Dois verbos me chamam especial atenção, pois denotam de forma clara a opinião que se tem a respeito de determinados temas. Destaco o uso desses verbos no que tange à religião ou prática religiosa, notadamente no que diz respeito às convicções pessoais. São eles: negar e duvidar.
(a) Por negar entende-se “recusar-se a admitir”, “contestar”, “repelir”, “repudiar”... (b) Por duvidar entende-se “não acreditar”, “não estar convencido”, “questionar”...
O bom entendimento dos sentidos dos verbos acima citados é de suma importância para que a compreensão e o respeito sejam instalados e mantidos nos mais variados segmentos religiosos. Há que se respeitar os pontos de vista das pessoas, levando em consideração a diferença que há entre esses dois verbos.
Uma pessoa que nega uma fé ou uma crença não deixa margens de dúvidas quanto à sua postura: não crê, não concorda, não admite (não me refiro ao ateu) e um indivíduo que duvida está numa posição bem diferente: o motivo pelo qual ele não firma posição é porque não tem elementos suficientes para aceitar ou negar. Precisamos observar que o que nega está num estágio final e o que duvida está um passo atrás. É natural que assim seja, pois um segue-se ao outro (não necessariamente, mas acontece quase que invariavelmente).
Em que ponto reside o problema? Os xiitas da fé não conseguem ver essa diferença e concedem ao que duvida a mesma descompostura que outorgam ao que nega. Esse tipo de reprimenda, oriunda daqueles que se julgam guardiões da fé, costuma criar um estado de espírito nocivo naquele que não firmou posição de negar ou aceitar.
Os ditos zelosos da teologia local costumam citar Tomé como exemplo. Se quem não duvida é bem aventurado logo quem duvida é “mal aventurado”. É assim mesmo? Talvez na cabeça dos obtusos de plantão que se julgam assessores diretos do ser divino ao qual adoram.
Duvidar, no contexto atual, é estranha virtude. Como não duvidar diante de tantas variedades, tantas opções de escolha, tantos dogmas, tantos corpos doutrinários? Deixar de duvidar está adstrito (1) ao zeloso que chegou a algum tipo de conclusão pessoal oriunda de muita devoção e estudo ou (2) a um cego que se julga portador de visão telescópica que sobrepuja a fé e se perde nos labirintos da loucura humana...
Meu convite à reflexão: por que não respeitar mais as pessoas? Ao que nega que siga seu caminho! Ao que duvida que exerça esse maravilhoso direito de só aceitar aquilo que decorre de convicção pessoal!
Melhor negar ou duvidar do que ser “papagaio da fé e da crença” que somente sabe repetir aquilo que lhe foi repetidamente ensinado, conforme reza a famosa cartilha do condicionamento, que muitos insistem em dizer que é religião (e que na realidade não passa de cultura religiosa) - reflexo condicionado da fé alienante...
Enéias Teles Borges
Postagem original: 14/08/2008
(a) Por negar entende-se “recusar-se a admitir”, “contestar”, “repelir”, “repudiar”... (b) Por duvidar entende-se “não acreditar”, “não estar convencido”, “questionar”...
O bom entendimento dos sentidos dos verbos acima citados é de suma importância para que a compreensão e o respeito sejam instalados e mantidos nos mais variados segmentos religiosos. Há que se respeitar os pontos de vista das pessoas, levando em consideração a diferença que há entre esses dois verbos.
Uma pessoa que nega uma fé ou uma crença não deixa margens de dúvidas quanto à sua postura: não crê, não concorda, não admite (não me refiro ao ateu) e um indivíduo que duvida está numa posição bem diferente: o motivo pelo qual ele não firma posição é porque não tem elementos suficientes para aceitar ou negar. Precisamos observar que o que nega está num estágio final e o que duvida está um passo atrás. É natural que assim seja, pois um segue-se ao outro (não necessariamente, mas acontece quase que invariavelmente).
Em que ponto reside o problema? Os xiitas da fé não conseguem ver essa diferença e concedem ao que duvida a mesma descompostura que outorgam ao que nega. Esse tipo de reprimenda, oriunda daqueles que se julgam guardiões da fé, costuma criar um estado de espírito nocivo naquele que não firmou posição de negar ou aceitar.
Os ditos zelosos da teologia local costumam citar Tomé como exemplo. Se quem não duvida é bem aventurado logo quem duvida é “mal aventurado”. É assim mesmo? Talvez na cabeça dos obtusos de plantão que se julgam assessores diretos do ser divino ao qual adoram.
Duvidar, no contexto atual, é estranha virtude. Como não duvidar diante de tantas variedades, tantas opções de escolha, tantos dogmas, tantos corpos doutrinários? Deixar de duvidar está adstrito (1) ao zeloso que chegou a algum tipo de conclusão pessoal oriunda de muita devoção e estudo ou (2) a um cego que se julga portador de visão telescópica que sobrepuja a fé e se perde nos labirintos da loucura humana...
Meu convite à reflexão: por que não respeitar mais as pessoas? Ao que nega que siga seu caminho! Ao que duvida que exerça esse maravilhoso direito de só aceitar aquilo que decorre de convicção pessoal!
Melhor negar ou duvidar do que ser “papagaio da fé e da crença” que somente sabe repetir aquilo que lhe foi repetidamente ensinado, conforme reza a famosa cartilha do condicionamento, que muitos insistem em dizer que é religião (e que na realidade não passa de cultura religiosa) - reflexo condicionado da fé alienante...
Enéias Teles Borges
Postagem original: 14/08/2008
Um comentário:
Esta é mais uma daquelas suas postagens que deveria ser emoldurada num quadro. Sua colocação está perfeita!
É interessante observar que para a mente científica e/ou filosófica a dúvida é o caminho que aproxima da verdade, porém, já para a mente religiosa, a dúvida é o caminho da apostasia (que afasta da "verdade").
Será que os religiosos não sabem que a verdade não teme investigação? Ou será que sabem e por isto mesmo é que temem tanto a mente inquiridora?
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