quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O velho do saco

As crianças têm medo do velho do saco. Quem é ele? É um velho maltrapilho, que anda com um saco nas costas e que coloca crianças teimosas lá dentro. Qual criança não ouviu isso e teve medo do velho do saco?

O curioso, para as crianças, é que faz sentido. O velho é sujo e feio. Carrega um saco fechado. Não é difícil induzir uma criancinha a ter medo do ancião feioso! Tudo parece ter sentido!

O tempo passa e as crianças crescem. Perdem o medo e até acham engraçado. A maturidade leva a pessoa a rever suas crenças e crendices e a seguir por um caminho real.

O velho do saco se manifesta de diversas formas na vida de uma pessoa. Os medos são implementados nas mentes e somente o amadurecimento condiciona o ser humano ao ponto em que ele possa rever conceitos, crenças e crendices. Quanto tempo a pessoa ficou ouvindo o conto do velho do saco? Quando, afinal, livrar-se-á desse temor?

A maneira mais violenta de manifestação do velho do saco na vida de um indivíduo está contida no condicionamento sistematizado desde a mais tenra idade. É a repetição constante de que o velho do saco haverá de colocar naquele recipiente fétido as “crianças” que não viverem em conformidade com a lei. Qual lei? Aquela que definirá quem irá para o céu ou permanecerá morto e para sempre!

É imensa a massa das “crianças adultas” que dormem e acordam com medo do velho do saco. Essas “crianças adultas” instam em não amadurecer. Insistem em não enxergar, pesquisar, estudar e definir. Precisam pensar por conta própria. Precisam crescer!

Um dia crescerão (quem sabe) e não terão mais medo do velho do saco e acharão até engraçado...

Enéias Teles Borges

(Postagem original: 28/11/2008)
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Um comentário:

Cleiton Heredia disse...

Esta sua comparação foi muito boa. Parabéns!

Acredito que as pessoas não descartam de uma vez o medo que possuem do castigo ou morte eterna (o homem do saco na sua ilustração), porque esta crença está intimamente relacionada com uma esperança que não querem abrir mão: a vida eterna.

Se ao deixar de crer no homem do saco, a única coisa que desaparecesse fosse o medo do homem do saco, tudo estaria bem. Mas o problema é que quando deixo de crer no homem do saco elimino também a esperança que a ele esta relacionada no extremo oposto.

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