quinta-feira, 30 de abril de 2009

INGENUIDADE? ARROGÂNCIA? OU OS DOIS?

Enéias Teles Borges
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Durante o período em que cursei Direito tive um amigo muito religioso e que se congregava numa igreja pentecostal. Trata-se de um excelente ser humano que ao longo do curso portou-se de forma ilibada. Bom aluno, bom colega e atualmente sabe-se que é trabalhador e ótimo chefe de família.

Com o tempo ele tomou ciência de minha formação cristã tradicional. Poucas vezes falamos de religião. No quinto e último ano da faculdade ele “sentiu” que era chegada a hora de trazer a mim a “verdadeira mensagem”.

Disse que tinha me observado durante todo o período (elogiou-me) e afirmou que só algo me faltava: aceitar a verdadeira luz.

Devo confessar que sou escolado neste tipo de conversa. Já ouvi muito disso. Vi, inclusive, gente de minha agremiação religiosa dizer algo parecido (ou mais forte) para as pessoas de outras denominações cristãs.

Resolvi não polemizar e dizer-lhe simplesmente que nós tínhamos maturidade suficiente para entender que o proselitismo, no nosso caso, não se aplicava. Ele não deixaria a igreja dele e eu não deixaria a minha. Motivo: sempre é assim – cada um acha que a verdade é patrimônio exclusivo da instituição à qual é vinculado.

Ele me olhou fixamente e me disse uma frase: “só que tem um detalhe: muitos acham que têm a verdade, mas eu sei que somente nós (igreja dele) temos a verdade.”

Fantástico! Até nisto todos são iguais! Todos ouvem a conversa dos outros, dão atenção e, no final, pensam ou dizem: “só que eles estão enganados, a verdade está conosco”.

O que dizer? Arrogância conjugada com ingenuidade? Apenas arrogância? Ingenuidade?

Eu sempre pergunto aos religiosos que tentam travar discussão comigo: o que significa um só rebanho e um só pastor? É claro que já sei a resposta: eles fazem parte deste único rebanho (igreja deles) e aquele “um só pastor”, obviamente é o pastor interpretado por eles.

Que maravilha! Ou seria loucura?

O que você acha?
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Originalmente postado em 14/02/2008.
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3 comentários:

Anônimo disse...

Não dizem que a ignorância é atrevida?

Pois eu digo que a ingenuidade é arrogante!

Abraços e parabéns por mais uma reflexão interessante.

Anônimo disse...

Rubem Alves, em um de seus livros, define religião como sendo "o esforço para se pensar a realidade a partir da exigência de que a vida faça sentido". Parece-me impossível que a mente religiosa sincera filie-se a uma denominação cujo conjunto de crenças não corresponda à verdade. Até aí, tudo bem. O problema começa quando esse crente dependura sua vida (presente e futura), sua felicidade, sua realização pessoal nesse conjunto de crenças ao ponto de, se elas ruírem, toda sua vida perde o sentido.

Para que a vida não perca o sentido é preciso, portanto, que sua crença corresponda à verdade. Isso se torna uma exigência.

É complicado!

Ricardo Cluk de Castro disse...

Não acho que a posição do seu conhecido em relação ao assunto abordado seja ingênua ou arrogante. Atualmente eu encaro esse tipo de posicionamento como uma demonstração de estupidez mesmo. Como uma demonstração de falta de inteligência, discernimento. Esse tipo de assunto me causa tédio, tremendo aborrecimento. O estúpido é antes de tudo um insensível. Indelicado e grosseiro.

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