sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O apóstolo e o prosélito

No meio religioso tem havido uma mistura conceitual que impede o entendimento das características do apostolado e do proselitismo.

Um bom dicionário certamente conceitua a atividade precípua do apóstolo como sendo a de um encarregado de difundir a palavra de Deus ou quem sabe, de forma alternativa, dizer que o apóstolo é um missionário abnegado.

Esse mesmo dicionário mostraria que o prosélito é um recém-convertido ou uma pessoa que se converteu a uma religião, seita, doutrina, etc.

Observando assim é bem fácil entender, mas o que tem causado confusão no meio evangélico?

Falando apenas do que se vê no Brasil: o movimento cristão é fruto de um sectarismo crescente. Entendo sectarismo como bem declinado na língua portuguesa, isto é, “espírito limitado, estreito, de seita” (dicionário Hauaiss).

Na prática o que isso significa? Que as religiões atuais, notadamente as mais agressivas, têm confundido apostolado com o proselitismo. 

Como assim? 

Notaram que muitas pessoas estão mais preocupadas em trazer pessoas para a sua agremiação religiosa do que simplesmente pregar o Evangelho?

Pregar o Evangelho sem bandeira é o apostolado. Aí a preocupação é mostrar às pessoas um Cristo crucificado e ressurrecto. Simplesmente fazer o mesmo que os discípulos fizeram: propagar as boas novas de salvação.

Fazer proselitismo é diferente. As igrejas e seitas entendem que depois do apostolado há algo mais esperando (necessariamente) o converso: sua adesão à comunidade instituída.

É comum ouvir de pessoas sinceras algo assim: “fulano já conhece toda a verdade, falta-lhe o batismo em nossa igreja”. Notem que a adesão é ponto importantíssimo na interpretação dos que promovem o proselitismo. É uma forma de doutrina “da porta fechada”, presente em quase todas as igrejas e seitas do Brasil. 

Isso é correto? 

Você acredita que a salvação das pessoas passa pela sua igreja? Caso pense diferente: por que esse desespero em levar os indivíduos ao batismo em seu grupo? Ou como dizem alguns: “das trevas para a luz”? Você crê no exclusivismo evangélico? Julga-se um ilustre felizardo por estar na única igreja verdadeira?

Enéias Teles Borges
Postagem original: 19/02/2008

6 comentários:

Anônimo disse...

Falando em proselitismo, ouvi hoje no rádio uma denúncia da FUNAI de que as igrejas neo-petencostais estão invadindo as áreas indigenas, satanizando seus costumes milenares, exorcisando suas práticas religiosas e acabando com sua cultura.

A IASD tinha (ou ainda tem) um trabalho de evangelização (proselitismo) entre os índios Carajás. Lembra do nosso colega de teológico João Uereriá? Pois é, ele é um índio da tribo dos Carajás que se tornou pastor para poder trabalhar entre seu povo.

Qual a diferença daquilo que estão fazendo as igrejas neo-petencostais daquilo que a IASD fez na tribo dos Carajás?

O proselitismo é assim mesmo: Se sua igreja não o fizer, outra o fará!

Pensamento Adventista: "Ainda bem que entre os Carajás foi a IASD que chegou primeiro - pelo menos os índios foram catequisados com a verdade".

Anônimo disse...

Proselitismo virou um ótimo negócio. A tendência é o acirramento da competitividade nesse "mercado de almas".

Nessa disputa, as igrejas neo-pentecostais apresentam um atrativo maior, pois, ao invés de um céu distante, oferecem riqueza, poder, saúde e milagres aqui e agora.

Deus, aos poucos, vai deixando de ser o objeto de adoração e culto para ser o instrumento de realização dos desejos egoístas dos homens. De Senhor, tornou-se escravo. O crente "determina" e o ameaça com o chicote da fé e Ele, sem saída, se vê obrigado obedecer.

Nesse contexto, a igreja passa a ser a porta de entrada para um mundo mágico onde milagres fazem parte da rotina. Há explicação para tudo. Há demônios para quaisquer problemas. Nada é impossível. Com orações, ofertas e doações tudo se resolve.

A estratégia é oferecer ao "mercado da fé" aquilo que ele está interessado em adquirir. E como o mercado é composto basicamente por pessoas egoísta e imediatista, a receita de satisfação me parece óbvia.

Enfim, proselitismo me parece um negócio rentável.

Confesso-lhe que ando meio cansado com tudo isso. Nem proselitismo nem apostolado. Vamos combinar uma corrida?

Anônimo disse...

YEEEEEESSSSSS!!!!!!
Se forem correr não esqueçam de me chamar.

Anônimo disse...

Esse não é o Evangelho que Cristo veio à terra pregar. Não. Me recuso a acreditar nisso.

Esse é apenas o desvio, o desvirtuamento da mensagem do Evangelho. Na verdade, há um desvio aí. E grosseiro.

Quem assim age, está enganado. E o pastor que incentiva isso... nem posso dizer isso aqui.

Fato é que as grandes religiões (pelo menos o Budismo, Xintoísmo e outras, até onde eu saiba, se eu estiver enganado, me corrijam) não praticam isso. Ou, ao menos, não parecem praticar tal coisa.

Aliás, esse $eparati$mo entre os "irmãos" só contribui para uma coisa: dificultar ainda mais a eles mesmos o Discipulado/Apostolado.

Proselitismo, Não!

Renan Araújo disse...

Definição de proselitismo: "Intento, zelo, diligência, empenho ativista de converter uma ou várias pessoas a uma determinada causa, ideia ou religião (proselitismo religioso)" (Wikipedia). Se essa definição procede, será que o problema é o proselitismo ou alvo dele? Isso porque na definição não encontrei nada que envolva infração do livre arbítrio alheio. Concordo que a verdade não é uma denominação religiosa, mas não é natural que uma pessoa tenda a querer influenciar outras com seus valores? Assim como é natural ser influenciado ou não...

Anônimo disse...

A verdade é que Cristo não veio para mudar nada,nem a própria LEI que Ele criou com o PAI.Quem quiser ter vida eterna, guarde os mandamentos e a fé em JESUS.Mateus 5;17. Fazer um prosélito é o que muitas regiões querem, mais guardar os mandamento de DEUS, fica fora de seus planos.Por isso o segundo erro é pior do que o primeiro.

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