sexta-feira, 10 de junho de 2011

Na Colina do Velho IAE, quem diria?

Caros amigos e amigas,

O longo texto abaixo deve ser entendido como desabafo. Opinem, caso considerem importante opinar, especificamente sobre o tema que foi tratado.

Enéias Teles Borges

São Paulo, 31 de maio de 2011.


Notificação Extrajudicial – UNASP/SP

Prezados Diretores e Funcionários

Sirvo-me da presente para trazer ao conhecimento dos senhores o que adiante seguirá. Destaco, como introdução, que o fito primordial da presente Notificação Extrajudicial é simples e objetivo: conclamar a Instituição a uma reflexão e, num segundo momento, chamar à ação.

1. No dia 30 de maio do corrente ano, ocorreu neste Centro, mais uma vez, um episódio altamente constrangedor. Causa mal-estar não apenas o fato em si, mas a reincidência que, deletéria, insta em não ser combatida de forma peremptória.

2. Minha filha, Aline Maia Borges, que estuda nesta instituição há longos anos, desde o período pré-escolar, que concluiu o ensino médio no ano de 2010 e que no momento segue no Curso Técnico de Música, de Piano e de Violão no Conservatório Musical, foi surpreendida ao notar que sua bolsa foi violada. De tal ato resultou a subtração de valor em dinheiro, Bilhete Único utilizado no deslocamento da Faculdade “PUC” até este lugar de educação quase secular. Também foi furtado o seu aparelho dispositivo móvel celular.

3. É bom que se frise que o prejuízo material é o de menor importância neste momento. Ocorre que além de não ter sido a primeira vez é possível, numa singela mensuração, detectar que fatos nocivos e desta magnitude têm surpreendido outras pessoas que militam ou que estudam neste “campus”.

4. Um acontecimento desagradável, como este, traz gosto amaro à boca e à vida de uma pessoa, como no meu caso, que conhece muito bem este centro do saber. Trata-se de instituição de fabulosa reputação, mas que está a permitir arranhões em sua boa fama. Sabe-se que de arranhão em arranhão acaba-se por chegar à má fama indesejável e vexatória.

5. Algo precisa ser feito. Algo efetivo. Não apenas os apelos, não apenas as orações, não apenas a conscientização. Resta claro que esforços precisam ser envidados imediatamente. Não apenas em face da urgência, mas em razão dos princípios e postulados defendidos pela comunidade adventista. De que adianta “educar para a eternidade”, desprezando pontos importantes da educação do cotidiano? Quem não consegue se destacar no pouco (educação terrena), como lograria sucesso no muito (educação para a eternidade)? Seria, indubitavelmente, a essência da contradição, acreditar que a ineficácia no ínfimo não avilta a suposta eficácia dirigida às alturas...

6. Minha história na Instituição tem longa data: afinal além do ensino médio eu cursei a Faculdade de Teologia nesta escola. Minha esposa é enfermeira pós-graduada neste magnífico lugar, minhas duas filhas passaram todo o ensino regular nesta Colina e a mais nova segue usufruindo a qualidade ímpar deste meio tradicional, ao se dedicar ao aprendizado adstrito à boa música.

7. O que esperar, então, das pessoas que fazem parte deste contexto? Não importa se são funcionários ou alunos, visitantes ou afins. Todos os que ousam pisar o calçadão deste “lugar único” têm a obrigação de procurar viver à altura das tradições locais. Cumpre à Instituição adotar medidas preventivas e eficazes para que tal tradição seja inteiramente respeitada. Sem medo e sem omissão. O exercício da Lei se faz necessário. É sabido que a Lei existe para proteger os bons dos atos danosos promovidos pelos maus. Há, portanto, que se inibir a ação de pessoas que atentam contra os bons costumes e que têm praticado atos antijurídicos asquerosos. Não se discute o “quantum” material e sim o absurdo moral que acaba prevalecendo.

8. Creiam-me: é vergonhoso saber que tem ocorrido além da conta. Uma vez é muito, o que dizer de reiteradas vezes? Não é razão para que todos os que habitam este centro de excelência se sintam, como eu, profundamente envergonhados? Não é desagradável saber que as pessoas precisam se deslocar o tempo todo, inclusive rumo aos banheiros, lanchonetes, levando seus pertences, tão somente pelo medo da ordinária subtração? Eu ficaria satisfeito se soubesse que não sou único nesta escalada contra o mal. Seria importante que fosse dado um basta, de cima para baixo, da direção para os dirigidos. Ou será que os mais graduados estão se safando destes miseráveis ladrões de galinha? Sei, simplesmente porque sei: que os que possuem cargos já passaram, entre os muros do UNASP, por um momento estranho assim, em que alguém (ou mais de um), qual rato de esgoto que se esgueira, e com ares de vitorioso, tenha lançado mão do que não lhe pertence.

9. Saliento e saliento de novo: o menor problema é o dano material. Há que se tomar atitude coletiva. Afinal um delinquente não se inicia no mundo do crime praticando atos vultosos. Um ladrão de meia tigela de hoje, se não coibido, será o grande assaltante de amanhã. Razão pela qual aqueles que permitem os pequenos delitos do presente serão, de forma justificada, taxados merecidamente de culpados quando amanhã, aqueles que estiveram sob suas mãos começarem a praticar, em grande escala, o que “estagiaram” num lugar tão renomado. Aí não haverá diferença entre o bandido e aquele que se omitiu.

10. Tendo em mente tudo isso e crendo que o barulho desta minoria ruidosa e bandida está prevalecendo, principalmente, em razão do silêncio da maioria “do bem”, eu me propus redigir esta “apertada síntese”. O faço em forma de Notificação Extrajudicial (para que no futuro não se diga que não se sabia). Enviarei cópia às pessoas que, querendo, poderão tomar providências para que tais atos não mais se repitam, a saber: ao Reitor, à Diretoria local, inclusive à do Conservatório Musical, ao chefe de segurança e mais algumas pessoas de notável senso crítico e vontade de fazer as coisas certas, simplesmente porque assim devem ser feitas (refiro-me, por exemplo, ao pastorado da igreja, do campus e afins).

11. Faço questão de deixar claro que não ataco a reputação deste renomado Centro. Ao contrário disso eu me uno contra quem está jogando na lama tal conceito, que foi erguido a contar de 1915. Insurjo-me contra os que consideram os fatos ocorridos como inevitáveis e “comuns nos dias de hoje”. O erro (por menor que seja), jamais poderá ser tratado como algo corriqueiro em nosso meio e nisso acredito que estamos todos de acordo.

12. Renovo minha satisfação por ter sido aluno desta Escola, por ter sido funcionário na Colina e por ter sido, inclusive de forma pública, uma pessoa que jamais se omitiu no momento em que pessoas com propósitos escusos tentaram promover atos antiéticos e danosos ao velho IAE.

13. Renovo, muito mais, minha esperança de que haja um movimento contra o avanço de tais posturas iníquas. Aí será possível asseverar que, ao contrário da USP e outros centros acadêmicos, houve uma ferrenha luta para coibir a ação dos biltres, dos mesmos ordinários que só fazem, reiteradamente, aquilo que é contra o Direito, porque encontram facilidade para a prática repetitiva dos delitos.

Deixo, de forma atenciosa, meus protestos de estima e de consideração.

Enéias Teles Borges
Pai e Advogado

Fonte:
Cultura e Religiosidade.

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