As crianças são inteligentes. Precisam desenvolver a inteligência. Carecem ser acompanhadas nesse processo mágico. Os pais precisam ter cautela. Como permitir e favorecer o desenvolvimento da inteligência infantil sem confundir com “condicionamento”? Como canalizar a inteligência dos meninos e meninas sem incorrer na liberalidade ou na ortodoxia? Difícil não é?
Essa pergunta, tida como de origem infantil, é interessante: “pai, Adão teve umbigo?” Querem algo mais inteligente? A lógica, no mundo religioso, levaria um pai atento e corajoso a dizer: “filho, Adão não teve umbigo, ele foi criado adulto, não foi como você e eu...”. E o medo? E as perguntas que poderiam vir depois, do tipo: “pai, como foi então que eu nasci?”. Muitas vezes os pais têm medo das perguntas que virão em seqüência e fogem da primeira pergunta. Quanto medo! Que pena!
O grande auxílio que o pai deve dar ao filho é ensinar como se chegar ao caminho. Os pais querem definir o caminho. Os pais estão certos em dizer que conhecem e amam os filhos e que querem lhes oferecer o melhor. Uma coisa é oferecer outra é forçar! Há quem diga: “faço minha parte e vou junto”. Outros dizem: “vou junto, para confortar nos erros e parabenizar nos acertos, mas preciso deixar que assumam a individualidade com responsabilidade. Não posso enfiar neles a minha individualidade...” É difícil educar filhos, principalmente quando educar pressupõe exatamente isso: educar! Educação é uma coisa, condicionamento é outra. Educar é criar condições para que cada um localize o seu caminho, condicionar é impor um caminho, aquele que os pais entendem como certo. Educar é ensinar o endereço da biblioteca, mostrar como localizar os livros, e ajudar a entender os conteúdos práticos. Condicionar é indicar livros específicos e sugerir que os demais não servem...
A força da tradição tem contribuído, negativamente, para a atual situação dos jovens. Os movimentos liberalizantes também. Um não tem autoridade para mensurar o outro. Enquanto os liberais empurram os filhos para uma vida sem sustentação os ortodoxos conduzem os filhos para um comportamento pragmático.
Os resultados são ruins em ambos os casos. Filhos liberais transformam a vida num piquenique. Quando a festa acaba a anarquia ganha espaço. Filhos ortodoxos vivem numa repressão constante aos anseios naturais. Quando a repressão acaba o exagero toma conta. A pessoa reprimida tenta compensar o passado e fica mais voraz que o liberal.
Como chegar ao ponto de equilíbrio? Sugestão: não fugir da pergunta: “pai, Adão teve umbigo?” Responder perguntas assim educa os próprios educadores. A resposta a essa questão implicará em mais perguntas e mais respostas. A resposta honesta, dia após dia, é, de fato, “ensinar o moço no caminho que deve andar...”. Algo como ensinar a pescar e não entregar o peixe pronto. Algo como ensinar a procurar e não indicar o único caminho que conhece.
Somos resultados de uma educação capenga e estamos, por tradição, seqüenciando as mazelas conseguidas por herança.
As fontes das mazelas são, invariavelmente: as escolas despreparadas, os segmentos religiosos obtusos e alienantes e as famílias que não querem assumir responsabilidades.
A responsabilidade é muito grande. Implica em fazer muito. Inclusive romper com as tradições que visivelmente estão obsoletas. Os princípios são os mesmos, mas o mundo é outro. Não podemos ficar adstritos aos conceitos do século XIX nem ao liberalismo amalucado do século XX.
Precisamos responder, enquanto há tempo, à pergunta que não quer calar: “pai, Adão tinha umbigo”?
Enéias Teles Borges - Autor
Essa pergunta, tida como de origem infantil, é interessante: “pai, Adão teve umbigo?” Querem algo mais inteligente? A lógica, no mundo religioso, levaria um pai atento e corajoso a dizer: “filho, Adão não teve umbigo, ele foi criado adulto, não foi como você e eu...”. E o medo? E as perguntas que poderiam vir depois, do tipo: “pai, como foi então que eu nasci?”. Muitas vezes os pais têm medo das perguntas que virão em seqüência e fogem da primeira pergunta. Quanto medo! Que pena!
