quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Momentos de cão sarnento - IV

Momentos de cão sarnento - IV
Enéias Teles Borges

E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés (Mateus 10:14).

Muitas pessoas perguntam ao nosso personagem como ele ainda conseguiu freqüentar aquele meio. Sabe-se que lá a membresia, de um modo geral, é bem intencionada. Como também é sabido que existe uma minoria ruidosa, que pratica o mal, sob a capa da aparência do bem e que na realidade final é quem dita as regras e estabelece o procedimento. Essa minoria não funciona como difusora de opiniões, mas como formadora de pontos de vista, agindo de forma ditatorial.

De fato foi sofrido, para o cão sarnento, continuar indo e vindo por ali. Mas o contexto o obrigou a certas atitudes. Como já salientado a maioria ali militante é de boa índole incluindo o corpo docente. Considerando que tanto ele como a esposa cursaram faculdades lá, seria natural que os filhos usufruíssem da educação ministrada, que independe, na medida do possível, da influência dos carniceiros ou, como queiram, abutres insaciáveis do pasto que não acaba.

A dificuldade do nosso personagem sempre foi a da freqüência às reuniões tidas como “sacras sabáticas”. Ali, sim, os bons e os maus bebem lado a lado. Cordeiros e lobos, pessoas dos bem e bandidos, gente pura e fornicadores extraconjugais contumazes, crédulos e incrédulos, ateus e criacionistas, teóricos da fé e praticantes sistemáticos dos bons costumes. Nada que não exista em outros lugares. O problema é que ali não é lugar para “disfarces sacrílegos”.

A propósito disso o nosso personagem já tem até uma nova série em andamento que terá como título “Contos do Esconderijo”, que espelharão de forma irrefutável algumas barbaridades desrespeitosas praticadas por dirigentes e influentes dali. Em “Contos do Esconderijo” será possível vislumbrar, por exemplo, historieta ligada a um influente líder, que a despeito de manter a fonte cinqüentenária não abriu mão de uma acadêmica e mais: depois de se esbaldar o dia inteiro, numa sexta-feira, esteve na Santa Ceia entre os que partiram o pão. Afinal é comunidade apenas ou um dos melhores esconderijos da terra?

Acontece em outros lugares? Sim, mas para o cão sarnento isso faz muito mal, pois sempre isso tudo o remete aos idos de 1989, suas mazelas e lágrimas, quando os partidários da indecência administrativa faziam de forma similar.

A propósito do texto de ontem, alguns esclarecimentos:

(1) Quando o cão sarnento se pronunciou na tribuna eclesiástica deixou claro que tinha buscado guarida na administração e que agora buscava tutela eclesiástica. Sabe-se que uma disciplina ou exclusão promovida pela membresia forçaria demissão dos envolvidos.

(2) Salientou que em caso de novo desinteresse em resolver a lide o assunto sairia daquele contexto. A roupa seria lavada fora de casa. O que de fato começou a acontecer. De sorte que o recuo exigido, do cão sarnento, foi exatamente esse: parar já o que tinha sido iniciado, permitindo manobras que impediriam a implosão do corporativismo.

(3) Outro ponto que precisa ser destacado: os atos lesivos estavam sendo praticados por apenas uma pessoa, mas seu superior imediato, que fazia “tráfico de influência” externo perante fornecedores ficou “emparedado”. Não tinha idoneidade suficiente para agir. A velha história do rabo preso!

(4) A instituição, de uma maneira geral ficou em situação precária. Grande parte dos recursos que entravam era usada na própria instituição, mas em finalidades diferentes daquelas que seriam obrigatórias desde a origem.

(5) O cão sarnento, entre a espada e a parede, foi posto em “estado de férias”. Nada recebeu de recursos financeiros trabalhistas, saldo de salários, férias, nada! A ordem era forçá-lo ao desespero (voltaremos a isso). Logrou êxito em ação judicial e somente em 2003 (muitos anos depois) recebeu suas verbas rescisórias.

Como devem ter notado o texto de hoje tem como fito a tentativa de clarear alguns pontos e impedir que os maus sejam beneficiados, ao mesmo tempo em que os bons não sejam maculados.

O ponto positivíssimo nisso tudo foi o aumento significativo de visitas de “usuários únicos” no blog, além do número crescente e constante das visitas de usuários antigos. Lamentavelmente alguns comentários não puderam ser liberados e entre eles os postados por anônimos e usuários com identificação “laranja”. As observações postadas por pessoas cadastradas e que mostrem “a cara” serão publicadas. As ponderações por e-mail serão respondidas, desde que os remetentes se identifiquem de forma séria e que utilizem correios eletrônicos oriundos de provedores pagos.

Agradeço a todos que se solidarizam. Saibam que não estou praticando autópsia em cadáver velho, mas tentando mostrar às pessoas que é possível ser violentamente e injustamente massacrado e mesmo assim continuar acreditando na decência. O que é mais importante: poder (sempre) olhar para os familiares e para todas as pessoas diretamente dentro dos olhos.

Para aqueles que estão pleiteando (saudosos ou frustrados) mensagens reflexivas uma notícia: inaugurei um novo blog: CULTURA E RELIGIOSIDADE. O objetivo naquele espaço democrático será o de ponderar acerca da grande diferença que existe entre “religião” e “cultura religiosa”. Serão textos voltados apenas para assuntos ligados aos dois temas que intitulam o blog. O desenho da página por lá ainda é simples. Mais adiante usarei um “template” melhor.

Continua...
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