Para os que conhecem a capital paulista será fácil entender meu trajeto. Na quinta-feira, 03/04/2008, eu saí do Fórum Criminal Federal, na Alameda Ministro Rocha Azevedo e andei pela Avenida Paulista, passando na frente do vão do MASP e entrei no metrô. Fiz baldeação saindo dessa linha verde e passando para a azul na estação Paraíso. Eu tinha como destino a estação Sé.
Dentro do metrô, linha azul, eu vi. Era um garoto com cerca de seis anos. Estava numa cadeira de rodas. O metrô cheio. Ele usava roupa típica para a sua idade. Óculos “fundo de garrafa” e um olhar triste. Muito triste. Ele estava pensando, queixo sobre as mãos. Era desagradável vê-lo assim. Possivelmente pensava na rotina que vivia todo dia. Não podia viver como as demais crianças.
Eu não conseguia deixar de olhar para o garoto.
Vi mais: a mãe! Ela tinha uma aparência que transmitia cansaço. Que loucura deve ser a vida daquela mulher! O que ela precisava dizer sempre ao filho, motivando-o? Sabe-se lá o quê!
De repente ela olhou para o filho, e estendeu a mão. Os dedos entre os cabelos do garoto e um olhar cálido. Aquele mesmo de uma verdadeira mãe. Fiquei comovido e ao mesmo tempo tomado por um sentimento inexplicável de plena incapacidade.
Meu Deus e os excluídos?
Eles desceram na estação Sé. Seguiram na direção imutável da rotina que lhes é peculiar. Eu também desci e dei seqüência à minha vida. Vida?
Meus amigos, a vida é bela? É feia?
Ultimamente tenho me motivado por contraste ou algo assim. Contemplo o meu viver e sei que muitos estão em situação bem pior. Com isso eu me julgo proibido de lamentar da vida. Penso assim: “poderia ser pior...”
A que ponto chega o homem! Engolir um “sapo” e dizer algo mais ou menos dessa forma: “pelo menos o sapo que eu engoli estava azeitado e desceu com menos dificuldade; pior seria engolir o sapo seco, dilacerando a garganta”.
Meu Deus e os excluídos?
Talvez aí esteja o real enfoque dos promotores da alienação em massa. Sempre contrastar os momentos de uns com os de outros em situação pior, induzindo aqueles ao agradecimento. “Graças a Deus, poderia ser pior”. Seria uma motivação correta? Seria o azeite no sapo?
Não julgo, mas vejo. Não avalio, mas enxergo. A vida real é dura e não nos permite o uso permanente de paliativos. Como diriam alguns: “um dia a casa cairá”. O uso constante desses paliativos alienantes nos impede de lutar pela sobrevivência real.
A vida é dura, mas pelo menos estamos vivos. Que tal essa? É necessário lutar nesta vida, lembrando-se sempre que a vida é eterna. Eterna enquanto dure. Essa foi boa?
Para os que precisam “azeitar o sapo” eu informo que existem vários tipos de azeite. Mas aquele considerado como o mais eficaz é o famoso AZEITE RELIGIÃO.
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Postado anteriormente no dia 05/04/2008.
Dentro do metrô, linha azul, eu vi. Era um garoto com cerca de seis anos. Estava numa cadeira de rodas. O metrô cheio. Ele usava roupa típica para a sua idade. Óculos “fundo de garrafa” e um olhar triste. Muito triste. Ele estava pensando, queixo sobre as mãos. Era desagradável vê-lo assim. Possivelmente pensava na rotina que vivia todo dia. Não podia viver como as demais crianças.
Eu não conseguia deixar de olhar para o garoto.
Vi mais: a mãe! Ela tinha uma aparência que transmitia cansaço. Que loucura deve ser a vida daquela mulher! O que ela precisava dizer sempre ao filho, motivando-o? Sabe-se lá o quê!
De repente ela olhou para o filho, e estendeu a mão. Os dedos entre os cabelos do garoto e um olhar cálido. Aquele mesmo de uma verdadeira mãe. Fiquei comovido e ao mesmo tempo tomado por um sentimento inexplicável de plena incapacidade.
