Hoje cedo eu vi, num recanto paulistando, sob a passarela do metrô Santana, um casal de moradores de rua. Chovia naquele instante. Os trapos nos quais se guarneciam estavam dobrados e arrumados como se fossem roupa limpa. O homem esquelético estava sentado e a mulher, mais idosa que ele, bebia algo. Deixou metade e ofereceu ao homem magro, que recusou e agradeceu. Certamente ele queria beber um pouco, mas preferiu deixar tudo para a companheira.
Ali estava um casal que parecia dividir coisas. O que dividiam, efetivamente, era a miséria. Quem são eles? Dois seres humanos que vegetam e fazem parte dos sete bilhões de outros humanos vivos que povoam nosso planeta.
Ali estava um casal que parecia dividir coisas. O que dividiam, efetivamente, era a miséria. Quem são eles? Dois seres humanos que vegetam e fazem parte dos sete bilhões de outros humanos vivos que povoam nosso planeta.
Qual o sentido de tanto sofrimento, nesta vida curtíssima? Os religiosos, especialmente os partidários da fé cega e da faca amolada, possuem a resposta padrão. Resposta que se mostra vazia, quando confrontada com a "realidade nua e crua".
A grande realidade que quer se mostrar é bem objetiva: enquanto muitos dividem a miséria, outros dividem coisa melhor. Nada mais que isso. Muitos vivem mal e logo mais morrerão. Outros vivem bem e logo mais morrerão.
Injustiça?
Quem disse que o fato de viver neste mundo concede o direito a tal justiça?
Enéias Teles Borges
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