A solidão do
idoso é futuro quase certo. Alguns conseguem evitá-la e para isso existem duas
formas: morrer antes de ficar velho ou envelhecer entre amigos que juntos
procuram dividir alegrias, recordações, tristezas e afins.
Não faz muito
tempo eu estive na Igreja Adventista do UNASP (Centro Universitário Adventista,
campus São Paulo). Reparei num senhor idoso, que sozinho estava sentado num dos
bancos da Praça da Bíblia. Cheguei perto e o reconheci. Lembrei-me dele ainda
novo, quando cheguei a São Paulo, em 1979. Eu estava com 17 anos e hoje tenho
49.
Aquele senhor
estava sempre cercado de conhecidos, dos filhos, da mulher nova e bonita. É de
família de classe média alta e que, anos passados, desempenhava papel nas
atividades eclesiásticas da igreja daquele campus.
Lá estava ele.
Sozinho, viúvo, filhos distantes, netos ausentes, amigos que se foram desta
vida e outros amigos que estão espalhados por este mundo (os poucos vivos que
ainda restam).
A solidão do idoso é uma das maiores tristezas
desta vida. Como evitar? Muito difícil.
Existem solidões
de idosos que são piores: daqueles velhinhos que quando jovens desdenharam da
vida, maltrataram seus pares, negligenciaram a família e cuspiram na cara dos
amigos. Esses sofrem muito mais. A solidão em si e as recordações de um passado
que não pode ser mudado: poderia existir algo pior?
O que a velhice
me reserva, caso eu chegue lá? Preciso responder esta pergunta e almejar,
miseravelmente, que se um dia, se eu estiver só, que eu não me arrependa dos
tratos equivocados dirigidos aos seres humanos.
Viver só é muito
ruim. Pior mesmo é viver só e remoendo em pensamentos tristes de uma vida de
mocidade não honrada...
Enéias Teles Borges
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