Meu Deus e os excluídos?
Eles desceram na estação Sé. Seguiram na direção imutável da rotina que lhes é peculiar. Eu também desci e dei seqüência à minha vida. Vida?
Meus amigos, a vida é bela? É feia?
Ultimamente tenho me motivado por contraste ou algo assim. Contemplo o meu viver e sei que muitos estão em situação bem pior. Com isso eu me julgo proibido de lamentar da vida. Penso assim: “poderia ser pior...”
A que ponto chega o homem! Engolir um “sapo” e dizer algo mais ou menos dessa forma: “pelo menos o sapo que eu engoli estava azeitado e desceu com menos dificuldade; pior seria engolir o sapo seco, dilacerando a garganta”.
Meu Deus e os excluídos?
Talvez aí esteja o real enfoque dos promotores da alienação em massa. Sempre contrastar os momentos de uns com os de outros em situação pior, induzindo aqueles ao agradecimento. “Graças a Deus, poderia ser pior”. Seria uma motivação correta? Seria o azeite no sapo?
Não julgo, mas vejo. Não avalio, mas enxergo. A vida real é dura e não nos permite o uso permanente de paliativos. Como diriam alguns: “um dia a casa cairá”. O uso constante desses paliativos alienantes nos impede de lutar pela sobrevivência real.
A vida é dura, mas pelo menos estamos vivos. Que tal essa? É necessário lutar nesta vida, lembrando-se sempre que a vida é eterna. Eterna enquanto dure. Essa foi boa?
Para os que precisam “azeitar o sapo” eu informo que existem vários tipos de azeite. Mas aquele considerado como o mais eficaz é o famoso AZEITE RELIGIÃO.
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Postado anteriormente no dia 05/04/2008.
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6 comentários:
ter contato com a dor alheia pode ter vários efeitos.
um dele é fazer que paremos de reclamar da nossa vida e gratos por não ter tantos problemas, fechamos nossos olhos para o outro.
outro efeito possível é saber que o outro tem problemas e tomar alguma atitude com relação a isso, por exemplo, deixar olhar para o nosso umbigo e ver que existem outros seres além de nós, e ajudá-los da forma que podemos.
de fato, muitas vezes somente azeitamos nosso sapo, porém mais construtivo seria ceder este azeite a quem precisa mais que nós, engolir o nosso a seco e suavizar o sapo alheio.
de fato, tomar contato com a dor de outros pode ter este efeito duplo:
ou nos tornar mais egoistas por não termos "tantos" problemas ou ao invés de azeitar o nosso sapo podemos ceder algum azeite para suavizar o sapo alheio, o que é uma atitude mais nobre.
de fato, tomar contato com a dor de outros pode ter este efeito duplo:
ou nos tornar mais egoistas por não termos "tantos" problemas ou ao invés de azeitar o nosso sapo podemos ceder algum azeite para suavizar o sapo alheio, o que é uma atitude mais nobre.
de fato, tomar contato com a dor de outros pode ter este efeito duplo:
ou nos tornar mais egoistas por não termos "tantos" problemas ou ao invés de azeitar o nosso sapo podemos ceder algum azeite para suavizar o sapo alheio, o que é uma atitude mais nobre.
devido a eu não ter lido os dizeres "Seu comentário foi salvo e será exibido após a aprovação do proprietário do blog." mandei vários comentários. favor só considerar um deles.
Enéias,
Impossível não lembrar de um mote muito comum entre esportistas: "Não se compare aos outros, mas apenas consigo mesmo". É o crescimento que gera satisfação, e não necessariamente a altura do degrau em que você se encontra.
Diante de cenas como a citada por você nesse texto, o que deveria ser um estímulo ao agir, é usado como analgésico para a própria consciência. É como dar esmola. Compra-se uma sensação de dever cumprido e consciência tranquila por alguns centavos.Pode haver egoísmo maior?
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