terça-feira, 13 de maio de 2008

O presidente e a sacanagem

Mais uma vez o assunto: cartão corporativo. Desta feita acompanhado por uma palavra que pode ser considerada de diversas formas, inclusive como sendo chula. Muita gente tentará justificar o uso da palavra sacanagem. Alguns invocarão o regionalismo, a simplicidade do Presidente da República, seu linguajar coloquial e a sua identificação com a massa sofrida.

Com boa vontade poderemos dizer que esse substantivo feminino é um comentário divertido, feito a respeito de alguém ou de algo. Que sacanagem poderia ser um ato praticado contra alguém, podendo ser um gracejo e mesmo uma tentativa de ludibriar.

Sem boa vontade poderia ser dito que sacanagem é um ato de maldade, perversidade e deslealdade. Exagerando um pouco seria possível inferir que um sacana é aquele que tem procedimento próprio de um devasso, espertalhão ou trocista.

Para aqueles que vêem a perversão sexual em quase tudo que se fala e se ouve, a sacanagem pode ser retratada como um ato imoral (libidinoso), uma libertinagem; uma transgressão das regras elementares no campo das práticas sexuais. A sacanagem pode ser descrita (até) como a masturbação.

Os ingênuos ou aqueles que se insurgem contra a malícia generalizada empurrariam o assunto para a rubica da culinária e diriam que a sacanagem é apenas um acepipe de pedaços de salsicha, queijo, pimentão e outros aperitivos espetados num palito.

Como podem observar a palavra sacanagem tem variantes que podem ser usadas conforme o gosto de quem pratica, fala e ouve.

No caso do pronunciamento do Presidente, no dia 12 de maio de 2008, o que ele quis dizer? Certamente que providências precisam ser tomadas para impedir que pessoas usem o cartão corporativo de forma malandra, isto é, de forma sacana.

Simples de entender, difícil de aceitar. Mesmo sabendo que nosso Presidente não é um homem de “muitas letras” não ficou bem para a sua imagem. Mesmo admitindo que não houve intenção torpe em suas palavras, não ficou bem para o que se espera do representante máximo da Nação.

Que o uso do cartão corporativo tem sido mais uma vergonha nacional não há menor dúvida. Assim como ninguém duvida de que o nosso Presidente poderia e deveria escolher melhor as suas palavras.
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Um comentário:

Cleiton Heredia disse...

Esperar que o nosso digníssimo Presidente da República seja polido é o mesmo que esperar colher uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos.

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