O grande auxílio que o pai deve dar ao filho é ensinar como se chegar ao caminho. Os pais querem definir o caminho. Os pais estão certos em dizer que conhecem e amam os filhos e que querem lhes oferecer o melhor. Uma coisa é oferecer outra é forçar! Há quem diga: “faço minha parte e vou junto”. Outros dizem: “vou junto, para confortar nos erros e parabenizar nos acertos, mas preciso deixar que assumam a individualidade com responsabilidade. Não posso enfiar neles a minha individualidade...” É difícil educar filhos, principalmente quando educar pressupõe exatamente isso: educar! Educação é uma coisa, condicionamento é outra. Educar é criar condições para que cada um localize o seu caminho, condicionar é impor um caminho, aquele que os pais entendem como certo. Educar é ensinar o endereço da biblioteca, mostrar como localizar os livros, e ajudar a entender os conteúdos práticos. Condicionar é indicar livros específicos e sugerir que os demais não servem...
A força da tradição tem contribuído, negativamente, para a atual situação dos jovens. Os movimentos liberalizantes também. Um não tem autoridade para mensurar o outro. Enquanto os liberais empurram os filhos para uma vida sem sustentação os ortodoxos conduzem os filhos para um comportamento pragmático.
Os resultados são ruins em ambos os casos. Filhos liberais transformam a vida num piquenique. Quando a festa acaba a anarquia ganha espaço. Filhos ortodoxos vivem numa repressão constante aos anseios naturais. Quando a repressão acaba o exagero toma conta. A pessoa reprimida tenta compensar o passado e fica mais voraz que o liberal.
Como chegar ao ponto de equilíbrio? Sugestão: não fugir da pergunta: “pai, Adão teve umbigo?” Responder perguntas assim educa os próprios educadores. A resposta a essa questão implicará em mais perguntas e mais respostas. A resposta honesta, dia após dia, é, de fato, “ensinar o moço no caminho que deve andar...”. Algo como ensinar a pescar e não entregar o peixe pronto. Algo como ensinar a procurar e não indicar o único caminho que conhece.
Somos resultados de uma educação capenga e estamos, por tradição, seqüenciando as mazelas conseguidas por herança.
As fontes das mazelas são, invariavelmente: as escolas despreparadas, os segmentos religiosos obtusos e alienantes e as famílias que não querem assumir responsabilidades.
A responsabilidade é muito grande. Implica em fazer muito. Inclusive romper com as tradições que visivelmente estão obsoletas. Os princípios são os mesmos, mas o mundo é outro. Não podemos ficar adstritos aos conceitos do século XIX nem ao liberalismo amalucado do século XX.
Precisamos responder, enquanto há tempo, à pergunta que não quer calar: “pai, Adão tinha umbigo”?
Enéias Teles Borges - Autor
Postagem original: 13/06/2008
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4 comentários:
Pior que procurar responder à pergunta se Adão tinha umbigo é tentar responder à pergunta se Adão realmente existiu?
Gostei da postagem. Parabéns!
Para que o cristianismo faça sentido, o primeiro Adão precisa ter existido, justificando assim a necessidade do segundo (Jesus). Pelo primeiro veio o pecado, pelo segundo a redenção. Não é isso que Paulo diz? Se não houve o Pecador, por que deveria existir o Salvador?
Sobre o umbigo de Adão, ou melhor, sobre perguntas dessa natureza, penso que o melhor caminho é assumir a própria ignorância. Como ex-professor na área de TI, aprendi que as mudanças são tantas e tão freqüentes que, às vezes, algum aluno me surpreendia estando melhor informado que eu sobre alguma peculiaridade de determinada área. Por isso, o melhor caminho foi sempre não inventar respostas para não cair do cavalo.
Belo texto.
Cleiton,
Boa observação.
Adão não tinha umbigo, não tinha mãos, não tinha pés, não tinha cabeça,Adão não tinha nada, ele era a imagem e semelhança de Deus. E aí?...
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