quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mais sobre o criador e a criatura...

Eu já teci comentários sobre a frase: “deus existe de uma forma ou de outra, como um ser superior que deu origem às coisas ou como criatura humana, numa tentativa de justificação da vida”.

Eis algo que não cala e daí se poder afirmar sem erro: deus existe! Como criador da humanidade ou criatura humana. Que existe é fato! Como diria um ateu, quando perguntado sobre a existência de deus? “Claro que existe, foi criado pelo homem”. Como diria o religioso? “Claro que existe, ele, inclusive, criou o homem”.

Debate sem fim, esse da fé num ser criador. O criador do homem ou o criador do deus soberano. O criador e a criatura!

Pensam alguns que no passado os homens de grande poder intelectual, conscientes de que a sobrevivência humana só se manteria pela existência de um segredo, criaram essa ficção. A de que deus existe! Aproveitando o senso “espiritual dos que pensam e temem a morte” foi instituída a fé. Essa fé se baseia em algo que não se vê, mas que se mostra “evidente” de outras formas. Essas formas são implementadas de tal maneira que até mesmo os mais letrados, por força da repetição desde a infância, também haveriam de crer. Quem poderia se insurgir contra essa idéia? Quem poderia achar isso banal? Como provar o contrário? Pela fé é possível crer, mas não é possível provar...

Quem não tem medo vai em busca da prova. Quem se sente inseguro pára, pensa e volta a parar... Quem quiser ficar no conforto atual que não use a mente. O pensamento levará à racionalidade - num equilíbrio com a fé. Esse equilíbrio jamais deixará o pensante no mesmo lugar no qual se encontrava antes de parar, pensar e continuar pensando...

O deus criador sempre existirá para os que buscam conforto e apenas o conforto. Ele se tornará turvo para os que buscam a verdade e apenas a verdade. No mínimo o explorador da verdade notará que esse deus não é da forma como foi apresentado às muitas pessoas... Quem teria coragem para viver com isso? Sem dúvida não seria aquele que busca o conforto e apenas o conforto.

Minha admoestação: caso você queira continuar no conforto que lhe foi transmitido e quiser continuar transmitindo esse conforto às próximas gerações pare onde está. Não pense, não estude, não ouça o que alguns têm a dizer...

Caso seja do seu interesse a verdade a qualquer preço eu sugiro que pense, estude e ouça o que alguns têm a dizer...

Você só precisa de algo: coragem! Coragem para continuar com medo ou coragem para enfrentar o medo...

É assim mesmo, bem simples...

Enéias Teles Borges
Postagem original: 14/09/2008
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2 comentários:

Cleiton Heredia disse...

Enéias,

Muito embora tenha entendido perfeitamente suas ponderações nesta postagem, quero dizer-lhe que elas podem ser interpretadas de forma equivocada por aqueles que relacionarão o “ficar no conforto” com a fé num Deus Criador, e o “sair do conforto” com a razão direcionada pelo ateísmo.

Você está certo quando afirma que qualquer pessoa que sai de sua zona de conforto (tradição, cultura, religião, paradigmas) e começa a refletir sobre tudo que lhe foi transmitido, nunca mais será a mesma. Isto não significa que ela necessariamente deixará de crer nas “verdades” que lhe ensinaram e começará a crer em outras “verdades”, mas apenas que a maneira ingênua como antes entendia algo nunca mais poderá ser recuperada.

Porém, querer permanecer ou sair da zona de conforto não deveria ter um vínculo direto com se crer ou não em Deus, pois encontramos tantos criacionistas como ateus vivendo em suas respectivas zonas de conforto.

Existem muitos que querem crer em Deus como o criador de tudo, mas que são pessoas com coragem de pensar, estudar e ouvir opiniões contrárias com ponderação. Por outro lado existem muito que supostamente se dizem como “caçadores da verdade”, mas que apenas querem fugir da possibilidade de um encontro com um Deus que pode ser real e que poderia cerceá-lo em seu estilo de vida ou recrimina-lo na maneira como satisfaz seus desejos.

Honestidade intelectual na busca pela verdade não é necessariamente uma característica somente daqueles que não crêem em Deus por faltas de provas conclusivas, nem o medo do confronto com a verdade uma característica somente daqueles que crêem em Deus apesar de não existirem provas conclusivas.

Entendo que atualmente, com todo conhecimento acumulado pelo homem, ainda existe a necessidade tanto da fé como da razão para se crer no Deus como criador do homem ou no homem como criador de Deus.

Anônimo disse...

Enéias,

Sobre o Criador, veja o que o Papa João Paulo II disse (encíclica Fides et Ratio):

"... Deus que Se dá a conhecer na autoridade da sua transcendência absoluta, traz consigo também a credibilidade dos conteúdos que revela. Pela fé, o homem presta assentimento a esse testemunho divino. Isto significa que reconhece plena e integralmente a verdade de tudo o que foi revelado, porque é o próprio Deus que o garante. É por isso que o ato pelo qual nos entregamos a Deus, sempre foi considerado pela Igreja como um momento de opção fundamental, que envolve a pessoa inteira. Inteligência e vontade põem em ação o melhor da sua natureza espiritual, para consentir que o sujeito realize um ato no pleno exercício da sua liberdade pessoal. «Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará» (Jo 8, 32)."
Fonte: www.apostolica.org

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