A religião cristã ensina, aos seus adeptos, que o homem foi criado à imagem e semelhança do seu deus. Acredita-se que as demais religiões que cultuam divindades similares têm esse formato de imaginação no qual a criatura tem sua estrutura física e mental baseada na imagem do seu criador.
A questão que emerge é: todos os segmentos de fé adoram o mesmo deus? Esses aglomerados religiosos podem afirmar que adoram o mesmo criador, mas que interpretações equivocadas, oriundas de estudos torpes, sugiram divindades com aparências diferentes?
Esse assunto é interessantíssimo quando abordado com destemor. Destemor? Sim, pois é preciso o exercício da coragem para tentar interpretar os milhares de grupos religiosos que dizem adorar a determinado deus altíssimo. A cristandade, no caso em voga, acredita que adora o grande criador e que esse originador é o mesmo adorado por todos. A divergência existe na interpretação dada, aos escritos sagrados, postos à disposição das membresias durante séculos e séculos...
Podemos aceitar que imagens diferentes sejam da mesma divindade e que essas imagens divergentes sejam oriundas meramente da simplicidade e/ou complexidade do pensamento dos fiéis? Seria justo concordar com essa assertiva, vendo credos e mais credos sendo formados, mostrando um suposto criador poderoso que dispõe de mensagens exclusivas para cada grupo interpretativo? Afinal o homem de fé foi feito à imagem e semelhança do seu deus ou ele, por questões interpretativas que lhe convêm, possui um deus à sua imagem e semelhança?
Quero exemplificar: perto de minha casa (e creio que das casas da maioria no Brasil) existem aproximadamente trinta pequenas igrejas. Todas são independentes. Apenas um templo para cada uma. Num primeiro momento todas parecem iguais e com o mesmo propósito. Ao analisar a maneira como cada grupo descreve seu deus e a forma como ele se relaciona com os fiéis a percepção de que havia igualdade vai se esvaindo. Um desenhista, tentando pintar e emoldurar cada deus de cada grupo, não produziria a mesma imagem. Notaria que em cada suposto deus existem traços que são parecidos com os detalhes de cada agremiação...
Parece-nos restar claro que há uma confusão nessa imagem de deus. Existe também um aparente equívoco em afirmar que o homem foi feito segundo essa mesma imagem. O que se mostra mais evidente é que a imagem projetada por cada grupo tende a atender aos seus anseios: o de ter um deus sob medida, um deus que seja da forma como se quer, um deus à imagem e semelhança das supostas criaturas. Seriam, tais membresias, criadas ou criadoras?
Importante observar que quão mais complexa é a instituição de fé, mas complexo é o seu credo. Quão mais complexo é o credo, mais sinuosamente bela é a imagem do seu deus. Esse suposto criador, conforme a idade do grupo religioso, tem traços mais refinados e atitudes mais afinadas. Fica difícil desacreditar nas suas teorias. A descrença só vem pela observação: existem outros grupos, igualmente antigos, que também possuem teoria de consistência testada e aprovada. Mas tal consistência não se assemelha com outras consistências de outros grupos complexos. O que concluir?
Existe efetivamente um criador à imagem e semelhança da humanidade? Não teria essa humanidade se desunido e levado essa desunião para suas crenças? Essas crenças não tenderam a idealizar um suposto criador conforme suas mais íntimas necessidades? Essas necessidades iguais entre alguns, mas diferentes entre muitos, não teriam produzido um deus? Esse deus, afinal, não teria a imagem e semelhança de seus idealizadores?
É fiel retrato de um criador ou é a perspectiva de uma criatura criadora?
Enéias Teles Borges
Postagem original: 16/03/2009
A questão que emerge é: todos os segmentos de fé adoram o mesmo deus? Esses aglomerados religiosos podem afirmar que adoram o mesmo criador, mas que interpretações equivocadas, oriundas de estudos torpes, sugiram divindades com aparências diferentes?
Esse assunto é interessantíssimo quando abordado com destemor. Destemor? Sim, pois é preciso o exercício da coragem para tentar interpretar os milhares de grupos religiosos que dizem adorar a determinado deus altíssimo. A cristandade, no caso em voga, acredita que adora o grande criador e que esse originador é o mesmo adorado por todos. A divergência existe na interpretação dada, aos escritos sagrados, postos à disposição das membresias durante séculos e séculos...
Podemos aceitar que imagens diferentes sejam da mesma divindade e que essas imagens divergentes sejam oriundas meramente da simplicidade e/ou complexidade do pensamento dos fiéis? Seria justo concordar com essa assertiva, vendo credos e mais credos sendo formados, mostrando um suposto criador poderoso que dispõe de mensagens exclusivas para cada grupo interpretativo? Afinal o homem de fé foi feito à imagem e semelhança do seu deus ou ele, por questões interpretativas que lhe convêm, possui um deus à sua imagem e semelhança?
Quero exemplificar: perto de minha casa (e creio que das casas da maioria no Brasil) existem aproximadamente trinta pequenas igrejas. Todas são independentes. Apenas um templo para cada uma. Num primeiro momento todas parecem iguais e com o mesmo propósito. Ao analisar a maneira como cada grupo descreve seu deus e a forma como ele se relaciona com os fiéis a percepção de que havia igualdade vai se esvaindo. Um desenhista, tentando pintar e emoldurar cada deus de cada grupo, não produziria a mesma imagem. Notaria que em cada suposto deus existem traços que são parecidos com os detalhes de cada agremiação...
