Olhar de incredulidade
Enéias Teles Borges
O garoto tinha cerca de 10 anos. Estava uniformizado. Aquela roupinha padrão das escolas do município de São Paulo. Chorava forte, chorava alto. No primeiro momento eu pensei que fosse brincadeira. Logo notei que era algo sério.
Aproximei-me e perguntei o que se passava. Ele me respondeu dizendo que morava longe e que tinha perdido o dinheiro da condução. Estava inconformado! “Quanto você perdeu?” Ele me respondeu: “Cinco reais”.
Tirei do bolso uma nota desse valor e coloquei nas mãos do garotinho.
Ele olhou para mim, nada disse, pareceu-me um olhar diferente. Não era exatamente de gratidão. Era de incredulidade mesmo! Parecia-lhe impossível receber de um estranho aquele valor. Pequeno para muitos, importante para ele...
Passaram por situações assim? É como se as pessoas, independentemente da idade estivessem perdendo o senso de humanidade, de colaboração... Ninguém pensa em ninguém! O mundo segue pirambeira abaixo e esse sofrimento tem levado muitos indivíduos à desconfiança e à incredulidade.
Crer em quê? Num Deus sob medida que milhares de grupos religiosos sugerem? Nas pessoas que parecem ter na testa o artigo 171 do Código Penal: aquele que trata do estelionato?
Ainda é possível receber algo sem ter que retribuir como se fosse um pagamento?
O Natal se aproxima e as pessoas que vivem nesse mundo “sem eira nem beira” precisam receber, por menor que seja, a chama da esperança.
É momento de nos despirmos um pouco do “eu” e estender a mão às mãos que carecem de afeto.
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Enéias Teles Borges
O garoto tinha cerca de 10 anos. Estava uniformizado. Aquela roupinha padrão das escolas do município de São Paulo. Chorava forte, chorava alto. No primeiro momento eu pensei que fosse brincadeira. Logo notei que era algo sério.
Aproximei-me e perguntei o que se passava. Ele me respondeu dizendo que morava longe e que tinha perdido o dinheiro da condução. Estava inconformado! “Quanto você perdeu?” Ele me respondeu: “Cinco reais”.
Tirei do bolso uma nota desse valor e coloquei nas mãos do garotinho.
Ele olhou para mim, nada disse, pareceu-me um olhar diferente. Não era exatamente de gratidão. Era de incredulidade mesmo! Parecia-lhe impossível receber de um estranho aquele valor. Pequeno para muitos, importante para ele...
Passaram por situações assim? É como se as pessoas, independentemente da idade estivessem perdendo o senso de humanidade, de colaboração... Ninguém pensa em ninguém! O mundo segue pirambeira abaixo e esse sofrimento tem levado muitos indivíduos à desconfiança e à incredulidade.
Crer em quê? Num Deus sob medida que milhares de grupos religiosos sugerem? Nas pessoas que parecem ter na testa o artigo 171 do Código Penal: aquele que trata do estelionato?
Ainda é possível receber algo sem ter que retribuir como se fosse um pagamento?
O Natal se aproxima e as pessoas que vivem nesse mundo “sem eira nem beira” precisam receber, por menor que seja, a chama da esperança.
É momento de nos despirmos um pouco do “eu” e estender a mão às mãos que carecem de afeto.
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