domingo, 17 de agosto de 2008

Quebrando a rotina

No último sábado minha esposa e eu resolvemos quebrar a rotina que está se tornando tormentosa. Durante a semana enfrentamos com galhardia o trânsito e as obrigações profissionais. Oportunidade para conversar existe, mas num período limitado e no tempo que eventualmente resta. Resta? Isso mesmo, no tempo que milagrosamente sobra.

Aos sábados costumamos ir à igreja. Saindo de casa pegamos um trânsito chato. Chegando cedo conseguimos um lugar para sentar, não conseguindo a situação se complica. Assistir ao culto de forma desconfortável não é nada bom. Sempre penso numa frase, quando estou em pé na igreja e em especial depois de enfrentar o famigerado e chato trânsito: “misericórdia quero, não sacrifício...”.

O próprio culto se transformou numa rotina insuportável. Liturgia arcaica e sem sentido. Formalidade repugnante e mensagens superficiais. Alguém pode dizer: “isso não é importante, a presença na igreja é para comunhão com Deus...” Fico pensando: só na igreja? E a comunhão pessoal e a comunhão familiar? A presença na igreja tem como fito principal a comunhão dos fiéis na adoração a Deus. Digam-me: qual comunhão dos fiéis existe num contexto de corre-corre e algaravia? Reverência: isso ainda existe? Se ainda existe precisa-se saber em qual templo...

Fato é que resolvemos pegar o carro e tomar a direção da estrada. Sem planejamento. Na Régis Bittencourt vimos indicação de uma cidade: Embu das Artes. Conhecíamos o município, mas fazia um tempão que por lá não passávamos. A cidade estava serena. Andamos e fomos sentar num banco da pracinha. Sabem aquelas pracinhas com coreto? Ficamos ali conversando como ocorria nos bons tempos de namoro. Depois saímos de mãos dadas pelas pequenas avenidas, olhando o artesanato, artistas esculpindo estatuetas, pessoas pintando quadros, senhoras costurando em tecidos e um outro no fabrico de bolsas. Havia até uma pequena exposição de filhotes de cães e na igreja católica peças antigas que antecediam ao período barroco.

Alguém se arvoraria a dizer que esse comportamento é contra os princípios tradicionais? Sim? E com qual autoridade? Aquela advinda do cumprimento sistematizado da rotina estonteante?

“Misericórdia quero, não sacrifício...” Conseguimos, ainda que de forma breve, esquecer da rotina da semana e do sacrifício dos sábados...

Foi um dia memorável!

Voltamos para casa e concluímos algo muito bom: isso precisa se repetir e repetir sempre.

Enéias Teles Borges

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