quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Omissão, de novo...

Neste domingo eu assistia no canal History Chanell ao documentário “a ascensão do mal” que trata da escalada de Hitler no nazismo até assumir politicamente todo o poder na Alemanha. O documentário é muito bom e assistir a ele é importante para quem quer novos vislumbres daqueles anos nefastos.

Uma frase me exigiu especial atenção: “a ascensão dos maus poderia ser evitada sem a omissão dos bons”. Que frase! A omissão, como muitos devem ter notado, é constante destaque aqui no blog. Faço da luta contra essa maldição uma motivação constante. É certo que os piores momentos da minha vida poderiam ser evitados ou minorados não fosse a presença da omissão daqueles que são considerados bons. Eu senti na pele o efeito da omissão.

É possível ser omisso e ainda assim ser bom? Acredito que sim. O medroso também. Existem pessoas que buscam fazer sempre o melhor até que o medo os lance nos braços da omissão. Medo? Sim o medo. Medo de perder a posição na qual se encontram. Medo do recomeço que poderá ser necessário. A mudança da omissão para a ação pressupõe conseqüência... e requer coragem. Coragem é sempre ausente no omisso.

Nem por isso o omisso costuma ser considerado do mal. Argumenta-se: ele apenas não se insurge contra o mal e, portanto, não colabora para o crescimento do mal. O omisso não impede a ascensão da maldade. Existe diferença entre colaborar e não impedir? Sim, existe. O colaborador é ativo e o omisso é inerte. O omisso não ajuda e não atrapalha.

No final a conclusão que se tem é que se o omisso tomasse atitude contra a ascensão do mal ele (o mal) dificilmente ocuparia o espaço que sempre ocupa.

No crescimento do nazismo o que se constatou foi a omissão das pessoas que certamente não concordavam com aquela excrescência. Imaginemos a massa se inflando contra a ascensão daquela política de extrema direita...

A história seria outra?

A omissão em seu reinado atual tem permitido a ascensão das mazelas, dos descasos religiosos e dos infortúnios familiares. No reino da omissão o mal sempre prevalecerá e o omisso acabará colhendo o seu merecido fruto.

A diferença entre aquele que age e aquele que permanece inerte não impedirá que ambos recebam a mesma recompensa. Afinal aquele que por ação ou omissão colaborar ou permitir a ascensão do mal será tido como culpado.

Há que se respeitar o que assume uma postura ativa. Pelo menos se sabe o que ele faz e assim fica menos difícil a defesa. Complicado mesmo é não saber que do lado pode morar o omisso que assistirá ao massacre sem nada fazer...

Enéias Teles Borges - Autor

Postagem original: 27/07/2008
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2 comentários:

Cleiton Heredia disse...

Assisti também a este documentário sobre Hitler e o achei muito interessante.

Quanto à omissão, Martin Luther King já dizia:

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

E mais:

“Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos”.

De certa forma todos nós somos de alguma forma omissos em alguma coisa. Por exemplo: quando assistimos a escalada da corrupção política neste país e continuamos alimentando o sistema com nossos impostos possibilitando que ela se perpetue, estamos sendo omissos. Porém, a gravidade da omissão é diretamente proporcional à influência e ao poder que temos em mãos para agir de forma efetiva. Sim, sou de alguma forma culpado de omissão quanto à corrupção do meu país, porém esta culpa seria imperdoável se esta corrupção se desenvolvesse no meu ambiente de trabalho onde minha influência e poder são muito maiores.

Alguém pode discordar de mim alegando que pagar os impostos, mesmo sabendo que eles são abusivos e serão utilizados de forma indevida por um bando de ladrões safados, é um dever de todo “bom cidadão”. Para estes eu faço uma pergunta: Você continuaria entregando os dízimos e ofertas numa igreja que você sabe com certeza que os utiliza para enriquecimento dos poucos que ocupam a cúpula do poder?

Para você que acredita que temos que fazer nossa parte e os outros que utilizam indevidamente os recursos que lhes entregamos é quem devem responder pelos seus atos, faço outra pergunta: Você continuaria dando mesada para seu filho sabendo que ele a usará para comprar drogas?

Tudo bem, sei que não podemos comparar as leis do estado, com as da igreja, que alguns afirmam serem as leis de Deus, e as regras que uma família adota para seus filhos, porém é inegável nossa participação em todos eles e consequentemente um diferente nível de omissão em que estamos envolvidos.

Alexandre - Condor disse...

"Para que o mal triunfe é necessário que os bons não façam nada!"
São várias as frases que dizem a mesma verdade.
Concordo com o Cleiton que, de certa forma, todos nós somos omissos em alguma coisa.Porém, podemos deixar de ser melhorando aquilo que estiver ao nosso alcance, ou seja, fazendo a nossa parte.
Recolher uma garrafa pet de um pequeno riacho não vai evitar a poluição no mundo, mas deixá-la lá com certeza irá contribuir para que ela aumente.

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