quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fé cega e faca amolada - IV

Vencida a etapa do convencimento de que existe um criador vem, indubitavelmente, aquela que traz alento ao criacionista cristão: um deus pessoal e, portanto, cuidadoso e atento ao extremo. O criacionista cristão não defende o criacionismo simplesmente porque ele é o espelho da verdade. Defende porque quer vida em abundância. As teses criacionistas cristãs seriam ardorosamente defendidas sem essa bendita esperança? É possível enxergar um criacionista cristão que defenda suas teses apenas pelo compromisso com a verdade?

É bom considerar que a defesa do criacionismo sem objetivar qualquer recompensa seria ato de extraordinário altruísmo. Por outro lado a defesa de uma tese e em seguida o almejar constante pela “vida eterna” não seria expressão máxima de egocentrismo conjugado com egoísmo?

Sempre fico com uma dúvida imensa: a defesa do criacionismo é feita pelos comprometidos com a verdade ou por aqueles que não admitem a possibilidade do fim dessa miserável vida? Chamo a atenção para os criacionistas cristãos que se irmanam em torno dessa “verdade” e que fazem de sua vida uma rotina de supostas boas ações. Há algo de errado em tentar ser bom? Evidentemente que não! Mas qual é o objetivo primordial na busca incessante pelas boas maneiras? A recompensa que vem do cristianismo - uma das vias do criacionismo.

O problema que surge: no afã de desejar defender a própria pele muitos criacionistas cristãos se entregam numa luta insana contra aqueles que são ateus e os chamam de tolos e loucos! Os ateus instam em chamar, em contrapartida, tais criacionistas de medrosos, egoístas, egocêntricos e superficiais. Sim, superficiais! As teses criacionistas não descartam a fé como complemento das muitas lacunas. O uso da fé nessas lacunas causa incômodo imenso nos pensadores descompromissados com eternidade da vida pessoal. O confronto dos que têm fé com os que se escudam permanentemente e exclusivamente na ciência é embate sem nexo e com uso de “armas” diferentes e explosivamente desproporcionais...

Por outro lado os criacionistas cristãos não podem dispensar a fé. Tal fé preenche as muitas lacunas. Sem esse preenchimento não existirá um deus pessoal. E a existência desse ser cuidadoso é, sem dúvida, o grande agente motivador das teses das centenas de agremiações que se servem da “fé cega e da faca amolada”.

Continua...

Enéias Teles Borges
Postagem anterior: 19/02/2009

4 comentários:

Ricardo Cluk de Castro disse...

Ótima postagem.

O criacionismo é isso mesmo: a defesa da existência de Deus e de todas as vantagens que isso representa.

Bruno Zehetmeyr disse...

E as lacunas da ciência, não são preenchidas com fé? A teoria do multiverso, da macro evolução e todas as demais que nunca puderam e certamente não serão comprovadas, mas que são divulgadas como verdade absoltua, não têm como motor principal a fé?

Enéias Teles Borges disse...

Bruno,

Nós que temos vertente teísta precisamos aceitar um ponto: o ateu não está preocupado com lacunas. Ele apenas é claro em dizer que "não acredita na existência de Deus". As supostas lacunas serão preenchidas com o passar do tempo. Para ele que diferença faz a existência ou não de lacuna?

Para o ateu do passado a terra ser ou não ser o centro da terra era uma lacuna, que hoje foi resolvida, com o tempo e o avanço da ciência...

Enéias

Bruno Zehetmeyr disse...

Exatamente Enéias, os ateus se eximem de preencher lacunas e já partem do pressuposto que Deus não existe, e partem em busca de fundamentação pra isso e pronto. Exatamente como fazem os criacionistas, só que ao contrário. Esse é meu único ponto de desacordo com você. Você enxerga esse comportamento em grupos, e eu na espécie.

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