outro. Fusão dos maiores poderes sobre a terra.

Maiores poderes? O mundo islâmico está fora disso? E as religiões orientais? As profecias para o mundo estão adstritas a um país do ocidente e um líder cristão? E os outros: estão longe da graça e da ira divinas?

Verdade ou mais algum arroubo de arrogância?

Precisamos ver o que acontecerá nessa visita papal e sua repercussão no contexto protestante.

Por enquanto é momento de ouvir, ler e falar pouco e bem depois. Bem depois mesmo! Não por omissão ou proteção de imagem anti-alarmista. Trata-se cautela.
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sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ser rico: que vida dura!

Deparei-me com esse texto no provedor UOL e resolvi partilhar com os amigos. O ser humano é incurável! Nem mesmo o dinheiro em abundância lhe traz a tranqüilidade necessária. Recomendo a leitura.
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Não é fácil ser um bilionário
Michael Johnson - em Bordeaux, França

Um bilionário de Seattle para o qual já trabalhei enfrentou dificuldades financeiras há dois anos, quando seus negócios começaram a ruir.

Ele teve que vender sua ilha particular e se livrar de seu iate (um dos maiores do mundo) ao mergulhar em relativa pobreza.

Meu ex-empregador, um magnata da telefonia celular, agora saiu da mais recente lista de bilionários da revista "Forbes" enquanto luta para se manter. Só lhe restam algumas poucas centenas de milhões e ele não é um homem feliz.

Apesar da riqueza extraordinária deste empreendedor e outros de sua liga, ela nunca parece lhes proporcionar serenidade. Eles sabem quão rapidamente pode ser perdida, o que os faz perguntar: "Por que o suficiente não é realmente suficiente?"

Até mesmo detentores de velhas fortunas são atormentados por esta pergunta. Um consultor amigo meu, que antes trabalhava para Nelson Rockefeller, lembra de tê-lo ouvido se queixar de seus ataques recorrentes de insegurança.

A riqueza líquida pessoal de Rockefeller era de cerca de US$ 3 bilhões. Ao ser perguntado quanto precisava para poder relaxar, Rocky fez uma breve pausa e disparou: "Quatro bilhões devem dar", ele disse.

A dinastia Rothschild tinha problemas semelhantes. Trabalhando para a "Business Week", eu certa vez me encontrei separadamente com os ramos francês, britânico e suíço da família. Chamou-me a atenção a briga familiar em torno de como transformaram sua grande fortuna em pequenas fortunas.

Um membro do ramo suíço da família me confidenciou seu desprazer com seus parentes franceses, que conseguiram perder dinheiro em imóveis franceses. "É realmente preciso se esforçar para conseguir isso", ele disse.

Eu suspeito que não exista algo como ter dinheiro suficiente. Na verdade, muitos dos super-ricos concordam que quanto mais você tem, mais você se preocupa a respeito. Suas histórias estão em um grande livro, "Riquistão", de Robert Frank.

Frank cita um empreendedor americano, identificado apenas como George, como tendo dito que ele e outros bilionários (1.125 deles segundo a última contagem da "Forbes") sofrem com uma combinação de cobiça e medo. "Se as pessoas ficam preocupadas, é parte do que as motiva", George é citado como tendo dito. "Nós estamos sempre preocupados."

Certamente não basta mais ser milionário. A equipe da "Forbes" disse que já existem mais de 8 milhões de americanos nessa lista, de forma que o que importa agora é a lista dos bilionários, mesmo que apenas como esporte de espectador. Alguns dos concorrentes da Microsoft adoraram ver Bill Gates ser derrubado do topo da lista neste ano pelo investidor de Omaha, Warren Buffett (US$ 62 bilhões), e pelo magnata mexicano de telecomunicações, Carlos Slim Helu (US$ 60 bilhões). Gates caiu para terceiro, com US$ 58 bilhões.

Os bilionários não são apenas americanos. Indianos, russos e chineses estão despontando em números crescentes entre os super-ricos.

Mas com grandes riquezas pode vir grande desconforto, segundo pessoas que estudaram a psicologia da riqueza. O principal problema é a "affluenza" -a culpa em relação ao abismo entre os muito ricos e as demais pessoas.

Um segundo problema é a compulsão para continuar a acumular ainda mais. O Dr. Paul Wachtel, professor de psicologia do City College e City Graduate Center de Nova York, examinou este problema em seu famoso trabalho, "Full Pockets, Empty Lives" (bolsos cheios, vidas vazias), no "American Journal of Psychoanalysis".

Wachtel reconheceu que o dinheiro pode ser um símbolo de sucesso, mas ele identifica a inveja e a ganância como os motivadores escondidos por trás do anseio por mais e mais dinheiro.

"A busca pelo dinheiro e bens materiais como meta central da vida cobra um preço bem alto", ele escreveu. Os estudos mostram que o dinheiro exerce "um papel notavelmente pequeno" na verdadeira felicidade ou bem-estar de uma pessoa. Na verdade, a intimidade e a vida familiar são freqüentemente sacrificadas em nome do prover para a família.

E a inveja alimenta o impulso da ganância, argumentou Wachtel: "Nós podemos querer não apenas o que os outros têm, mas muito mais do que os outros têm, ou mais apenas pelo mais".

Eu falei recentemente com Wachtel e perguntei a ele para onde a cultura da riqueza estava levando. As pessoas na faixa de renda dos seis dígitos têm problema em controlar a busca por mais, ele disse: "Elas se tornam escravas da manutenção do nível material que conseguiram. Se torna uma esteira mecânica sem prazer".

Ele tinha alguns conselhos para os ricos infelizes. "Se os 5% mais ricos trabalhassem dois terços do que trabalham, e ganhassem dois terços do que ganham, suas vidas seriam imensuravelmente mais ricas", ele disse. "O tempo, eles descobririam, é um bem muito mais valioso do que o dinheiro."

*Michael Johnson é um redator da "Business Week" que vive em Bordeaux.

Tradução: George El Khouri Andolfato
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Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2008/04/03/ult2680u667.jhtm
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