sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sobre o nepotismo...

Sobre o nepotismo...
Enéias Teles Borges


Curiosamente o substantivo se refere à autoridade dos sobrinhos ou demais parentes do papa na administração eclesiástica, mas hoje, inclusive designado em vários dicionários, o nepotismo se atém ao favoritismo para com parentes (empreguismo) no poder público.

Concentrando-me apenas no sentido usual (Brasil) eu diria que o Supremo Tribunal Federal (STF) fez o que era para ser efetivado pelo Poder Legislativo (ficou ruim, não é?). Que não se atrevam (deputados e senadores) a dizer que o Poder Judiciário imiscuiu-se na esfera do outro poder.

O interessante foi a perspicácia do STF em tomar medida oportuna contra as possíveis manobras, típicas do famigerado “jeitinho brasileiro”, isto é, os detentores do poder público não poderão contratar parentes até o terceiro grau e mais: as duas formas de nepotismo serão evitadas: (1) a direta, que consiste na contratação de parentes e (2) a cruzada, que seria a troca de favores entre agentes do poder.

Boa notícia! Em meio a tanta podridão eis que algo de bom veio lá do Planalto Central.

Gostariam de ter outra boa notícia? Essa, certamente, não precisa vir do poder público. Basta que venha do nosso meio. Conhecem o nepotismo da fé protestante? Existe e é forte. Vejam como parentes, independentemente da qualidade profissional, são lotados em pontos estratégicos. Coisa de republiqueta!

Não seria memorável o dia em que os membros das comunidades da fé passassem a proibir contratação de secretárias, assistentes e afins até o terceiro grau de parentesco? Não seria maravilhoso assistir ao fim (também) do nepotismo cruzado, do tipo: “... e aí pastor, pode contratar a minha mulher (tia, sobrinha...) como secretária...?”

É de se notar: aquilo que acontece no país repercute em vários setores sociais, inclusive no eclesiástico - tanto para o bem quanto para o mal. Vamos ter fé (virtude cristã) e esperar (esperança cristã) que o nepotismo se afaste das comunidades eclesiásticas (até mesmo como exemplo para a sociedade).

Refletindo: é horrível ver nos corredores do poder a quantidade de cabides de emprego e é triste (de fazer chorar) ver uma comunidade da fé funcionando como "porta cabideiros" ou quem sabe como uma imensa vaca leiteira...

Bom final de semana Brasil!
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Um comentário:

Cleiton Heredia disse...

Na verdade o único tipo de nepotismo que me incomoda é o político, pois este quem banca somos nós com os nossos impostos.

Quanto ao eclesiático, que se preocupem aqueles que bancam com seus próprios recursos estas instituições.

Mas pensando bem, é impossível não haver nepotismo eclesiástico, pois não são todos "irmãos"? (Ai, esta foi infame!)

Voltando à proibição de nepotismo na máquina pública do governo, não me animo nem um pouco em comemorar, pois todos nós sabemos que se os políticos não desviarem as verbas públicas de um jeito, acabarão desviando de um outro.

"Brasil ame-o ou deixe-o!" - Se quem inventou esta frase me pagasse a passagem, eu já estaria longe.

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