O livro Budapeste
Enéias Teles Borges
Semana passada li o livro Budapeste de Chico Buarque. Gostei muito e, portanto, indico ao amigo leitor. A revista Veja fez uma rápida crítica ao livro, que reproduzo parcialmente e ao final indico a fonte.
"Todo escritor mente. Não se trata de desvio moral, mas de exigência profissional: quem escreve falsifica sua identidade, criando uma persona de papel. José Costa, o narrador de Budapeste (Companhia das Letras; 176 páginas; 29,50 reais), vive de explorar ao extremo essa mentira. É um escritor anônimo, pago para produzir artigos de jornal, discursos, cartas de amor e monografias que serão assinados por outros. Com esse personagem, Chico Buarque construiu uma intrigante e por vezes engraçada especulação sobre identidade e autoria. Budapeste chega às livrarias com tiragem inicial de 50.000 exemplares, número respeitável para os padrões brasileiros. É o terceiro romance do compositor e cantor. Estorvo vendeu 165.000 cópias. Benjamin ficou em 60.000. Budapeste ironiza os sucessos de venda, no episódio em que José Costa se torna autor de um involuntário best-seller: O Ginógrafo, livro de memórias assinado pelo alemão Kaspar Krabbe (em tempo: o "ginógrafo" do título é um homem que tem a tara de escrever no corpo das mulheres). Apesar das iniciais kafkianas do personagem, não se repete aqui a atmosfera de pesadelo dos romances anteriores. Em seus melhores momentos, Budapeste é uma peça de humor quase carnavalesco, ainda que travestida com o figurino cinzento do Leste Europeu. A caminho de um congresso de escritores anônimos em Istambul, José Costa faz uma escala forçada na Hungria e fica fascinado pela língua magiar. Ele retorna à capital húngara para aprender o idioma e se torna amante de Kriska, sua professora. A partir daí, a narrativa desenvolve-se num contrastante vaivém entre Rio de Janeiro e Budapeste. "
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