Um líder de igreja local resolveu visitar seu superior para lhe pedir conselhos. Seu comandante era um homem escolado, idoso e com muita experiência no trato dos fiéis. Lá chegando abriu o coração.
- Está muito difícil cuidar da igreja. Sou procurado todos os dias para dar conselhos, efetuar casamentos, funerais e muitas outras atividades afins. Tenho consolado as pessoas, mas preciso ser franco: não consigo acreditar mais naquilo que doutrino.
O ancião olhou para aquele jovem líder de igreja local e lhe disse:
- Quanto eu tinha a sua idade tive que enfrentar as mesmas situações e depois, como você está fazendo agora, aconselhei-me com um ancião. Vou lhe transmitir o mesmo que ele me ensinou e aquilo que faço até hoje.
- Ele me ensinou (prosseguiu o ancião) que nós temos uma missão especial, pois somos mais fortes que a maioria das pessoas. Ensinou-me que os fiéis, assim como nós, vivem num mundo cão. Vivem e sofrem, tendo como consolo a esperança da fé que professam. Percorrem o vale da sombra da morte cultivando uma convicção que nós transmitimos: a de que depois desta vida miserável haverá uma vida melhor.
- Imagine se nós (disse mais o ancião), que não cremos no que pregamos, começássemos a mostrar para eles a realidade da vida e da morte. Imagine se mostrássemos que depois desta vida horrível e curta não existe mais nada além do nada eterno...
- Siga o meu conselho (concluiu o ancião), o mesmo que recebi com a sua idade. Continue transmitindo a esperança. Mesmo sabendo que ela está escudada em ficção, continue até que você fique velho como eu. Transmita um pouco de alegria aos membros da sua igreja. Eles não possuem nada além da fé! Imagine se também deixassem de possuir a esperança...
Foi assim que aquele jovem pastor de igreja local, seguiu cumprindo a sua missão. A de oferecer fantasia, para combater a dura realidade da vida e da morte.
Por que tirar a esperança de um povo, quando não se tem nada melhor para colocar no lugar? No mundo religioso a ignorância quanto à verdade da vida e da morte é importante fator de esperança. A esperança não precisa coadunar com a verdade...
Enéias Teles Borges
Um comentário:
Jamais conseguiria fazer o que aconselha o velho líder de sua história por dois motivos:
1) Pregar uma esperança na qual não acredita é enganar e mentir deliberadamente.
2) Sou adepto do pensamento: "É melhor uma verdade que dói do que uma mentira que conforta".
Preferiria abandonar o meu posto e passar o bastão para alguém que realmente acreditasse.
Concordo que não se pode tirar a esperança das pessoas, mas isto não significa que eu precise alimentá-la e reforçá-la na mente dos outros caso não coadune com ela.
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