quarta-feira, 7 de abril de 2010

O medo: estado permanente

O medo tornou-se principal companheiro. Não só por conta dos vaticínios dos homens e mulheres que acreditam ter o dom de profecia. É medo mesmo! Não é aquele medo individualizado que acomete as pessoas que, por exemplo, andam por um beco escuro num bairro perigoso de uma metrópole violenta. É um medo coletivo. Medo global! A natureza está se mostrando diferente do que conhecemos. Não é possível afirmar que o mundo sempre foi assim e que agora, em razão da velocidade das mídias de informação, as desgraças chegam de maneira mais veloz aos olhos, ouvidos e demais sentidos de todos que habitam este planeta.

O medo atual tem certa razão de existir. Não é possível, para o homem, ainda que bem mais moderno, evitar catástrofes como as que estão acontecendo. Essa semana mesmo, um quadro dantesco passou diante dos olhos dos brasileiros. O Rio de Janeiro, que continua lindo, não conseguiu resistir às chuvas que por lá desceram sem piedade. Algo que não se via há mais de 44 anos! Não é só por lá não. Lembram-se das chuvas que castigaram a cidade de São Paulo nos meses iniciais de 2010? E se chuvas assim forem tendências daqui para frente? Como resistir? Como adaptar as metrópoles a isso?

Terremotos violentíssimos pelo mundo afora. E o que é pior: não é do jeito que aqueles detentores da fé cega e da faca amolada afirmavam que aconteceriam. Até mesmo eles estão assustados. Não era para ser assim (eles devem estar pensando). Uma coisa é o fim do mundo coincidindo com a vinda do redentor e outra é o fim do mundo sem qualquer perspectiva de recompensa. O fim dos tempos, de maneira divergente do que se esperava, não é bem a apoteose aguardada pelos fiéis. Os que não creem também estão preocupados ante esse cenário tenebroso. Quem é maluco para gostar disso tudo? Quem gosta de conviver com o medo do caos iminente? Uma coisa é crer na inexistência de divindades e outra é soçobrar no mar caótico do mundo atual – o ateu também tem apego à vida, é óbvio...

O medo, portanto, é um estado permanente. Algo como terror pelo que poderá vir daqui para frente. O medo está centrado não nos acontecimentos, mas na impossibilidade de evitar a derrocada. É necessário que sejamos sinceros: a mudança climática está bem aí, diante dos olhos. O planeta está se modificando e isso é péssimo para a raça humana. É como se um novo ciclo estivesse se iniciando na terra. Pode até ser bom para a vida terráquea, de uma maneira geral, mas não parece promissor para o ser humano. Talvez aí resida o núcleo do medo...

Enéias Teles Borges

3 comentários:

Ricardo disse...

Eu não tenho medo de catástrofes naturais. As mortes causadas por terremotos e tempestades não chegam nem perto das causadas por acidentes de transito, assassinatos, doenças e velhice. Todo ano aproximadamente 56.000.000 de pessoas morrem em todo o mundo, das mais diversas causas, sendo que a minoria absoluta sucumbe por causa de catástrofes naturais. O homem tem que ter medo é do próprio homem e, em especial, da língua maldizente, essa sim é capaz de destruir o mundo.

Alexandre - Condor disse...

Nós humanos somos como pulgas em um cachorro.
As pulgas incomodam o cachorro que, por enquanto, revida apenas se coçando, mas vai chegar uma hora em que o cachorro se livrará de vez das pulgas. Bem como, a terra se livrará de nós!

Cleiton Heredia disse...

O amor lança fora o temor.

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