segunda-feira, 18 de maio de 2009

A TAL LIBERDADE...

Estive em Tremembé, cidade que fica pertinho de Taubaté. Motivo: exercer parte amarga de minha profissão - visitar um preso. É atividade que devo desempenhar com galhardia, mas confesso que não é muito fácil. Procurei seguir a rotina básica, saindo de São Paulo logo cedo e encarando a estrada. Das nove às onze horas eu fiquei no parlatório ouvido e falando, ouvindo e instruindo, ouvindo e pensando. E pensando no valor da liberdade...

Ali no presídio tudo é precioso. Uma carta que é recebida, uma visita de parente e até mesmo a presença do advogado. Sim, do advogado!

Penso que só há algo que pode sobrepujar a prisão do corpo. Somente a prisão da mente pode suplantar essa impossibilidade para ir e vir.

Um diferencial marcante que me faz refletir: as pessoas num presídio só podem sair após cumprimento da pena, indulto ou qualquer ato jurídico similar.

As pessoas que têm as mentes presas até poderiam exercer a liberdade. Muitas não fazem porque não sabem. Não sabem que estão presas. Cativas da alienação. Outras, num permanente estado de fuga, usam a prisão da mente, num exercício espontâneo de venda do livre pensar.

Enquanto o presidiário é cercado de muros e telhado o alienado permite a existência de muros e tetos virtuais. O preso físico estima a liberdade. A mente enclausurada não tem idéia do que seja tal estima.

Voltei de Tremembé pensando nisso. Que podemos, sim, alçar vôo! Num céu de brigadeiro dar asas à imaginação. É a tal liberdade...
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Postado anteriormente no dia 01/04/2008.
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Um comentário:

Sabrina Noureddine disse...

Parece que nosso mundo cada vez mais fabrica pessoas incapazes de refletir, apenas reproduzem o que ouvem nos programas de grande audiência do canal aberto, vivemos num grande mundo já descrito no livro "1984", o grande Big Brother... Aliás, parabéns pelo blog, manterei contato pois também gosto de filosofar... convido-o para visitar meu blog também...

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