Pessoas que fumam, na maioria, não deixam o vício, mesmo sabendo que estão com câncer. O que motiva isso? Vício? O prazer de fumar? O prazer (ou vício) sobrepuja o flerte com a morte?
Maioria dos fumantes com câncer não larga vício mesmo após o diagnóstico
Levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), ligado à Faculdade de Medicina da USP, aponta que 60% dos fumantes diagnosticados com câncer não conseguem largar o cigarro mesmo após descobrirem a doença.
O levantamento apontou ainda que, de todos os atendimentos realizados este ano no Icesp, 35% dos pacientes, ou um em cada três, afirmam serem tabagistas no momento em que ingressam na unidade para realizar o tratamento.
"O tratamento é menos eficaz e mais tóxico quando a pessoa fuma", diz Daniel Saragiotto, oncologista clinico do Instituto. Ele conta que o tabagismo está relacionado, além do câncer de pulmão, com tumores de laringe e cavidade oral, esôfago, estomago pâncreas e bexiga.
Para quem luta contra o câncer, os efeitos nocivos que o cigarro provoca são extremamente prejudiciais. O tabagismo dificulta a cicatrização, prejudicando pacientes submetidos a cirurgia oncológica. Além disso, eleva a pressão arterial e o risco de doenças cardiovasculares e infecções respiratórias. A função pulmonar também é altamente afetada, o que pode aumentar o risco de complicações durante o período de radioterapia, por exemplo.
Outra séria dificuldade provocada pelo cigarro nos pacientes oncológicos é durante o período de quimioterapia. Para quem é tabagista, alguns quimioterápicos podem surtir efeito bem menor no organismo, o que prejudica o tratamento e, muitas vezes, a cura dessas pessoas. Os efeitos colaterais como náuseas, vômitos, perda de apetite e sintomas respiratórios, também são intensificados.
“Infelizmente a grande maioria relata dificuldades para abandonar o cigarro, mesmo após receberem o diagnóstico de câncer. Mas é fundamental que essa realidade mude, não só por melhorar a qualidade de vida das pessoas como para ajudar na luta contra a doença”, alerta Frederico Leon Arrabal Fernandes, médico pneumologista do Icesp.
Para incentivar os fumantes a largarem o vício e diminuir o desconforto da abstinência, o Instituto do Câncer oferece tratamento para os pacientes internados, como a distribuição de gomas de nicotina e adesivos, que são as duas formas mais indicadas durante o período de internação. Porém, ainda é perceptível a dificuldade para abandonar o cigarro, mesmo após descobrirem a doença e conhecerem todos os males provocados pelo tabagismo.
Nota: Algumas pessoas, que dizem preferir "viver melhor", não enxergam no cigarro um vício e sim um prazer ou, quem sabe, alívio momentâneo para alguma mazela. Alguns fazem por prazer mesmo. Para muitos é vício mortal, para outros, compensa fumar, ainda que a vida seja encurtada. Opções de vida...
Enéias Teles Borges
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