quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ossário de Tiago, irmão de Jesus

Peritos negam que ossuário de irmão de Jesus seja falso

Depois de cinco anos de processo, Justiça israelense afirma que caixa mortuária de Tiago tem dois mil anos e encerra o caso

Ela pesa 25 quilos. Tem 50 centímetros de comprimento por 25 centímetros de altura. E está, indiretamente, no banco dos réus de um tribunal de Jerusalém desde 2005. A discussão em torno de uma caixa mortuária com os dizeres “Tiago, filho de José, irmão de Jesus” nasceu em 2002, quando o engenheiro judeu Oded Golan, um homem de negócios aficionado por antiguidades, revelou o misterioso objeto para o mundo. A possibilidade da existência de um depositário dos restos mortais de um parente próximo de Jesus Cristo agitou o circuito da arqueologia bíblica. Seria a primeira conexão física e arqueológica com o Jesus do Novo Testamento. Conhecido popularmente como o caixão de Tiago, a peça teve sua veracidade colocada em xeque pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). Em dezembro de 2004, Golan foi acusado de falsificador e a Justiça local entrou no imbróglio.No mês passado, porém, o juiz Aharon Far­kash, responsável por julgar a suposta fraude cometida pelo antiquário judeu, encerrou o processo e acenou com um veredicto a favor da autenticidade do objeto. Também recomendou que o IAA abandonasse a defesa de falsificação da peça. “Vocês realmente provaram, além de uma dúvida razoável, que esses artefatos são falsos?”, questionou o magistrado. Nesses cinco anos, a ação se estendeu por 116 sessões. Foram ouvidas 133 testemunhas e produzidas 12 mil páginas de depoimentos.

Especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Rodrigo Pereira da Silva acredita que todas as provas de que o ossuário era falso caíram por terra. “A paleografia mostrou que as letras aramaicas eram do primeiro século”, diz o professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). “A primeira e a segunda partes da inscrição têm a mesma idade. E o estudo da pátina indica que tanto o caixão quanto a inscrição têm dois mil anos.” O professor teve a oportunidade de segurá-lo no ano passado, quando o objeto já se encontrava apreendido no Rockfeller Museum, em Jerusalém.

Durante o processo, peritos da IAA tentaram desqualificar o ossuário, primeiro ao justificar que a frase escrita nele em araimaco seria forjada. Depois, mudaram de ideia e se ativeram apenas ao trecho da relíquia em que estava impresso “irmão de Jesus” – apenas ele seria falso, afirmaram.

A justificativa é de que, naquele tempo, os ossuários ou continham o nome da pessoa morta ou, no máximo, também apresentavam a filiação dela. Nunca o nome do irmão. Professor de história das religiões, André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, levanta a questão que aponta para essa desconfiança. “A inscrição atribuiria a Tiago uma certa honra e diferenciação por ser irmão de Jesus. Como se Jesus já fosse um pop­star naquela época”, diz ele. Discussões como essa pontuaram a exposição de cerca de 200 especialistas no julgamento. A participação de peritos em testes de carbono-14, arqueologia, história bíblica, paleografia (análise do estilo da escrita da época), geologia, biologia e microscopia transformou o tribunal israelense em um palco de seminário de doutorado. Golan foi acusado de criar uma falsa pátina (fina camada de material formada por microorganismos que envolvem os objetos antigos). Mas o próprio perito da IAA, Yuval Gorea, especializado em análise de materiais, admitiu que os testes microscópicos confirmavam que a pátina onde se lê “Jesus” é antiga. “Eles perderam o caso, não há dúvida”, comemorou Golan.

O ossuário de Tiago, que chegou a ser avaliado entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões, é tão raro que cerca de 100 mil pessoas esperaram horas na fila para vê-lo no Royal Ontario Museum, no Canadá, onde foi exposto pela primeira vez, em 2002. Agora que a justiça dos homens não conseguiu provas contra sua autenticidade, e há chances de ele ser mesmo uma relíquia de um parente de Jesus, o fascínio só deve aumentar.


Nota: Sendo verdade, e deve ser, é mais uma evidência do Cristo Histórico, a meu ver totalmente plausível. O anseio cristão, efetivamente é: o Cristo Histórico é também o Redentor, nos conformes da interpretação cristã? O povo não quer apenas o Cristo Histórico, mais importante é o Cristo Salvador. A arqueologia não terá dificuldades em provar o Cristo Histórico. O Cristo Redentor segue nos braços da fé...

Enéias Teles Borges
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Um comentário:

Francisco Charneca disse...

Se (SE) for verdadeiro o ossário e a inscrição nele encontrada, em nada faz mudar a crença Católica na virgindade de Maria, nem o facto de se considerar que ela apenas gerou Jesus Cristo.
Várias razões apontam nesta direcção, uma delas muito insuspeita - Mahomed, criador do Islão, atribui à sua mãe uma virgindade pós-parto depois mesmo de ser mãe por três vezes, numa inspiração colhida da história de Maria e Jesus. Isto, que tem a ver? Na verdade o Profeta do Islão bebeu do judaísmo e do Cristianismo a fonte para criar a sua Fé, colocando mesmo Jesus e Maria entre os escritos do Corão.
Outro indício, seria o Evangelho apócrifo de Tiago, mesmo não sendo reconhecido é inegávelmente fonte de muita da tradição Mariana da Igreja Católica,e que narra o nascimento, casamento e maternidade de Maria, que teria casado com José, então viúvo com filhos, sendo Tiago um deles.
Outra fonte não menos valiosa, é o Evangelho de João, que narra a entrega da Mãe de Cristo ao Apóstolo,no cumprimento das leis e tradições judaicas, onde o filho mais velho sobrevivo teria responsabilidade sobre a guarda e sustento de seu(sua) progenitor(a), e mesmo cunhadas e sobrinhos, por morte de um irmão. Ora se Jesus Cristo tivesse irmãos (de sangue - verdadeiros)era a eles que competia cuidar de Maria, e não a João, parente próximo de Jesus.

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