Parece-nos restar claro que há uma confusão nessa imagem de deus. Existe também um aparente equívoco em afirmar que o homem foi feito segundo essa mesma imagem. O que se mostra mais evidente é que a imagem projetada por cada grupo tende a atender aos seus anseios: o de ter um deus sob medida, um deus que seja da forma como se quer, um deus à imagem e semelhança das supostas criaturas. Seriam, tais membresias, criadas ou criadoras?
Importante observar que quão mais complexa é a instituição de fé, mas complexo é o seu credo. Quão mais complexo é o credo, mais sinuosamente bela é a imagem do seu deus. Esse suposto criador, conforme a idade do grupo religioso, tem traços mais refinados e atitudes mais afinadas. Fica difícil desacreditar nas suas teorias. A descrença só vem pela observação: existem outros grupos, igualmente antigos, que também possuem teoria de consistência testada e aprovada. Mas tal consistência não se assemelha com outras consistências de outros grupos complexos. O que concluir?
Existe efetivamente um criador à imagem e semelhança da humanidade? Não teria essa humanidade se desunido e levado essa desunião para suas crenças? Essas crenças não tenderam a idealizar um suposto criador conforme suas mais íntimas necessidades? Essas necessidades iguais entre alguns, mas diferentes entre muitos, não teriam produzido um deus? Esse deus, afinal, não teria a imagem e semelhança de seus idealizadores?
Qual a imagem de deus?
É fiel retrato de um criador ou é a perspectiva de uma criatura criadora?
Enéias Teles Borges
Postagem original: 16/03/2009
5 comentários:
É óbvio que deus foi feito à imagem e semelhança do ser humano. Inclusive, tem deus por ai feito à imagem e semelhança de outros bichos também. Gato, elefante, macaco... Cada um que escolha o bichinho de estimação que mais lhe agrade.
Segundo a teologia tradicional só podemos conhecer verdadeiramente a deus se este quiser se revelar.
Muitos dizem que na natureza encontramos evidências da existência de um deus, porém como é este deus e o que pensa a nosso respeito, só pode ser entendido se este próprio deus se dispuser a nos dizer.
É aí que está o grande problema! Muitas são as pretensas revelações sobrenaturais da divindade, bem como muito divergentes entre si. Os judeus possuem a sua revelação sobrenatural de Deus, os mulçumanos também, os cristãos uma outra que pegaram dos judeus e fizeram um "upgrade". Isto só mencionando os principais grupos monoteístas. Se formos abrir o leque para as religiões orientais, aí a coisa complica ainda mais.
Quem mais ousou "construir" deuses a imagem e semelhança do homem foram sem dúvida os pagãos. Os seus deuses brigam, matam, têm ciúmes, cometem incesto, adulteram, possuem inveja, ódio, mentem, enganam e são extremamente caprichosos.
Qualquer pessoa de bem com mínimo de inteligência não se sentirá confortável tendo que adorar deuses que moralmente parecem ser piores do que eles. Acredito que foi neste contexto que surgiu o monoteísmo dos hebreus com um conceito divino de superioridade moral, justiça, bondade e santidade projetadas no limite daquilo que o ser humano entende como o ideal máximo e inatingível.
É claro que um deus projetado num ideal tão perfeito só poderia ser mais poderoso que todos os demais. Com o passar do tempo já não batava que este deus fosse o mais poderoso, mas teria que ser também o único verdadeiro (os outros são apenas frutos da imaginação humana).
No passado as nações provavam que o seu deus era superior guerreando e subjugando seus inimigos. Até hoje a humanidade continua se digladiando no intuito de "provar" o seu deus é superior aos demais.
Tenho para mim que se deus realmente existe, ele deveria ser um pouco mais claro, direto e convincente em sua revelação sobrenatural, evitando assim tantos desentendimentos na tentativa de entendê-lo.
Como o Enéias disse em post anterior: Todos podem comemorar, pois estão certos!
Deus eh simplismente uma luz radiante que nos envolve numa grande energia que nos fortalece e nos forca a nossa Aura.e Deus nao tem uma imagem de um ser humano,um exemplo jesus nasceu do ventre de um ser humano e isso que fez ele nossa imagem.Deus eh a semente para tudo nesse mundo
entao vamos cultivar o que ele nos da
e tentar cuidar do lar do nosso pai
Olá,
me lembro de uma breve experiência em uma escola teológica protestante. A professora de "História da Igreja" tem falado sobre a trindade nas aulas anteriores e agora resolveu pedir aos alunos -um por um- uma definição. Nenhuma definição elaborada dos 25 estudantes era igual a outra e a professora não ficou satisfeita com ninguem!
Hoje em dia, quando vou aos sábados de manhã ao culto da IASD local, eu penso o seguinte:
Há umas 700 pessoas agora aqui, e pelo menos uns 400 (conceitos de) deus(es) diferentes estão sendo adorados. E ninguem se manca. O que importa é o devocional e só.
Mas isto é muito bizarro ... e não é nenhum motivo para comemorar ...
Outra coisa: Achei o termo "aglomerado religioso" muito engraçado. Gostei!
Abraços
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